terça-feira, 17 de julho de 2012

ENRIQUECENDO-SE COM A BÍBLIA ( 8) Pink



 O indivíduo se beneficia do estudo das Escrituras, quando elas lhe revelam a sua Necessidade de Cristo.
O homem, em seu estado natural, se considera autosuficiente. Naturalmente que ele tem uma apagada percepção de que nem tudo está perfeitamente certo entre ele mesmo e Deus; no entanto, não tem dificuldade alguma, para persuadir a si próprio de que é capaz de fazer aquilo que propicie a Deus. Isso faz parte do fundamento mesmo da religião de todo o homem, e que teve início em Caim, e em cujo "Caminho" (Judas 11), as multidões continuam andando. Basta que se diga ao homem religioso comum que: "... Os que estão na carne, não podem agradar a Deus" (Romanos 8:8), Para que esse homem se sinta imediatamente ofendido. E basta que se pressione sobre ele o fato de que: "... Todas as nossas justiças (são) como trapo de imundícia" (Isaías 64:6), Para que sua urbanidade hipócrita, imediatamente dê lugar à ira. Assim acontecia nos dias em que Cristo estava na terra. O povo mais religioso de todos, os judeus, não tinha qualquer senso de que eles estavam "Perdidos", como também da urgente necessidade de um Salvador Todo-poderoso. "Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes" (Mateus 9:12).
Faz parte do oficio específico do Espírito Santo, mediante a Sua aplicação das Verdades bíblicas, o convencer os pecadores de sua desesperadora situação, para que assim possam perceber, que o seu estado é tal que: "Desde a planta do pé até à cabeça, não há nele cousa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo" (Isaías 1:6). Mas, na proporção em que o Espírito nos convence de nossos pecados – de nossas ingratidões contra Deus, de nossas murmurações contra Ele, de nosso afastamento para longe dEle – e à medida em que nos impressiona com as reivindicações de Deus – os direitos que Ele tem ao nosso amor, à nossa obediência e à nossa adoração bem como de nossas tristes e fracassadas tentativas de prestar-Lhe aquilo que Lhe devemos, então somos levados a reconhecer que Cristo, é a nossa Única esperança, e que, a menos que nos abriguemos Nele, qual refúgio, a justa indignação de Deus, mui certamente haverá de cair sobre nós.
Entretanto, não devemos limitar isso à experiência inicial da conversão. Quanto mais o Espírito Santo aprofunda a Sua obra graciosa na alma regenerada, tanto mais o indivíduo se torna cônscio de sua própria corrupção, de sua pecaminosidade e de sua vileza; e percebe ainda mais a sua necessidade de dar valor, àquele precioso sangue que o purifica de todo pecado. O Espírito Santo está aqui a fim de glorificar a Cristo; e uma das principais maneiras pela qual Ele faz isso, é abrindo mais e mais os olhos daqueles em favor de quem Cristo morreu, para que percebam quão apropriado é Ele, para criaturas tão miseráveis, tão imundas, tão merecedoras do inferno. Sim, quanto mais verdadeiramente tiramos proveito de nossa leitura das Escrituras, tanto mais sentimos que precisamos de Cristo.
2. O indivíduo se beneficia das Escrituras, quando elas tornam Cristo mais Real para ele.
A grande massa da nação israelita, nada mais via, senão a casca externa, nos ritos e cerimônias que Deus lhes deu, para que os observassem; mas um remanescente regenerado, teve o privilégio de contemplar o Próprio Cristo. "Vosso pai Abraão alegrou-se, por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se...", Declarou o Senhor Jesus, em João 8: 56. Moisés, "... Considerou o opróbrio de Cristo, por maiores riquezas do que os tesouros do Egito...". (Hebreus 11:26).
Outro tanto ocorre na cristandade. Para as multidões, Cristo é apenas um nome, ou, quando muito, um ‘caráter histórico’. Esses não têm contatos pessoais com Ele, não desfrutaram de qualquer companheirismo espiritual com Ele. Se porventura ouvirem alguém falar, arrebatado, sobre as excelências de Sua Pessoa, haverão de considerá-lo um entusiasta ou um fanático. Para tais indivíduos, Cristo é irreal, vago, intangível. No caso do crente autêntico, todavia, a atitude é inteiramente outra. A linguagem de seu coração é:
‘Tenho ouvido a voz de Jesus.
Para mim, só Ele é perfeito.
Tenho visto a face de Jesus,
Minha alma ficou satisfeita.’

Contudo, essa visão bem-aventurada, não é a experiência constante e invariável dos santos. Assim como as nuvens se interpõem entre o sol e a terra, assim também as falhas, em nosso andar diário, interrompem a nossa comunhão com Cristo, e servem para ocultar de nós o resplendor de Sua face. "Aquele que tem os Meus Mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama, será amado por Meu Pai, e Eu também o amarei e Me manifestarei a ele" (João 14:21). Sim, é aquele que, pela graça, palmilha pela senda da obediência, que recebe as manifestações conferidas pelo Próprio Senhor Jesus. E quanto mais frequentes e prolongadas forem essas manifestações, mais real Ele se torna para a alma, até sermos capazes de dizer juntamente com Jó: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te veem". (Jó 42:5). Assim, pois, quanto mais Cristo for Se tornando uma Realidade Viva para mim, mais tirarei proveito da Palavra.
3. O indivíduo se beneficia das Escrituras, quando se ocupa das Perfeições de Cristo.
É o senso de necessidade, que lança a alma aos braços de Cristo, no princípio; mas é a percepção de Suas Excelências que nos faz achegarmo-nos a Ele, desde então. Quanto mais Real Cristo Se torna para nós, tanto mais, vamos sendo atraídos pelas Suas Perfeições. No começo, Ele é visto apenas como Salvador; mas, na proporção em que o Espírito Santo continua a destacar diante de nossos olhos aquilo que pertence a Cristo, descobrimos que sobre a Sua cabeça há, "... Muitos diademas...". (Apocalipse 19:12). Desde a antiguidade que foi dito: "... E o seu nome será: Maravilhoso...". (Isaías 9:6) E o nome de Cristo significa tudo quanto Dele as Escrituras dão a conhecer. "Maravilhosos" são os Seus ofícios, quanto ao seu número, quanto à sua variedade, e quanto à Sua suficiência. Ele é o Amigo que nos é mais chegado do que um irmão, que nos ajuda, em cada momento de necessidade. Ele é o grande Sumo Sacerdote, que Se deixa comover diante das nossas debilidades. Ele é o nosso Advogado junto a Deus Pai, o qual nos faz a defesa quando Satanás nos acusa.
Nossa grande necessidade é ocuparmo-nos com Cristo, assentarmo-nos a Seus pés, conforme fez Maria, recebendo assim de Sua Plenitude. Nosso principal deleite deve ser considerar: "... Atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus". (Hebreus 3:1); Devem ser contempladas as várias Relações que Ele mantém para conosco, meditar acerca das muitas Promessas que Ele nos tem feito, demorarmo-nos na contemplação de Seu admirável e imutável amor por nós. Ao fazermos assim, haveremos de deleitar-nos no Senhor de tal modo, que as vozes de sereia deste mundo, perderão todo o seu encantamento em nosso caso.
Ah, prezado amigo, você conhece experiência assim, em sua vida diária? Cristo é, para a sua alma, o principal entre dez milhares? Conquistou Ele o seu coração? Sua principal alegria, é ficar sozinho com Ele, a conversar com o Senhor? Caso contrário, a sua leitura, e o seu estudo da Bíblia bem pouco lhe tem aproveitado.
4. O indivíduo se beneficia das Escrituras, quando Cristo se torna mais Precioso para ele.

Cristo é precioso, na estima de todos os crentes (I Pedro 2:7). Esses consideram todas as coisas como perda, em face da excelência do conhecimento de Cristo Jesus, seu Senhor (Filipenses 3:8). O nome Dele, para eles, é um unguento derramado (Cantares 1:3). Assim como a Glória de Deus, que aparecia em Beleza Indescritível, no templo, bem como na sabedoria, e no resplendor da corte de Salomão, atraía adoradores desde as regiões mais distantes da terra, assim também a Excelência sem paralelos de Cristo – ali prefigurada – atrai, ainda mais poderosamente, os corações de Seu Povo. O diabo sabe disso perfeitamente bem, pelo que ele também procura enegrecer as mentes daqueles que não creem, colocando entre eles e Cristo as atrações deste mundo. E Deus permite ao diabo, assediar igualmente ao crente. Entretanto, está escrito: "... Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tiago 4:7). Devemos resistir-lhe mediante oração definida e sincera, rogando ao Espírito Santo, que incline as nossas afeições para Cristo.
Quanto mais nos ocuparmos com as perfeições de Cristo, mais haveremos de amá-Lo e de adorá-Lo. É a falta de familiaridade experimental com Ele, que faz nossos corações se tornarem tão frios para com Ele. Mas, sempre que uma comunhão real e diária é cultivada, o crente será capacitado a dizer junto com o salmista: "Quem mais tenho eu no Céu? Não há outro, em quem eu me compraza na terra" (Salmo 73:25).
Essa é a própria essência, e a natureza distinta do verdadeiro cristianismo. Os zelotes legalistas talvez se ocupem atarefadamente em dizimar a hortelã, o endro e o cominho, e talvez percorram mares e terras para fazer um prosélito, e, contudo, não têm amor a Deus, em Cristo. Deus olha para o coração: "Dá-me, filho meu, o teu coração...". (Provérbios 23:26). É a Sua exigência. E quanto mais precioso Cristo é para nós, tanto maior, é o deleite que Ele tem em nós.


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