quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Os Mortos Bem-aventurados (1)



       
Sermão de Jonathan Edwards
“Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2Co 5:8)

         O apóstolo Paulo apresenta uma razão por que ele continuava com tamanha coragem e firmeza imóveis. no meio a tantas labutas, sofrimentos e perigos, no serviço do Senhor, pelos quais os seus inimigos, os falsos mestres entre os coríntios, às vezes reprovavam-no por estar fora de si e impulsionado por um tipo de loucura. Na parte final do capítulo precedente, ele informa os coríntios cristãos que a razão por que agia assim, era que ele cria firmemente nas promessas que Jesus fizera aos seus servos fiéis de uma recompensa gloriosa e eterna, e sabia que estas aflições presentes eram leves e apenas momentâneas em comparação àquele mui excedente e eterno peso de glória. Neste capítulo, ele prossegue insistindo na razão da sua constância no sofrimento e exposição à morte na obra do ministério, até mesmo o estado mais feliz que ele esperava depois da morte. Este é o assunto do texto.
         A alma do cristão, quando deixa o corpo, vai para estar com Cristo. Isto ocorre nos seguintes aspectos:

I. A alma do cristão vai habitar com a natureza humana glorificada de Cristo no mesmo domicílio abençoado.

Há um lugar, uma região particular da criação exterior, para onde Cristo foi e permanece. Este lugar é o céu dos céus, um lugar além de todos os céus visíveis. “Ora, isto — ele subiu — que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4: 9,10). É o mesmo lugar que o apóstolo chama de terceiro céu: computando o céu aéreo como o primeiro céu, o céu estrelado como o segundo e o céu mais alto como o terceiro. Este é o domicílio dos anjos santos; eles são chamados “os anjos dos céus”, “os anjos que estão no céu”, “os anjos de Deus no céu.” Está escrito que eles sempre veem a face do “Pai que está no céu.”
         Noutra passagem, eles são representados estando diante do trono de Deus ou rodeando o Seu trono no céu, e de lá enviados, descendo com mensagens para este mundo. É para lá que a alma do santo é conduzida quando morre. Ela não fica num domicílio distinto do céu superior, um lugar de descanso, no qual é guardada até ao dia do juízo, o que uns chamam o Hades dos felizes; mas vai diretamente para o céu. Esta é a casa dos santos, sendo a casa de seu Pai. Eles são “peregrinos e estrangeiros” na terra, e esta é a “outra e melhor pátria” para a qual estão viajando. Esta é a cidade à qual eles pertencem: “A nossa cidade [cidadania, como significa corretamente a palavra] está nos céus...” (Filipenses 3-20). Este é indubitavelmente o lugar ao qual o apóstolo se refere quando diz: “Nós estamos dispostos a abandonar a nossa primeira casa, o corpo, e habitar na mesma casa, cidade ou país, em que Cristo habita”, que é a significação adequada das palavras no original. O que pode ser esta casa, cidade ou país, senão a casa que é falada noutra passagem como a sua casa, a casa do seu Pai, a cidade e país aos quais eles adequadamente pertencem, para a qual eles estão viajando o tempo em que continuam neste mundo, e a casa, cidade e país, onde sabemos que está a natureza humana de Cristo. Este é o descanso dos santos, aqui o seu coração está enquanto vivem na terra, e aqui está o seu tesouro, a “herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós”, que está designada para eles, reservada no céu (1Pedro1:4). Eles nunca podem ter o seu descanso adequado e pleno até que cheguem ali. Sem dúvida a alma, quando ausente do corpo (as Escrituras representam-na num estado de descanso perfeito), chega ali.

O POÇO É FUNDO?



Oswald Chambers
       “O poço é fundo”, muitíssimo mais fundo do que a mulher samaritana entendia! (Ver João 4:11). Considera as profundidades da natureza humana e da vida do homem, pensa nas águas profundas dos “poços” que há em ti. Estiveste limitando ou empobrecendo o ministério de Jesus até ao ponto Dele ser incapaz de obrar na tua vida?
       Imagina que dentro do teu coração há um “poço” profundo de dor e inquietação, e que Jesus Se aproxima e te diz: “Não se turbe o vosso coração...” (João 14:1). Então, tu encolhes os ombros e respondes-Lhe: “Mas, Senhor, o poço é muito profundo e nem sequer Tu podes tirar tranquilidade e consolo dele.”
       Na realidade, isso é correto. Jesus não tira nada dos poços da natureza humana, Ele trá-los do alto. Nós limitamos o Santo de Israel, lembrando apenas o que Lhe permitimos fazer por nós no passado, e também, dizendo: “Evidentemente, eu não posso esperar que Deus faça esta coisa particular.” Aquilo que põe à prova a Sua omnipotência é o mesmo que nós como discípulos de Jesus deveríamos crer que Ele fará.       Empobrecemos e debilitamos o Seu ministério em nós quando esquecemos que Ele é omnipotente; o empobrecimento está em nós, não Nele. Acorremos a Jesus como nosso consolador ou nosso Deus compassivo, mas não queremos aproximar-nos Dele como nosso Todo-poderoso Deus.
Alguns de nós somos exemplos muito pobres de Cristianismo porque não conseguimos reconhecer que Cristo é omnipotente. Temos atributos e experiências cristãs, mas não há entrega nem rendição a Jesus Cristo. Quando enfrentamos circunstâncias difíceis, empobrecemos o Seu ministério declarando: “Evidentemente que Ele não pode fazer nada a este respeito.” Então, lutamos por alcançar o fundo do nosso poço e procuramos conseguir obter a água pelos nossos próprios meios.
       Guarda-te de desistir e afirmar: “Isso não se pode fazer!” Tu sabes que é possível, se olhares para Jesus. O poço da tua imperfeição é fundo, mas faz o esforço de apartar o olhar de ti mesmo e dirigi-lo para Ele.

CONFIANÇA



Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no SENHOR.” (Salmo 112:7)
 Spurgeon
       O suspense é terrível. Quando não temos notícias de casa, somos inclinados a ficarmos ansiosos, e não podemos ser persuadidos de que “nenhumas notícias são boas notícias.” A fé é a cura para este estado de tristeza; o Senhor pelo Seu Espírito sossega a mente com santa serenidade, e dissipa todo o temor em relação tanto ao futuro como ao presente.
            A firmeza de coração de que fala o Salmista tem de ser procurada diligentemente. Não se trata de crer nesta ou naquela promessa do Senhor, mas na condição geral de imutável confiança no nosso Deus, a confiança que temos Nele consistente em que Ele mesmo não nos fará dano, nem permitirá que coisa alguma nos prejudique.
       Esta confiança constante enfrenta tanto o desconhecido como o conhecido da vida.Venha o que vier amanhã, o nosso Deus é o Deus do amanhã. Quaisquer que sejam os acontecimentos que hajam ocorrido que para nós são desconhecidos, porém o nosso Jeová [SENHOR] é Deus tanto do desconhecido como do conhecido. Estamos resolvidos a confiar no Senhor, venha o que vier.
       Se acontecer o pior, o nosso Deus é constantemente o maior e o melhor. Portanto, não temeremos ainda que a chamada do carteiro nos assuste, ou um telegrama nos desperte à meia-noite. O Senhor vive, e o que podem temer os Seus filhos?

APARENTE CONTRADIÇÃO (1)




         Quem há entre vós que tema ao Senhor e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, confie em o nome do Senhor e se firme sobre o seu Deus. Eia! Todos vós que acendeis fogo e vos armais de setas incendiárias, andai entre as labaredas do vosso fogo e entre as setas que acendestes; de mim é que vos sobrevirá isto, e em tormentas vos deitareis” (Isaías 50:10,11).
         FILHOS DA LUZ ANDANDO NAS TREVAS:
         Caro leitor, andar pelas vias iluminadas da Palavra de Deus é verdadeiramente uma experiência preciosa para aqueles que amam a verdade que nos foi revelada. A Bíblia foi dirigida aos santos, aos que têm ouvidos para ouvir. São essas almas que encontram na Palavra tudo o que precisam para torná-las felizes, radiantes, espiritualmente fartas e fortes e preparadas para andar neste mundo na jornada rumo ao lar celestial. Os que amam a Palavra encontram nela repouso, abrigo, conforto e segurança, especialmente porque os santos de Deus têm em Cristo o perfeito modelo; Ele é o Guia, o Pastor e Aquele que conquistou perfeitamente tudo na cruz, a fim de que cada crente possa imitá-Lo nesta vida no caminhar rumo ao céu.
         A partir de hoje desejo convidar meus leitores para uma jornada da graça nesses versos impressionantes de Isaías 50. Precisamos conhecer o caminho de humilhação pelo qual percorreu nosso Senhor e esses capítulos de Isaías, os quais precedem a maravilhosa profecia da Sua morte na cruz (cap. 53), realmente nos dão uma visão clara a respeito das veredas de sofrimento, pisadas pelo nosso Mestre. Jamais poderíamos andar como crentes neste mundo, se Ele não tivesse atravessado “montanhas, vales, desertos e ermos lugares”, a fim de preparar caminho seguramente santo para a jornada dos Seus remidos. Não há entre os santos, ninguém mais forte e mais poderoso do que o Filho do homem! Não há ninguém, nem mesmo entre os maiores santos de Deus, que pode ser em qualquer aspecto da vida cristã um modelo para as frágeis e fracas ovelhinhas e cordeirinhos do Bom Pastor. Em absolutamente tudo Ele foi modelo perfeito, inigualável; em tudo e em todos os detalhes Ele enfrentou sozinho a jornada de terror, a fim de que toda igreja pudesse caminhar livre e triunfantemente para a glória eternal.
         O cap. 50 de Isaías nos fornece esse cenário perfeito. Ninguém é visto ali, nem Moisés, nem Daniel, nem Jó ou qualquer outro santo de destaque. Vemos ali Aquele que recebe do Pai o título de “Meu Servo”. Então, somos convidados a encarar Sua vida na humilde condição de um homem que se tornou voluntariamente um Servo. Ao vislumbrar essa postura servil de andar em plenas trevas neste mundo é que os santos percebem que eles seguem o mesmo caminho, caminho de fé, de provas, de lutas, aflições, etc. Então tomo esses dois versos para mostrar que neste mundo acontece essa APARENTE CONTRADIÇÃO:     Filhos da luz andando nas trevas e filhos das trevas andando na luz. Estes dois versos mostram o que parece ser uma contradição. Será que os filhos da luz podem andar nas trevas? Será que os filhos das trevas podem andar na luz?
         Caro leitor, estou certo que os santos de Deus estão atravessando por dias difíceis; o mundo que jaz no maligno nada pode oferecer àqueles que foram justificados pelo sangue, senão perseguições, aflições e terrores. Mais perto do céu, mais tenebroso é este vale. Não nos foi prometida uma jornada fácil, com belo sol de esperanças mundanas brilhando sobre nossas cabeças. Mas, o que é mais importante é que tudo foi conquistado na cruz para que todos os genuínos crentes possam andar de forma triunfante para o céu, mesmo tendo que atravessar pelas trevas na peregrinação.
         As nossas meditações têm também como objetivo mostrar aos que estão no pecado, que o caminho pelo qual estão andando pode parecer belos, cheios de esperança e aparentemente livres de aflições e problemas, mas o fato é que as trevas eternas aguardam aqueles que neste mundo correm livremente pelo largo caminho que conduz à perdição.
        
        

“A MAIS LETAL IGNORÂNCIA” (20 de 20)




Por isso vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados” (João 8:24).
         Caro leitor, para encerrar nossos comentários em torno desse tão sublime verso estou me esforçando ao máximo, a fim de mostrar os perigos eternos que envolvem agora as almas enganadas. Não há perigo maior neste mundo do que ser envolvido pelo manto da mentira religiosa; de caminhar para sob o manto de religioso; de estar sentindo bem com o mundo e com os homens, mas nada sabendo dos terrores da Ira santa e justa de Deus que paira sobre a cabeça das almas impenitentes. Em Atos a bíblia fala a respeito de Gamaliel, um homem sábio, bem conceituado entre os religiosos de Jerusalém, um excelente professor da teologia judaica, e que até mesmo teve Saulo como seu aluno. Mas, quão longe Gamaliel estava da verdade! Chegou perto da luz, mas seu coração tão satisfeito com aquilo que aprendera, o manteve endurecido nas trevas e partiu assim para a perdição eterna.
         O grande EU SOU afirmou para aqueles judeus presunçosos que, por causa da ignorância deles certamente iriam morrer em seus pecados. Ah! Quantos estão em semelhante condição! Quantos desfilam pela linda, larga e sofisticada avenida da religião da aparência! Quantas almas desconhecem a mensagem transmitida pelo verdadeiro evangelho! O conhecimento inadequado do grande EU SOU é prejuízo eterna para as almas e o trabalho mais ardiloso de satanás é manter as almas sob o engano de um falso cristo. A condenação eterna aguarda os corações presunçosos e envaidecidos. Então, no afã de ajudar meus leitores quero agora dinamizar o que o grande EU SOU afirma no final do texto em pauta: “...morrereis nos vossos pecados”.
         Hão de morrer em seus pecados aqueles que nunca se arrependeram e confessaram de coração a Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas. Milhares hoje afirmam que aceitaram Jesus, mas não foi algo do coração, a verdade não chegou no recôndito da alma; Cristo não entrou para habitar no santuário; a luz da verdade não iluminou toda intimidade, não chegou às gavetas da alma e descobriu todos os esconderijos e altares edificados aos ídolos mundanos. Almas assim jamais conseguem mostrar fruto de arrependimento e não conseguem andar rumo à glória, pois não estão munidas da força da graça e não tem no coração as armas da Palavra na luta contra o mal.
         Morrerão em seus pecados aqueles que negam a Cristo, pela maneira de viver. São crentes quando estão na igreja e são os mais animados no trabalho e nos supostos louvores. Mas são mundanos na vida, seus pés são velozes para correr à busca das vaidades e satisfação das paixões. Na companhia com os mundanos sempre estão negando a Cristo; ei-los com a multidão louvando e admirando seus ídolos e cantando aquilo que o mundo tanto ama e busca.
         Morrerão em seus pecados aqueles que rejeitam a Palavra de Deus na vida; aqueles que fogem da Palavra. Têm tempo para tudo, menos para o conhecimento da verdade revelada. Às vezes citam versos, mas não tem a verdade oculta no coração, como uma semente que logo germina para produzir fruto de justiça e santidade. O Senhor diz que os que guardam a Sua Palavra são os que Lhe amam.
         Também morrerão em seus pecados aqueles que estão com seus corações endurecidos contra Deus e andam em franca rebeldia contra Ele. Ó, quantos são imitadores de Faraó neste mundo! Milhares endureceram seus corações; muitos nem importam mais com os avisos solenes de Deus através dos pregadores e a mensagem santa não causa nenhum efeito em seus corações. Tais almas estão endurecidas; endureceram por dentro, trancaram as portas e estão armadas lá dentro contra Deus, assim como os religiosos rebeldes de Jerusalém, os quais ouviram dos lábios de Estevão: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo...” (Atos 7:51).
         Caro leito, você sabe o que realmente significa morrer em seus pecados? Os homens fogem de terríveis mortes físicas neste mundo; querem partir desta vida com uma visitação de uma suave morte, deitando em seu leito e dando adeus a todos. Ah, quanto engano! Não há morte pior do que morrer no pecado. Mesmo que a despedida aqui foi bela e até mesmo aparentemente consoladora, mas é puro engano, porquanto a alma que morre no pecado fecha seus olhos físicos aqui, mas tem seus olhos abertos para os terrores invisíveis. Morrer no pecado é morrer sob a Ira de Deus; é partir para o juízo, para a punição eterna, para a eternidade de terrores, para cair no lugar onde o verme não morre e nem o fogo se apaga.
         Só tem um escape e esse escape aparece agora com o pecador se humilhando em arrependimento e suplicando ao Bendito Salvador que agora mesmo lhe salve de seus pecados.