terça-feira, 31 de julho de 2012

A Oração é Tão Vasta Quanto o Próprio Deus


por
Leonard Ravenhill
 

Os profetas da antigüidade, marcados por Deus, eram tremendamente conscientes da imensidão e da impopularidade da sua tarefa. Insistindo na sua própria ineficácia e insuficiência, e sentindo a pesada carga da mensagem de Deus, estes homens às vezes tentavam se livrar de tão grande responsabilidade sobre suas almas.
Moisés, por exemplo, tentou fugir do compromisso com uma nação inteira, argumentando ter uma “língua pesada” ou gaga. Entretanto, Deus não aceitou sua fuga e lhe deu um porta-voz em Arão.
Jeremias, também, arrazoou que era apenas uma criança. E, como no caso de Moisés, a desculpa não foi aceita. Pois homens escolhidos por Deus não são enviados a câmaras especiais da sabedoria humana – onde suas personalidades podem ser polidas ou seu conhecimento aperfeiçoado. Deus, pelo contrário, sempre encontra um jeito de fechar as saídas para eles e os deixar enclausurados consigo mesmo.
De acordo com o famoso poeta norte-americano, Oliver Wendell Holmes, a mente do homem, uma vez “esticada” através de uma nova idéia, nunca mais consegue voltar às suas dimensões originais. O que diríamos, então, da alma que ouviu o sussurro da Voz Eterna? “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6.63).
Nossa pregação é muito debilitada hoje, por se basear mais em pensamentos emprestados das mentes de pessoas mortas do que na inspiração do nosso Senhor. Livros são bons quando nos servem de guias, mas são péssimos quando se transformam em correntes.
Assim como na energia atômica, os cientistas modernos encontraram uma nova dimensão de poder, da mesma forma, a igreja precisa redescobrir o poder ilimitado do Espírito Santo. Precisa-se, urgentemente, de algo novo, a fim de dar um golpe na maldade desta era impregnada de pecado, e de abalar a complacência dos santos adormecidos. Pregações vigorosas e vidas vitoriosas precisam ser geradas através de vigílias prolongadas no recinto secreto de oração.
Alguém diz: “Ah, mas precisamos orar a fim de poder viver uma vida santa”. Isto está certo, mas do modo inverso, precisamos viver uma vida santa se quisermos orar. De acordo com Davi, “Quem subirá ao monte do Senhor? ... O que é limpo de mãos e puro de coração” (Sl 24.3,4).
O segredo da oração é orar em secreto. Livros sobre oração são excelentes, mas são insuficientes. Livros sobre cozinhar podem ser muito bons, porém se tornam inúteis se não houver alimentos para se fazer algo prático; assim também é a oração. Pode-se ler uma biblioteca de livros sobre oração e não obter, como resultado, nenhum poder para orar. Precisamos aprender a orar, e para isso, é preciso orar.
Enquanto estiver sentado numa cadeira, pode-se ler o melhor livro do mundo sobre saúde física e, ao mesmo tempo, ir definhando cada vez mais. Igualmente, podemos ler sobre oração, admirar a perseverança de Moisés, ficar espantados diante das lágrimas e dos gemidos do profeta Jeremias – e ainda não estar prontos, nem para o bê-á-bá da oração intercessória. Como uma bala de rifle que nunca foi usada jamais apanhará uma presa, tão-pouco o coração que ora sem carga do Espírito conseguirá em tempo algum alcançar resultados.
“Em nome de Deus, eu vos suplico, que a oração alimente vossa alma tal qual a refeição refaz seu corpo!”, dizia o fiel Fenelon. Henry Martyn, certa vez, afirmou o seguinte: “Meu atual estado de morte espiritual pode ser atribuído à falta de tempo e tranqüilidade suficientes para minhas devoções particulares. Oh, que eu fosse um homem de oração!”
Um escritor de tempos passados declarou: “Grande parte da nossa oração é como o moleque que aperta a campainha da casa, mas corre antes de se abrir a porta”. Disso podemos estar certos: A área de recursos divinos menos explorada até agora é o lugar da oração.
Qual o Potencial da Oração?
Quem pode calcular as dimensões do poder de Deus? Os cientistas fazem estimativas do peso total do globo terrestre, os estudiosos da Bíblia chegam a decifrar as medidas da Cidade Celestial, os astrônomos contam as estrelas no céu, outros medem a velocidade do relâmpago e dizem precisamente quando o sol se levanta e se põe – no entanto, é impossível estimar o poder da oração.
A oração é tão vasta quanto o próprio Deus, porque é ele mesmo que está por trás dela. A oração é tão poderosa quanto Deus, pois ele se comprometeu a respondê-la. Que Deus tenha compaixão de nós, por sermos tão gagos e hesitantes nesta que é a atividade mais nobre da língua e do espírito do homem. Se Deus não nos iluminar no nosso recinto privado de oração, andaremos em trevas. No tribunal de Cristo, o fato mais vergonhoso que o cristão haverá de enfrentar será a pobreza da sua vida de oração.
Leia este trecho majestoso do ilustre pregador do quarto século, Crisóstomo: “O imenso poder da oração já sujeitou a força do fogo; amarrou a ira de leões, acalmou as insurreições de anarquia, pôs fim a guerras, aplacou as forças selvagens da natureza, expeliu demônios, rompeu os grilhões da morte, expandiu os limites do reino dos céus, aliviou enfermidades, afastou fraudes, resgatou cidadãos da destruição, parou o sol no seu curso, e impediu o avanço do raio destruidor.
“A oração é uma panóplia (armadura) contra todo mal, um tesouro que nunca se diminui, uma mina que jamais poderá ser esgotada, um céu sem qualquer obstrução de nuvem, um horizonte imperturbado por tempestades. É a raiz, a fonte, a mãe, de incontáveis bênçãos.”
Estas palavras são mera retórica, tentando dar uma aparência superlativa a algo comum? A Bíblia não conhece tais engenhosidades humanas.
Oh, Por um Elias!
Elias era um homem experimentado na arte da oração, que alterou o curso da natureza, estrangulou a economia de uma nação, orou e o fogo caiu, orou e o povo caiu, orou e a chuva caiu. Precisamos hoje de chuva, chuva e mais chuva! As igrejas estão tão ressecadas que a semente não pode germinar. Nossos altares estão secos, sem lágrimas quentes de suplicantes penitentes.
Oh, por um Elias! Quando Israel clamou por água, um homem feriu a rocha e aquela enorme fortaleza de pedra se transformou numa madre, que deu à luz uma fonte de águas a dar vida. “Acaso para Deus há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14). Que Deus nos envie alguém que possa ferir aquela rocha!
De uma coisa estejamos certos: O recinto de oração não é lugar para simplesmente entregar ao Senhor uma lista de pedidos urgentes. A oração pode mudar as coisas? Certamente, mas, acima de tudo, a oração muda os homens. A oração não só tirou a desonra de Ana, mas a mudou – transformou-a de mulher estéril em frutífera, de pessoa tristonha em alguém cheio de gozo (1 Sm 1.10 e 2.1); de fato, converteu o seu “pranto em dança” (Sl 30.11).
Quem sabe, estamos orando para dançar quando ainda não aprendemos a lamentar! Estamos buscando uma veste de louvor, quando Deus disse: “... e dar a todos os que choram ... veste de louvor em vez de espírito angustiado” (Is 61.3, NVI). Se quisermos colher, a mesma ordem é dada: “Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126.6).
Foi preciso um homem de coração partido, que lamentava profundamente, como Moisés, para poder dizer: Ó Deus, este “povo cometeu grande pecado... Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste” (Êx 32.31,32). Somente um homem que sentisse uma profunda carga de dor, como Paulo, poderia dizer: “... tenho grande tristeza e incessante dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne” (Rm 9.2,3).
Se John Knox tivesse orado: “Dá-me sucesso!”, nunca mais teríamos ouvido falar dele. Porém, ele fez uma oração expurgada de desejos pessoais: “Dá-me a Escócia, senão eu morro!”, e assim marcou as páginas da história. Se David Livingstone tivesse orado para conseguir abrir o continente africano, como prova de seu espírito indomável e habilidade com o sextante, sua oração teria morrido com o vento da floresta; porém, sua oração foi: “Senhor, quando será curada a ferida do pecado deste mundo?” Livingstone vivia em oração e, literalmente, morreu de joelhos, em oração.
A solução para este mundo tão insaciável por pecado é uma igreja insaciável por oração. Precisamos explorar novamente as “preciosas e mui grandes promessas” de Deus (2 Pe 1.4). Naquele grande dia, o fogo do juízo haverá de provar o tipo, e não a quantidade, da obra que fizemos. Aquilo que nasceu em oração passará pela prova.
Na oração, tratamos com Deus e coisas acontecem. Na oração, fome de ganhar almas é gerada; quando há fome para ganhar almas, mais oração é gerada. O coração que tem entendimento ora; o coração que ora adquire entendimento. O coração que ora, reconhecendo sua própria fraqueza, recebe força sobrenatural do Senhor. Oh, que fôssemos pessoas de oração, tal qual Elias – que era um homem sujeito aos mesmos sentimentos que nós! Senhor, ajuda-nos a orar!
Extraído de um livro escrito por Leonard Ravenhill em 1959, Why Revival Tarries (Por que o Avivamento Demora).

DEUS – PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL (1)



Mas com inundação transbordante, acabará de uma vez com o lugar desta cidade; com trevas perseguirá o Senhor os Seus inimigos” (Naum 1:8).
         Amado leitor, cabe a mim expor a Palavra da verdade perante todos; não posso escolher pregar o que acho que deve ser pregado; nem pregar aquilo que os homens querem ouvir. A ordem do Rei aos Seus arautos é que eles preguem a palavra. Quanta ignorância a respeito de Deus em nossos dias! Como satanás tem se aproveitado para difundir uma divindade humanizada e bem adaptada aos caprichos do homem moderno, tão mundano, egoísta e pervertido!
         O assunto que estarei trazendo para todos nos próximos dias em nada é agradável à nossa natureza, tão acostumada a beber das águas contaminadas das heresias modernas e tão acostumada a saciar seu estômago com os manjares humanistas salpicados de versos bíblicos. Certamente é minha responsabilidade trazer a todos o conhecimento do verdadeiro Deus. Não há dúvida que esta atual geração precisa ouvir que o Deus que se revelou é grande Senhor; que a Ele pertence a salvação (Jonas 2:9); que Ele é glorioso Nele mesmo, Auto suficiente, Soberano em tudo.
         Ora, não preciso divagar em assuntos confusos; não tenciono discutir temas que satisfazem a curiosidade dos homens. Fui chamado para pregar o evangelho da glória de Cristo (2 Coríntios 4:4). Onde brilha a verdade da cruz não há lugar para orgulhosos discursos, nem para temas discutíveis. Onde Deus é visto como Deus, assentado em Seu trono de glória, certamente o homem é posto em seu devido lugar – o lugar de verme, de um real merecedor do castigo eterno por sua culpa em Adão. Onde brilha a luz do evangelho da glória de Cristo, os homens silenciam, emudecem: “Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra; cale-se diante dele toda a terra” (Habacuque 2:9).
         O livro escrito pelo profeta Naum trata da destruição da capital dos Assírios – Nínive. Anos haviam passado quando Jonas andou por toda aquela cidade anunciando que Deus certamente iria castigá-la, caso eles não se arrependessem. A compaixão de Deus foi derramada do céu sobre toda aquela população e ocorreu algo inaudito, diria até surreal, porque toda cidade se arrependeu. Naquela visitação misericordiosa do Senhor por aquele povo a Mão de misericórdia do Senhor segurou Sua Ira e Deus adiou o castigo.
         Mas o livro de Naum mostra um cenário de Ira, não de compaixão, porque anos depois Deus trouxe o castigo sobre aquela corrompida, perversa e maligna população. O livro de Naum inicia-se com uma apresentação de Deus em Sua Ira, como o Senhor dos Exércitos. Deus é visto como Aquele que está em contínua atuação contra os Seus inimigos, por isso Nínive seria destruída. Os instrumentos da Ira divina são muitos. Deus surpreendeu aquela cidade com uma poderosa investida de um exército inimigo, invadindo e destruindo toda população, e assim para sempre a Assíria foi destruída.
         Caro leitor, esses anúncios a respeito das atuações de Deus contra nações no passado foram registrados para mostrar que é essa a soberana atuação de Deus contra os Seus inimigos. Por essa razão é que trago esse tema: DEUS – PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL. Os homens modernos precisam saber que o Deus da bíblia é imutável; que aqueles que vivem em seus pecados são inimigos Dele. Homens modernos precisam saber que estão enfrentando e vão enfrentar esse Deus na Ira Dele e que Ele, com trevas persegue Seus inimigos.
         Todo meu objetivo tem em vista a nossa humilhação; que corações soberbos sejam derretidos; que vasos de barro sejam quebrados pelo Oleiro; que falsos crentes busquem verdadeiro arrependimento, porque Esse Deus é Deus de compaixão e dá vazão a essa misericórdia quando homens e mulheres se humilham agora, antes que sejam humilhados para sempre.
         Enfim, homens e mulheres conhecerão a realidade da cruz quando forem visitados pelo Salvador. Esse Deus que persegue Seus inimigos é o mesmo Senhor que se inclina para conversar com homens e mulheres arrependidos e humilhados.
        
        

PODE O SALVO PERDER A COMUNHÃO COM DEUS? (1)





INTRODUÇÃO:


         Creio que são poucos os crentes que desconhecem a doutrina da comunhão do salvo com Deus e que há perigo do crente perder essa comunhão. A doutrina da comunhão, conforme tem sido ensinado, difere da doutrina da salvação no fato que a salvação não pode ser perdida, mas a comunhão sim. Aos crentes é ensinado que o pecado aceito na vida, anula aquela comunhão íntima que o crente tem com seu Pai eterno e que somente uma sincera confissão e pedido de perdão fazem com que o gozo da comunhão retorne.
Será que devemos aceitar tal ensino sem que antes o perscrutemos bem para ver se realmente está revestido do puríssimo mel da verdade bíblica? Será que devemos aceitar tal ensino sem que antes façamos uma análise de toda Escritura, à semelhança dos Bereanos para ver se as coisas ditas são de fato palavras vindas do Espírito de Deus ou se o mel é falsificado e assim misturado com o “açúcar” das maquinações humanas?
O termo “comunhão” é a tradução da palavra grega “koinonia”. Nessa forma ela aparece 18 vezes no Novo Testamento. Esse vocábulo vem de uma palavra que significa “comum”. Os judeus conheciam bem esta palavra e  aplicavam-na a tudo aquilo que não era santo e separado. Por exemplo, em Atos 10:13-15 quando Pedro teve a visão do lençol no qual continham os animais. Pedro como um judeu bem tradicional reconheceu que aqueles animais vistos eram todos qualificados como imundos conforme a linguagem de Levítico 11. Pedro chama-os de “comum e imundo”. A palavra usada por Pedro para “comum” é de onde vem a nossa palavra “comunhão”. A idéia que transparece ali é que não era algo separado, ou santificado, mas que era exposto a todos os que não eram judeus e assim usados na alimentação deles.
Nesse sentido vemos que comunhão, aplicada a família de Deus, significa que aquilo que era apenas restrito ao Pai e ao Filho passa a ser também de homens e mulheres que se tornam filhos de Deus ao crerem em Jesus o Filho de Deus (João 1:12). A palavra também significa “sociedade, intimidade”, e era usada nos papiros para referir à relação conjugal. Na comunhão de uma família é que podemos aprender exatamente que “comunhão” na família de Deus é tornar-se participante daquilo que somente os santos de Deus têm direito, o qual jamais hão de perder, justamente por serem filhos legítimos. Eu tenho 3 filhos e eles são partícipes da comunhão da família constituída na união que houve entre eu e minha esposa. Nada, a não ser a morte poderá afastá-los desse laço familiar que nos une nessa comunhão.
Ora, comunhão na Bíblia trata de relacionamento familiar, Deus, o Pai lidando com aqueles que pelo Novo nascimento tornaram-se seus filhos (João 1:13). Aqui neste mundo a única coisa que pode anular um vínculo familiar é a morte. Na família de Deus não pode haver morte, porquanto todos os salvos possuem vida eterna, sendo assim, o laço de comunhão é eterno e impossível de ser quebrado.
Neste pequeno tratado doutrinário quero apresentar a minha conclusão bíblica de que é impossível o crente perder a comunhão com Deus. Sei que estarei mexendo com muitos que vão ter vários argumentos contra essas minhas deduções; sei também que não poderei jamais satisfazer a todos, mas isso não impede que eu procure expor a verdade conforme está escrito a fim de que possa orientar os santos pelo caminho claro onde o Espírito de Deus quer guiá-los, e assim livrá-los de erros que trazem embaraços para o caminhar dos verdadeiros crentes pelo caminho de luz onde, pela graça, foram colocados.

O QUE DEVEMOS ESPERAR NESTE MUNDO



“Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo. Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Apocalipse 22:10-12).

         Caro leitor, quão precioso deve ser aos corações receber a preciosa verdade revelada aos santos! Estes dias maus e perversos tendem a manipular nossas mentes, a fim de que sejamos insensatos, estultos no julgamento das coisas que estão acontecendo perante nossos olhos. Estou certo que muitos corações estão aflitos e perturbados ante os acontecimentos destes dias. O que devemos esperar neste mundo? Haverá uma mudança? Os homens melhorarão? Haverá paz na sociedade? Cristo há de retornar já?
         Nas palavras ditas pelo nosso Senhor na passagem acima citada, Ele mostra o que realmente devemos estar certos que de fato irá acontecer. Como é preciosa e infalível a Palavra de Deus! O que mais me assusta é ver que aqueles que confessam crer na Palavra da verdade desprezam essa verdade dia a dia, quando negligenciam a revelação divina por estarem ocupados com os entretenimentos mundanos.
         Quero auxiliar o leitor na visão deste texto de Apocalipse, por ser uma passagem digna de nossa séria observação. Nas palavras de nosso Senhor vemos que Ele determinou o que de fato há de acontecer. Ele claramente mostra que devemos esperar o findar do nosso tempo aqui. Ele afirma: “...o tempo está próximo.” (verso 10). Que consolo para os corações santificados! As almas mundanas estão com suas unhas cravadas nas ocas promessas de um mundo melhor; os pródigos correm em busca daquilo que é vil e passageiro; vivem sonhando para depois acordarem no sofrimento, porque desconhecem que a recompensa do pecado é a triste e inconsolável morte (Romanos 6:23).
         Os crentes devem estar cientes que estamos numa contagem regressiva. Cada dia que passa mais perto estamos de contemplar o Rei face a face; de chegarmos ao nosso lar e estarmos perfeitos para sempre. Santos de Deus vejam como o tempo trabalha em nosso favor! Vejam o fulgor deste mundo se transforma em trevas eternais à medida que vamos andando! Vejam como temos sido transportados de glória em nosso trajeto até aqui, mediante a força dessa graça maravilhosa!
         Outro detalhe de suprema importância é o fato que nossas vidas, individualmente podem chegar ao fim. Nosso Senhor poderá não voltar, mas Ele certamente estará atraindo muitos santos por meio da morte. A prosperidade tão propagada ultimamente ignora que é preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus santos (Salmo 116:15). Os que já partiram são bem-aventurados! Eles foram retirados desse palco de dor e pecado. Não posso esquecer-me de uma irmã que dizia ao seu querido esposo que estava muito enfermo: “O Senhor vai libertar você desta situação”. Realmente ela pensava na cura física do seu marido, pois ela queria tê-lo perto. Mas o Senhor levou seu querido para o lar; ele realmente foi liberto daquela situação para sempre.
         Amado leitor, todo programa atual neste mundo, até mesmo no meio chamado evangélico, sugere um mundo melhor, perfeito, adaptado a todos. O deus deste mundo tem passado sonhos e fantasias, por isso fujamos de Sodoma e Gomorra! Como Abraão e Sara estejamos longe da zona de destruição. Milhares têm sido destruídos como a mulher de Ló.
         Amado leitor, o tempo está próximo, fixemos a atenção naquilo que é eterno. Nosso Senhor veio ao mundo para buscar e salvar perdidos (Lucas 19:10); veio para arrancar pela raiz os Seus deste mundo pervertido. Se você leitor é alguém que já foi salvo e redimido pelo sangue precioso, certamente tal verdade é um bálsamo ao seu coração. Mas se há um leitor duvidoso, uma alma aflita, em busca da verdade, precisa saber que o Salvador está perto de todo aquele que O invoca em verdade. Cristo salva perfeitamente o pecador que invocar o Seu Nome para ser salvo da condenação eterna (Romanos 10:13).

SERVOS DA JUSTIÇA (2) - SERVIDOS PELA PERFEITA JUSTIÇA


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TEXTO CHAVE: “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” 2 Coríntios 5:21.

INTRODUÇÃO:           O livro do profeta Daniel tem sido um dos mais queridos livros da bíblia, tanto pela sua profecia como pela sua história. No cap. 5 vemos a narrativa de um dramático acontecimento que ocorreu com o rei Belsazar e que pôs um ponto final no poderoso império babilônico.
         O profeta Daniel fora chamado para interpretar o que foi escrito na parede por aquela mão sobrenatural. Aquele breve escrito paralisou repentinamente a festa pagã e impiedosa promovida por aquele orgulhoso monarca. Em lugar de algazarra, bebedeira e luxúria, o recinto foi tomado por um verdadeiro terror. O que estava realmente dizendo aquele enigma que desafiava qualquer intérprete? Mesmo com tanta riqueza cortejando os corações presentes, foi impossível achar alguém entre os ilustres súditos do rei, até que o ignorado judeu entrou em cena. Parece que o rei mais interessava na interpretação e não na seriedade daquilo que fora dito na interpretação do profeta. Belsazar não sabia que o palácio estava cercado pelo exército medo-persa e que ele seria morto naquela mesma noite, como de fato veio a acontecer.
         Mas o que nos interessa aqui é o que foi dito pelo profeta na segunda palavra escrita: “TEQUEL”: “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. O que significava aquilo para o rei? Ausência de justiça conforme o padrão de Deus, por isso o juízo certamente cairia sobre sua cabeça.
                                                       
                                      AUSÊNCIA DE PERFEITA JUSTIÇA
         A triste história da raça humana é que perante Deus homens e mulheres, todos em todos os lugares deste planeta carecem de justiça. A triste verdade é que habitamos num mundo onde reina a injustiça. O padrão que Deus requer para que o pecador seja salvo é perfeita justiça. O padrão exigido não é de uma igreja, nem pode ser a opinião particular, nem tampouco da vida religiosa de cada um. O Justo Juiz do universo, o Glorioso Senhor em Seu perfeito juízo, colocou toda raça sobre Sua perfeita “balança da justiça” e todos, à semelhança de Belsazar, foram achados em falta. O Espírito Santo anuncia por boca de Paulo em Romanos 3:10: “Como está escrito: não há justo, nem sequer um”. Que triste fato!
                                              
                                      PERIGO DA JUSTIÇA PRÓPRIA
         A realidade religiosa em nossos dias proclama em alto e bom som que há uma urgente necessidade da doutrina bíblica da justificação pela fé em Cristo. O humanismo que tem assolado o mundo tem transportado sua influência perniciosa para os recintos sagrados. Grandes partes daqueles que afirmam ser crentes em Cristo está confiando em seus atos meritórios de justiça.  Satanás procura sempre banalizar a doutrina da salvação, e ele o faz furtivamente atraindo a justiça humana para dentro das igrejas. A grande preocupação com números tem feito com que pastores e pregadores adociquem suas mensagens adaptando-a aos gostos da multidão.
         Quão perigoso é isso! A natureza humana que é avessa à verdade bíblica odeia a Justiça que há no filho de Deus. Prefere continuar cobrindo sua nudez espiritual com “folhas de figueira” das atividades religiosas, especialmente em círculos
                                                                 

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evangélicos. A verdade da justiça própria fica tão encoberta que as pessoas não se apercebem dos perigos, e assim continuam achando que estão salvas. Entretanto, nunca conheceram a Misericórdia de Deus; nunca foram despidos do seu orgulho próprio; nunca conheceram a Cristo como realmente o seu Salvador, porquanto jamais viram sua própria condenação.
O EFEITO DESASTROSO NO VIVER
         Quem jamais soube o que significa “invocar o Nome do Senhor” para ser salvo, não poderá ser um representante da perfeita justiça do Filho de Deus neste mundo. Muitos que estão de forma encoberta, confiantes em sua própria justiça são pessoas excelentes, trabalhadoras, honestas e religiosamente sinceras. Mas não esqueçamos que homens no pecado podem ter naturalmente excelentes qualidades no viver, e ainda assim continuam debaixo da condenação.
         Deus afirma que a justiça humana não passa de “trapo de imundície” (Isaías 64:6). Sem conhecer pela fé a Justiça de Cristo imputada ao pecador que Nele crê, não há possibilidade alguma da pessoa expor essa justiça em sua maneira de viver diariamente. Algumas razões:
1.           Desconhece o Deus de misericórdia, que visita o “pobre de espírito” (Mateus 5:3) quando este se encontra na aflição do pecado. Na justiça própria a pessoa confia na sua própria fé, porquanto está estribada em seus próprios recursos..
2.           Nunca houve “fome e sede de justiça” (Mateus 5:6). Não houve um vívido interesse pela Verdade revelada. Sempre estará se escondendo quando a Palavra de Deus chega como “fogo” ou “martelo”, descobrindo sua verdadeira condição no coração.
3.           Nunca será “perseguido por causa da justiça (Mateus 5:10). A perfeita Justiça de Cristo no salvo é motivo de zombaria e de escárnio por parte do mundo. Este reino de mentiras detesta essa Justiça que é manifestada no viver daquele que é crente. Agora tal pessoa há de glorificar a Cristo no seu viver. Sua religião agora é mostrada pela sua piedade e temor ao Senhor.
4.           Não tem estrutura para crescer em justiça e santidade (Efésios 4:24). Aquele que  confia em suas obras disfarçadas, normalmente é atraído por cultos que atraem a carne, ou mesmo, sempre estará em busca de novidades, sem falar aqui de tanto mau exemplo e escândalos que aparecem hoje “em nome de Jesus”. Exatamente nos tempos difíceis, quando a mentira religiosa sobressai e avoluma a maldade humana, é que há de brilhar o viver do justo.

A JUSTIÇA DO JUSTO IMPUTADA AO PECADOR
“Sendo, pois, justificados pelo seu sangue, seremos por Ele salvos da Ira” (Romanos 5:9).
         Essa doce mensagem da justificação prevalece em toda Escritura! É a melodia da Graça tão receptiva aos ouvidos da genuína fé. Deus publica em Sua Palavra a lista de homens pecadores que simplesmente depuseram sua confiança no sangue remidor para que fossem aceitos como justificados. Maravilha! Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, e outros milhares creram no poder justificador do sangue do Cordeiro. Tanto no Velho como no Novo Testamento ressoa a seguinte mensagem: “Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça”. Vamos checar tal verdade?
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A Palavra de Deus mostra a triste condição do homem no pecado. Paulo toma judeus e gentios e os coloca na mesmíssima situação: “... Não há justo, nem sequer um” (Romanos 3:10). Todos são postos no mesmo “pacote” de condenados: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Que decepção para os orgulhosos judeus! Eles viviam se gabando da sua posição religiosa. Que decepção também para aqueles que confiam em seus méritos morais e religiosos! Muitos vivem religiosamente enganados e caminham para a perdição eterna.
         Mas eis que Paulo traz a lume a boa nova aos corações famintos e sedentos da verdadeira justiça, que os pecadores são “justificados gratuitamente mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24). Eis aí a mais maravilhosa notícia que os pecadores precisam ouvir!
         O que significa isso? Simples! O que temos em nossa conta diante de Deus? Débito e mais débito. A nossa ficha criminosa contra Deus e Sua lei vem do céu até a terra. A lei de Deus afirma que nossas bocas devem estar fechadas. Ela afirma que todos são condenados perante Deus (Romanos 3:19). Todos são dignos do inferno! Mas, quando o pecador ouve a Palavra da verdade e confessa a Cristo como seu Senhor e Salvador, o que acontece? Na sua conta é imputada a perfeita justiça do Filho de Deus.
         Impressionante que Paulo toma as Escrituras do Velho Testamento para discorrer essa doutrina. Por exemplo, ele toma o Salmo 32:1e2: “Bem aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado”.
         Eis aí a preciosa e refrescante verdade para os corações que realmente foram a Cristo em busca de sua salvação! A Justiça de Cristo atribuída ao salvo indica que não há mais débito; não há mais condenação; não há mais perigo que possa causar temor. Não há mais inimizade, nem ira de Deus contra o salvo.
         Que fiquemos plenamente cientes que nada houve em nós que causasse qualquer impacto no coração de Deus. Os méritos estão somente e tão somente no sangue remidor, como afirma uma estrofe de um antigo hino:
                            Pra minha justificação, o esforço meu foi todo vão.
    Perante Deus só tem valor, o sangue do meu Remidor.
         Apropriemo-nos dessa tão bendita verdade para nosso perfeito descanso na alma. Vejamos o que Deus enfatiza a respeito da Justiça Dele em Sua Palavra:
1.      Quando Deus está profetizando em Isaías a perfeita Salvação que enviaria ao mundo por meio do Seu Servo, Ele diz: “... a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será anulada” (Isaías 51:6). Ainda: “... mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação para todas as gerações” (Isaías 51:8).
2.      Os que conhecem tal fato podem afirmar: “Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar eu me satisfarei com a tua semelhança” (Salmo 17:15).
3.      A perfeita Justiça do Filho produz paz ao coração a absoluta certeza da sua segurança eterna: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1).
4.      Pedro sabia que sua salvação era baseada nessa verdade comum a todos os crentes: “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2Pedro 1:1).
5.      A reação do crente diante dessa tão sublime verdade: “Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração” (Salmo 32:11).
PERGUNTAS:
6
1.    Você pode explicar o que significa “justiça imputada”?
2.                                                                                                                                                                            
2            O evangelho que você conheceu foi o Evangelho da Justiça de Cristo, ou foi outro evangelho?

Pela fé você descansa inteiramente na justiça de Cristo, ou em seus atos religiosos de justiça?’
3                                                                                                                                                                             Leia Isaías 64:6 e explique como Deus compara a justiça do homem?
4                                                                                                                                                                             Descreva a pureza de Cristo em 1Pedro 2:22 e 23.
5                                                                                                                                                                             O que você acha que mais falta na mensagem do evangelho em nossos dias?
6            Por que uma pessoa bondosa e religiosa não pode ser aceita por Deus em seus méritos próprios?