sábado, 23 de fevereiro de 2013

O VELHO EVANGELHO (5)




Spurgeon

         Cristo quer os cavalos do diabo, ainda quando eles já se desgastaram ao serviço de Satanás? Quer Ele persuadi-las a abandonar o seu velho amo para que venham a Ele? O quê? A estes pecadores que apenas estão cansados do pecado porque já não podem encontrar forças para seguir pecando, ou que não se sentem cômodos, porque já não desfrutam do prazer que antes encontravam na maldade, chama-os Cristo para virem a Ele? Sim! E isto mostra a magnanimidade do Seu coração, de que é Seu desejo dar alívio àqueles que estão muitíssimo fatigados e cansados.
         Mas, a magnanimidade do Seu coração comprova-se no fato de que Ele convida todos esses pecadores a virem a Ele—a todos esses pecadores, repito! Que grande significado inclui essa pequena palavra: “todos”! Creio que, geralmente, quando um homem usa grandes palavras diz pequenas coisas; e quando usa palavras pequenas, diz grandes coisas. E, certamente, as pequenas palavras do nosso idioma são usualmente as que têm maior significado. Qual é o significado desta pequena palavra, “todos”, ou, melhor, o que é que ela exclui? E Jesus, sem limitar o seu significado, diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos.” Oh, a magnificência do amor e da Graça de Cristo, que convida a todos a virem a Ele! Sim, Ele convida a todos a virem imediatamente. “Vinde todos a Mim”, diz Ele, “todos os que estais cansados e oprimidos; vinde numa multidão, vinde em grandes massas! Voem para Mim como uma nuvem, como pombas para os seus postigos.” Nunca serão demasiados os que vierem a Ele e O façam sentir-Se satisfeito. Ele diz: “Quantos mais vierem, mais contente fico.” O coração de Cristo regozija-Se por todas as multidões que vêm a Ele, porque Ele tem feito uma grande festa, e Ele tem convidado muitos, e Ele ainda continua enviando os Seus servos a dizer: “Ainda há espaço; portanto, vinde para Mim, todos os que estais cansados e oprimidos.”
         Recordemos, também, que a promessa de Cristo está dirigida pessoalmente a cada um destes pecadores. Se cada um deles vier a Ele, Ele dará o alívio a cada um. A cada um que está fatigado e carregado, Jesus diz-lhe: “Se tu vieres a Mim, Eu, Eu mesmo te darei alívio; não te enviarei aos cuidados do Meu servo, o ministro, para que ele cuide de ti, mas, Eu mesmo farei todo o trabalho e te darei alívio.” Cristo não diz: “Levar-te-ei à Minha palavra, e ali encontrarás alívio para ti.” Não. Ele diz “Eu, uma Pessoa, dar-te-ei alívio a ti, uma pessoa, por meio de um claro ato Meu, se tu apenas vieres a Mim.”
         Esse comportamento pessoal de Cristo com as pessoas é, de fato, bendito. Tennyson é autor de um poema que é, para mim, o mais doce de todos os que ele escreveu. Ele é relativo a uma menina que foi hospitalizada e que ela sabia que devia ser operada, com grande risco da sua vida. Assim, ela perguntou à sua nova companheira da cama contígua o que devia fazer. A sua companheira respondeu-lhe que contasse tudo a Jesus e Lhe pedisse para que Ele cuidasse dela. E então a menina perguntou: “Mas, como me poderá conhecer Jesus?” As duas meninas estavam bastante confundidas porque havia muitíssimas fileiras de camas no hospital infantil, e além disso, elas pensavam que Jesus estava tão ocupado, que não saberia qual menina Lhe tinha pedido que cuidasse dela. Então, acordaram que a menina pusesse as suas mãos fora da cama, para que quando Jesus as visse, soubesse que ela era a menina que necessitava Dele. A cena, tal como o poeta a descreve, é comovedora. Ao relatá-la tiro-lhe algo do seu encanto, pois, pela manhã, quando os médicos e as enfermeiras passavam através de pavilhão, deram-se conta de que Jesus tinha estado ali e que a menina tinha ido para Ele sem necessidade da operação. Ele tinha cuidado dela da melhor maneira possível; e ali estavam as suas mãozinhas estendidas fora da cama.

Nenhum comentário: