quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O VELHO EVANGELHO (2)




Spurgeon
         No entanto, não é a respeito dessa Verdade de Deus em particular sobre a qual vos falarei hoje. Quero tomar somente este pensamento — a Glória de Cristo, de maneira que Ele nos possa dizer algo assim — o esplendor de Cristo, para que seja possível que Ele diga: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Estas palavras, provenientes da boca de qualquer outro ser humano, seriam ridículas e até blasfemas. Pensemos no poeta mais inspirado, no maior filósofo, ou no rei mais poderoso, mas quem, até com a alma muitíssimo maior, se atreveria a dizer a todos os que estão cansados e oprimidos em toda a raça humana: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei”? Onde há asas tão largas que possam cobrir a cada alma entristecida, exceto as asas de Cristo? Onde há um porto de abrigo com a capacidade suficiente para albergar a todos os navios do mundo, para refugiar a cada navio sacudido pela tempestade que alguma vez tenha sulcado o mar? Onde, a não ser no refúgio da alma de Cristo, em Quem habita toda a plenitude da Deidade! E, portanto, em Quem há espaço e misericórdia suficientes para todos os afligidos filhos dos homens!
         Então, esse será, o sentido da minha mensagem. Que o Espírito de Deus, pela Sua graça me ajude a apresentá-lo!
I. E, primeiramente, chamo a vossa atenção para as PERSONALIDADES DESTA CHAMADA: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.”
         Se esquadrinhardes o versículo cuidadosamente, notareis que há uma dupla personalidade nesta chamada. É: “Vem tu — vem tu — a Mim, e Eu vos aliviarei.” Trata-se de duas pessoas que se aproximam entre si, uma outorgando e a outra recebendo o descanso. Mas não é, em qualquer caso, uma ficção, uma imaginação, um fantasma, um mito. És tu, tu, TU-TU, que estais realmente cansados e oprimidos, e que, portanto, sois seres reais, dolorosamente conscientes da vossa existência — sois vós que deveis vir a outro Ser, que é tão real como vós sois — Alguém, que é realmente, uma Pessoa tão viva, como vós sois pessoas vivas. Ele é Aquele que vos diz a vós: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei.”
         Queridos amigos, quero que tenhais uma convicção muito clara da vossa própria personalidade; porque, às vezes, dá a impressão de que as pessoas se esquecem - de que são indivíduos distintos de toda a gente. Se eu desse de presente uma moeda de outro e se o seu som se escutasse à distância, a maioria dos homens estariam conscientes da sua própria personalidade, e cada qual olharia por si mesmo, e tentaria obter o prêmio. Porém, eu encontro com muita frequência, em relação com as coisas eternas, que os homens parecem perder-se na multidão e pensam nas bênçãos da Graça como uma espécie de chuva geral que pode cair nos campos de todos de maneira igual — mas, eles não esperam, particularmente, a chuva na sua própria parcela, nem desejam obter uma bênção específica para si mesmos. Agora, pois, vós, vós, VÓS, que estais cansados e oprimidos, despertai! Onde estais? A chamada do versículo não é para a vossa irmã, a vossa mãe, o vosso marido, o vosso irmão ou o vosso amigo, mas para vós: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.”
         Bem, agora que haveis despertado e senteis que sois uma personalidade distinta de todos os outros no mundo, vem o ponto de maior importância de todos — vós tendes de ir a outra Personalidade. “Vinde a Mim”, diz Cristo, “e Eu vos aliviarei.” Aqui peço-vos que admireis a maravilhosa Graça e a misericórdia desta providência. De acordo com as palavras de Cristo, vós obtereis a paz de coração, não por virdes a uma cerimônia ou a uma ordenança, mas por virdes a Cristo, a Ele mesmo! :“Vinde a mim.” Ele nem sequer diz: “Vinde ao Meu ensino, ao Meu exemplo, ao Meu sacrifício”, mas “Vinde a Mim.” É a uma Pessoa a quem deveis ir, a essa mesma Pessoa que, sendo Deus e igual ao Pai, Se despojou das Suas glórias e assumiu corpo humano—

“Primeiro, para na nossa carne mortal, servir.
E depois, para nessa mesma carne, morrer.”

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