quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O PÚLPITO



 Spurgoen
        Se existe um lugar abaixo do supremo céu mais santo do que outros, esse lugar é o púlpito onde o evangelho é pregado. Ele é o campo das Termópilas do reino cristão, onde deve ser travada a grande batalha entre a igreja de Cristo e os exércitos invasores de um mundo perverso. É o último vestígio do que nos foi deixado de sagrado. Hoje não temos altares – Cristo é nosso altar. Mas ainda restou o púlpito, um lugar onde é preciso descalçar os pés por ser santo. Consagrado pela presença de um Salvador, estabelecido pela clareza e força da eloquência de um apóstolo, mantido e preservado pela fidelidade e fervor de uma sucessão de evangelistas que, como estrelas, marcaram a época em que viveram, gravando nela seus nomes, o púlpito é legado àqueles que prestigiam tudo o que é grandioso e santo. Apesar disso, tenho visto homens impuros subindo e descendo dele. Que coisa terrível! Se existe um pecador de coração endurecido, esse pecador é o homem que peca e sobe no púlpito. Temos ouvido a respeito de um homem assim, que viveu cometendo os pecados mais abomináveis e que finalmente foi descoberto. Mas tal é a depravação da raça humana, que quando ele voltou a pregar, multidões se aglomeraram ao redor desse monstro somente para ouvir o que ele diria. Soubemos de casos, também, em que homens apanhados em flagrante insistiram, desavergonhadamente, em proclamar um evangelho que suas próprias vidas desmentiam. Talvez sejam estes os pecadores mais difíceis de se lidar. Porém, uma Vaz manchadas as vestes, longe do pregador pensar em subir ao púlpito! Aquele que ministra junto ao altar precisa estar limpo. Todo cristão precisa ser santo, mas ele, que busca servir a Deus, precisa ser o mais santo de todos. É lamentável dizer isto, mas a igreja de Deus, vez por outra, tem tido em seu meio um sol que era escuro em vez de brilhante, e uma lua que era uma mancha de sangue, ao invés de estar cheia de clareza e beleza. Feliz a igreja que recebe de Deus ministros santos, porém infeliz é a igreja presidida por homens iníquos. Conheço ministros em nossos dias que sabem mais sobre varas de pesca do que sobre capítulos na Bíblia, mas sobre caçar raposas do que sobre ir atrás de almas de homens, que entendem muito mais de primavera e rede de pesca do que de redes para pegar almas ou de exortações sérias para fugir da ira vindoura. Todos conhecemos indivíduos assim: são os mais agitados nas festas dos ricos, os mais barulhentos ao brindar e tilintar os copos, os mais afoitos entre os poderosos, os mais alegres, descontrolados e dissolutos. Pobre da igreja que permite tal coisa. Bendito será o dia em que essas pessoas forem expulsas do púlpito; então ele será “brilhante como o sol, claro como a lua e terrível como um exército cm suas bandeiras”.

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