“Mas todos nós somos como o imundo...” (Isaías 64:6
A CONFISSÃO DESSA VERDADE: “Mas todos nós somos...”.
Caro leitor, todo meu esforço tem em
vista mostrar que o reconhecimento dessa verdade no íntimo vem de Deus, caso
contrário os homens viverão elevados às alturas da vaidade do pecado. Tenho
procurado mostrar que os grandes homens de Deus conheceram essa condição e
confessaram isso. É impossível conhecer o Senhor sem conhecer a nossa própria
miséria; sem perceber que a capa de justiça própria é arrancada e nossa
condição é vista em sua maldade e vileza. Quando Jó pode conhecer seu Senhor,
eis que imediatamente pode sentir sua própria abominação (Jó 42). O conhecimento
do Senhor é para a natureza maligna do pecado uma bebida amarga, terrível.
Porém, quão importante é isso! Sem
conhecer minha própria indignidade, minha culpa e minha total disposição para
viver na perversidade e impiedade, certamente jamais vou querer conhecer o
Salvador e a salvação. A vida natural só é confortável enquanto o homem vive
sem Deus no mundo (Efésios 2:12). A escuridão deste mundo é preferível para o
pecador, porque a luz do evangelho é aterrorizante para aqueles que amam as
trevas (João 3:20).
Enfim, é somente perante a verdade
chegando ao íntimo que o pecador pode confessar sua culpa, sua condição
pervertida e longe de Deus, para alcançar assim a salvação (1 João 1:9). Tal
confissão mostra o tipo de pessoa com quem Deus conversa e transmite Sua graça.
Os grandes homens foram tão pecadores como qualquer um de nós; foram nascidos
em Adão, no pecado assim como nós. Não há diferença (Romanos 3:22). Deixar os
homens entregues a si mesmos, vivendo sob o orgulho do pecado é terrível e
eterna punição. Conhecer seus pecados e sentir o horror de sua própria miséria
é o majestoso trabalho da graça. Veja amigo, o quanto isso é salutar para os
pecadores. Imagine alguém com um câncer sem, contudo saber de sua condição tão
mortal. Um médico seria realmente perverso se não mostrasse ao seu paciente seu
grave estado de saúde e lhe prescrevesse apenas um paliativo.
Ora, o evangelho de Deus não faz isso.
A lei de Deus funciona como um clínico geral, mostrando aos homens o estado de
horror no qual se encontra seu coração e sua sentença merecida de um eterno
condenado. Mas, que trabalho tão importante da lei, porque revela o que de fato
somos, a fim de nos impulsionar à confissão perante o Salvador e Senhor Jesus
Cristo. Nosso Senhor se agrada de pecadores assim; nosso Senhor veio ao mundo
para tratar com o terror do pecado no coração; o Filho de Deus se manifestou
para destruir as obras do diabo no coração. Então, quando o homem pela graça vê
sua própria miséria, é porque o Salvador está perto. Quantos pregadores hoje
querem esconder a situação dos pecadores! É triste isso, mas é pura verdade.
Quando Pedro negou ao Senhor é claro que ele se arrependeu de fato, mas o
Senhor não abrandou sua culpa. Ao aproximar em contrição, eis que Pedro
conheceu a face de amor e de aceitação do Senhor (João 21).
Caro leitor, nosso Senhor e Salvador é
o honesto médico da alma. Ele não traz paliativos, não encobre a situação do
pecador culpado. Ele é o Salvador bendito que tem consigo os perfeitos
elementos da salvação conquistada na cruz. Ele não abranda a culpa de ninguém;
Ele não lisonjeia o pecado, pois veio salvar homens e mulheres da escravidão e
miséria do pecado, tirá-los da condenação merecida que lhes espera no inferno e
levá-los para o céu. Isso significa que qualquer pessoa que encobre a sua
condição, não achará o Senhor e Salvador. É satanás quem se aproxima de alguém
assim, carregado de falsa humildade. Nosso Senhor não se aproxima porque alguém
é espiritualmente cheiroso e agradável por causa de sua religião. Ele se
aproxima porque é misericordioso, por isso Ele se achega aos pecadores que
estão no pó, em confissão, em busca desse Salvador.
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