SPURGEON
“Se alguém não nascer
de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3)
Essa
ilustração se aplica a todos nós que estamos aqui presentes. Quase todos nós
usamos o nome de cristãos professos; vivendo na Inglaterra, você consideraria
uma desgraça se não fosse chamado de cristão. Você não é pagão, não é infiel,
não é nem muçulmano nem judeu. Você acha que o nome cristão lhe é devido, e
você o assumiu. Pois você pode ter certeza de que ser chamado de cristão não
equivale a ter a natureza de cristão, e que o fato de ter nascido num país cristão,
e ser conhecido como alguém que professa a religião cristã, não é garantia nenhuma
se não lhe for acrescentado mais alguma coisa – ser nascido de novo como súdito
de Jesus Cristo.
- Mas – diz
o índio, - estou disposto a renunciar às minhas roupas típicas para vestir-me
como um inglês. Vou me adaptar em tudo; você não verá nenhuma diferença em
relação à maneira usual neste país. Quando eu tiver me vestido como manda a
etiqueta, poderei vir à presença do rei? Veja, não vou brandir a machadinha,
vou tirar estas penas e roupas de couro, vou jogar fora meus mocassins para
sempre. Sou inglês de nome e na maneira de ser.
Ele se
aproxima do portão vestido como um inglês, mas este continua fechado, porque a
lei exige que tenha nascido neste país; sem isto, não importa como ele se
veste, ele não pode entrar no palácio. Assim também, quantos de vocês, além de
assumir o nome de cristão, também adotaram u m comportamento cristão? Vocês vão
às suas igrejas e capelas, frequentam a casa de Deus, cuidam que sua família
siga alguma forma de religião; seus filhos não ficam sem ouvir o nome de Jesus!
Até aí tudo bem. Deus não permita que eu diga alguma palavra contra isso. Mas
lembrem: isso não vale nada se vocês não vão além. Tudo isso não serve de nada
para granjear admissão no reino do céu se não for acompanhado de – ser nascido
de novo. Sim! Vocês podem se vestir com a pompa da vida cristã, colocar o chapéu
da benevolência, cingir-se de integridade, vestir os sapatos da perseverança e
caminhar pela terra como pessoas honestas e direitas; mas lembrem-se, se não
forem nascido de novo, “o que é carne é carne”, e você, que não tem o Espírito
atuando em você, ainda tem as portas do céu fechadas porque não nasceu de novo.
- Está bem –
diz o índio, - não só adotarei a maneira de vestir, mas aprenderei a língua.
Deixarei minha língua, o dialeto que eu falava nos campos e florestas da minha
terra. Não usarei mais o xu-xu-gá e os outros nomes estranhos com que chamava
os pássaros selvagens e os animais, e vou falar como vocês falam e agir como
vocês agem. Vou vestir-me como vocês se vestem, adotar suas maneiras, falar do
mesmo jeito, aprender seu sotaque e a gramática certa; então, poderei entrar?
Fiquei completamente anglicizado; não posso ser recebido?
- Não – diz
o guarda na porta, - só admitimos pessoas nascidas neste país; você não pode
entrar.
O mesmo
acontecerá com alguns de vocês. Vocês falam como cristãos, talvez com um tom um
pouco forçado. Vocês começaram a imitar tão bem que se consideram espirituais
até um pouco mais que os outros, e vocês se esforçam tanto que exatamente por
isso podemos perceber a falsificação. Mas para as pessoas em geral vocês parecem ser o tipo certo de cristão.
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