sexta-feira, 29 de abril de 2016

"VENHA A MIM E BEBA"




No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a Mim e beba” (João 7:37).
        A paciência tem o seu perfeito trabalho no Senhor Jesus, e até o último dia da festa Ele falou aos judeus, assim como nos fala e espera ser gracioso para conosco. É verdadeiramente admirável a longanimidade do Salvador em suportar alguns de nós ano após ano, apesar das nossas provocações, rebeliões e resistência ao Seu Espírito Santo. Maravilha das maravilhas é estarmos na terra da misericórdia!
        A provisão é feita abundantemente; tudo é providenciado para que o homem possa mitigar a sede da sua alma. Para a sua consciência, a expiação traz paz; para a sua compreensão, o exemplo traz a mais rica instrução; para o seu coração, a pessoa de Jesus é o mais nobre objeto de afeição; para todo o homem, a verdade como é encontrada em Jesus provê a nutrição mais pura. A sede é terrível, mas Jesus pode removê-la. Embora a alma esteja totalmente faminta, Jesus pode restaurá-la.
        A proclamação é feita livremente para que cada sedento seja bem-vindo. Nenhuma outra distinção é feita senão a da sede. Quer seja a sede da avareza, da ambição, do prazer, do conhecimento ou de descanso, aquele que sofre disso é convidado. A sede pode ser má em si mesma, e não ser um sinal de graça, mas antes um sinal de pecado imoderado ansiando para ser gratificado com goles mais profundos de lascívia; mas não é a bondade na criatura que leva ao sedento o convite; o Senhor Jesus envia-o, gratuitamente, sem acepção de pessoas.
        A personalidade é declarada mais plenamente. O pecador deve vir a Jesus, não a trabalhos, ordenanças ou doutrinas, mas a um Redentor pessoal, que carrega os nossos pecados em Seu próprio corpo sobre a cruz. O Salvador sangrando, morrendo e ressurgindo é a única estrela de esperança para um pecador. Oh! Como anelo por graça, a vir agora e beber, antes que o Sol se ponha!
        Beber representa uma recepção para a qual nenhuma aptidão é requerida. Um louco, um ladrão, uma prostituta podem beber; e tal pecaminosidade de caráter não é empecilho para o convite ao crente em Jesus. Não precisamos de taça de ouro, nem de cálice adornado, para transportar a água para o sedento; a boca da pobreza é convidada a inclinar-se e tomar goles da corrente que flui. Lábios cheios de bolhas, leprosos, sujos, podem tocar a corrente do amor divino; eles não podem poluí-la, mas eles serão purificados. Jesus é a fonte da esperança. Caro leitor, ouça a voz amorosa do amado Redentor quando proclama a cada um de nós:
“SE ALGUÉM TEM SEDE, VENHA A MIM E BEBA”.
Charles Haddon Spurgeon

A ESCRAVIDÃO NO PECADO (4)




“Em verdade, em verdade vos digo, que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34)
A VERDADE DA ESCRAVIDÃO MOSTRADA POR DEUS: “Em verdade, em verdade vos digo...”.
        Caro leitor, importa que saibamos que os homens no pecado não conseguem entender a escravidão no pecado, porque nada podem entender, a não ser que Deus mostre a situação. No tocante a passagem de João 8:34, nosso Senhor Jesus podia perfeitamente explicar a condição daqueles elementos tão fanatizados na religião que lhes mantinha ainda mais cegos no pecado.
        Por outro lado, nosso Senhor conheceu o real significado do pecado. É claro e óbvio que Ele não era um pecador, mas por adquirir um corpo do pecado nosso Senhor pode saber acerca das misérias humanas, porque ficou susceptível as fraquezas derivadas da entrada do pecado. Nosso Senhor sentia fome, sede, cansaço, dores, etc. Tudo isso Ele conheceu, mas sem pecar. Seu corpo foi de fato o corpo do pecado, mas Sua natureza permaneceu santa e pura, conforme Paulo afirma em 2 Coríntios 5:21: “Aquele que não conheceu pecado...”. Toda essa sujeição do Senhor foi para que Ele pudesse compreender por experiência o que significa ser homem; desde Seu nascimento até à Sua morte Ele foi submisso ao Pai e fez tudo o que tinha de fazer na plenitude do Espírito Santo.
        Então, ao falar com os pecadores nosso Senhor falava na qualidade de um homem, perfeito homem porque jamais conheceu o que significa queda no pecado, mas que sentia exatamente o que os homens sentiam devido ao corpo que tomara – um corpo do pecado. Então, saibamos bem que nosso Senhor, não obstante se intitular como o Filho do Homem, realmente não era um descendente de Adão, assim como nós somos; Ele jamais soube o que a prática de iniquidade, porque jamais pecou, jamais qualquer maldade saiu de Sua boca, pois sempre amou a justiça e odiou a iniquidade (Hebreus 1:9). Ali estava o Homem perfeito, diante de uma raça caída, mas Sua perfeição não anulou Sua experiência, conhecendo em seu corpo mortal os resultados terríveis do pecado.
        Então caro leitor, nosso Senhor não era indiferente à situação dos homens; Seu ministério aqui foi intensa compaixão, ternura, bondade, longanimidade, sem abandonar a verdade. Seu amor aos perdidos fazia com que Ele jamais os abandonasse; jamais tinha medo deles e encarava a situação deles sabendo realmente o que fazia e o que dizia e onde queria chegar. Aqueles cegos judeus, sob o impulso de um coração soberbo nem sequer imaginavam que estavam perante a divindade. Eram espiritualmente mortos, os quais viviam movidos pelo espírito que rege os homens neste mundo. A visão deles era apenas da aparência, olhavam as coisas do ponto de vista humano, social e religioso. Eles tinham a letra da verdade, mas não tinham o Espírito que podia ensinar-lhes a verdade.
        Ora, nosso Senhor sabia de tudo isso, mas Seu amor, paciência e ternura não significava que Ele devia omitir a verdade. Aqueles homens e mulheres eram tão culpados quanto qualquer pagão deste mundo, e o fato que eles eram mais conhecedores das Escrituras, ainda mais aumentava a responsabilidade e culpa deles. Então, nosso Senhor podia declarar-lhes que eles eram de fato escravos do pecado e que a escravidão deles era terrível. Eles não viam as algemas que prendiam suas mãos; não viam os grilhões que prendiam seus pés; não viam o quanto suas bocas estavam trancadas, sem que pudessem louvar e dar graças ao Senhor; não viam que seus olhos, os olhos da alma estavam totalmente cegados e que eram pobres almas surdas e mudas.
        Por que argumentar contra o Senhor? Por que essa resistência contra Aquele que provou Seu amor, vindo ao mundo para revelar Sua bondade e compaixão em salvar perdidos?

quinta-feira, 28 de abril de 2016

ENTREGANDO A ALMA À VAIDADE (13 de 13)




“O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma a vaidade, nem jura dolosamente” (Salmo 24:3)
COMO A ALMA ENCONTRA LIBERTAÇÃO?
        Amado leitor, quantas almas estão presas a este sistema mundano! Quantas almas estão abandonadas, sem qualquer conhecimento de Deus! Quantas almas enfrentando a dura solidão e arrastadas para as atividades perversas e enganosas da carne! A Bíblia fala acerca daqueles que jamais foram salvos, que eles vivem sem Deus no mundo (Efésios 2:12). O que podemos fazer para socorrer tais pecadores? Sem Cristo e sem a perfeita salvação é certo que não habita no homem o Espírito de Deus. A presença do Espírito da glória é o selo da aceitação de Deus e a certeza de um final bem-aventurado. Sem essa maravilhosa atuação da graça de Deus na vida, certamente a alma está entregue à vaidade.
        Então, o que me resta agora é tentar ajudar meus leitores que estão à procura da verdade. Em primeiro lugar é necessário que o pecador pare de tentar manipular Deus; pare de tentar forçar a situação e dizer para si mesmo que tem Jesus, que é um salvo e que irá para o céu. Conheci alguém assim, pois afirmava categoricamente ser salva, mas era perceptível em seu viver que era uma alma entregue à vaidade e que era totalmente aprisionada às paixões deste mundo. Nada havia em seu viver que mostrasse fruto de justiça e desejos por agradar a Deus em santidade de vida. Se quer a salvação deve primeiramente reconhecer sua perdição e a necessidade do Salvador.
        Em segundo lugar reconhecer que não há outro Salvador fora de Jesus. Milhares querem Jesus, mas na verdade está pondo seu confiança neles mesmo. Mas é bom saber que nosso Senhor veio ao mundo para libertar os cativos e oprimidos do diabo. Nada há aqui que possa libertar qualquer pecador desse sistema de engano e vaidade, que tanto entorpece a alma. Quanto mais longe do Salvador é tendência é piorar e encher a alma de toneladas de peso mundano. Veja o ladrão que morreu sem a salvação, conforme Lucas 23. Mesmo à beira da morte a vaidade lhe dominava, lhe enchia de orgulho e lhe mantinha na escuridão. O conhecimento que ele tinha do Salvador era um miserável conhecimento. Para ele Jesus não era o Salvador prometido, porque não podia sair-se daquela condição de crucificado. Suas palavras mostravam essa condição: “Salva a ti mesmo...”.
        Percebe-se que na vaidade tudo é completa escuridão e escravidão. Os homens no pecado desconhecem o peso do pecado e pensam que estão livres, soltos e que nada os impede de serem felizes. Vão assim até que a situação mude e eles vejam que estão amarrados pelo poder do pecado e da morte. A única solução é correr para Cristo, é clamar pela salvação; é invocar o nome do grande Salvador e Senhor, a fim de que escape dessa prisão, onde sua alma está emaranhada. Não há nada fora do Filho de Deus, que possa libertar a alma da angustiosa situação na qual se encontra. Foi a misericórdia do Senhor que achou Saulo de Tarso e abriu seus olhos para ver que mesmo sendo religioso e zeloso da lei, não passava de um miserável condenado, conforme ele mesmo confessa que era o principal dos pecadores.
        Então amigo, não quer agora se humilhar? Não quer reconhecer que está distante de Deus? Não quer reconhecer o tremendo vazio no qual encontra sua alma? Prefere persistir em seu orgulho próprio, antes que seja tarde demais? Lembre-se que o Senhor é o Deus dos humilhados e é melhor se humilhar agora, caindo em si diante da verdade bíblica que nos foi entregue. Olhe o que o Senhor diz: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32).
       
       
       








quarta-feira, 27 de abril de 2016

ENTREGANDO A ALMA À VAIDADE (13)




“O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma a vaidade, nem jura dolosamente” (Salmo 24:3)
OS RESULTADOS DISSO NA ALMA.
        Amado leitor, prossigo em mostrar-lhe o que realmente significa a alma de alguém estar entregue à vaidade, porquanto o assunto é profundamente tratado nas Escrituras, no Velho e no Novo Testamento. Veja bem que a vaidade desmancha até mesmo os alicerces de uma vida normal e bem fundamentada neste mundo. Quando mais a vaidade puxa a alma para adaptar-se às paixões da carne, mais o homem vai se distanciando daquilo que é puro, útil e decentemente humano no viver. A alma aliada à vaidade sempre estará ocupada com aqueles que pensam e agem semelhantemente, assim como o filho de Davi, Amnon procurou seu primo, um elemento esperto e sagaz para alcançar seus intentos tão perversos (2 Samuel 13).
        Também, haverá uma manifesta ausência de alegria, de satisfação e de esperança. A alma entregue à vaidade fica desnorteada, sem razão de viver aqui, embaraçada nos emaranhados da vida e sempre demonstrando o tremendo vazio que jaz dentro do seu ser. A alma entregue à vaidade está longe do verdadeiro alimento que lhe enche de prazer por estar distanciada de Deus. Nada há de recursos espirituais, dos verdadeiros valores. A verdadeira mesa está vazia dos suprimentos eternos, por essa razão está agitada e é vive em contínua fuga, especialmente quando está cercada da luz do evangelho.
        Note bem uma alma nessa condição, olhe dentro de um homem ou uma mulher assim, pois sua esperança está aqui, sua razão de viver é a companhia de amigos e amigas que pensam e age como ela age; seus recursos são gastos com o mundo, com aquilo que dia a dia envolve seu viver. Nada, nada mesmo pode interceptar esse viver tão aprisionado a este sistema transitório de vida aqui. Não foi assim que viveu a esposa de Ló em Sodoma? Sua alma ficou condicionada àquele sistema de vida tão perverso, de tal maneira que ela nada podia ver de perigo, nem mesmo a compaixão de Deus para tirar-lhe de lá foi suficiente para acordar aquela alma amarrada a uma sociedade que estava marcada para ser extinta da face da terra (Gênesis 19).
        Amado leitor, quanto mais a alma fica entregue à vaidade, piora ainda sua situação, porquanto aumenta seu desinteresse por coisas eternas, e ampla um profundo interesse por divertimentos. Conheci alguém assim, pois desde novo sua ambição era bebida e más companhias. O que aconteceu foi que também aumentou seu egoísmo, passando a viver em torno daquilo que sempre amou. A alma entregue a vaidade será levada por festas aqui. Israel acostumou a viver assim no Egito, pois a escravidão diária esquecida pelos momentos de prazer nas comidas boas e nas festas. Provou isso quando fez o bezerro de ouro, a fim de adorá-lo, proclamá-lo como seu deus e assim fazer as festas que tanto queriam, conforme vemos em Êxodo 32.
        Amado leitor, uma alma assim jamais subirá ao céu. Alguém que afirma ser um crente, mas sua alma vive nesse aconchego da carne, jamais conheceu a verdadeira liberdade na qual andam os santos de Deus, enquanto eles caminham rumo ao céu. Quando a alma está nessa situação, até mesmo os cultos serão motivados pela vaidade. O culto agradável a Deus é muito pesado para aqueles as almas escravizadas, pois não podem suportar uma adoração que centraliza na glória de Deus e que esmaga o ego dos homens. Por essa razão os não salvos tendem a criar um contexto de adoração, mas voltado para seus interesses terrenos. Eles querem sentimentos não estribados na verdade, porque estão aprisionados a este mundo que jaz no maligno.
        Que o Senhor manifeste Sua compaixão sobre cada leitor que agora quer levar esse assunto com seriedade no viver.

A ESCRAVIDÃO NO PECADO (2)




“Em verdade, em verdade vos digo, que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34)
INTRODUÇÃO:
        Amado leitor, não posso ser apressado na introdução, porque preciso mostrar a necessidade de expor esse assunto, conforme vemos na linguagem do Senhor em João 8:34. Mas sei que não devo ser tão prolixo assim. A introdução é como uma calçada de uma casa, porque o importante é a casa e não a calçada. Veja bem que Cristo sozinho confronta a incredulidade de um povo religiosamente enganado – o povo judeu. A luz da verdade brilhava por fora; eles eram periféricos em questões espirituais; suas mentes estavam em completa escuridão; suas emoções descontroladas e a vontade deles completamente dominada no íntimo pelo pecado e por fora os membros do seu corpo eram manipulados pelo pai da mentira.
        Veja bem no texto, que quando Jesus tocou no assunto de libertação, imediatamente eles reagiram contra, declarando que eram pessoas livres, e não percebiam o nosso Senhor estava querendo dizer sobre escravidão. Naqueles dias era comum ver em cada cidade os mercados de escravos, os quais vinham de conquistas de guerras. Então, quem tinha condição financeira podia chegar num mercado desses para comprar o escravo que quisesse, para trabalhar para si, assim como entramos hoje num supermercado para comprar o que precisamos.
        Mas nosso Senhor não estava tratando daquele sistema de escravidão que envolvia milhares de pobres criaturas. Todo Seu esforço tinha em vista mostrar a mais terrível e cruel escravidão que existe desde a queda – a escravidão do pecado. Nosso Senhor lutava em compaixão por aquele povo que, não obstante ser religiosamente instruído, não passava de homens e mulheres cegos, os quais não conseguiam ver os grilhões e algemas invisíveis, nos quais estavam presos, assim como qualquer gentio que eles tanto desprezavam. Naquele exato momento em que eles conversavam com Jesus, eles não percebiam o quanto estavam envolvidos totalmente pelo domínio tirânico do pecado em seus corações; que estavam envolvidos em ódio mortal; que odiavam o Senhor da glória que estava ali perante eles. Eles não percebiam o quanto estavam aptos para obedecer a voz da serpente e que compartilhavam das mesmas atitudes homicidas de satanás (verso 44).
        Caro leitor, será que somos diferentes? Ah! Nós pensamos no íntimo que nós somos hoje um povo mais religioso, mais capaz de pensar melhor e entender as Escrituras. Mas a verdade é que não somos diferentes, somos iguais àquele povo, porque desconhecemos a verdade da nossa condição no pecado, especialmente quando achamos que estamos isentos dessa condição por estarmos numa igreja e carregarmos o nome de cristãos. A maior tragédia de nossos dias é que o povo chamado “evangélico” jamais entender a realidade do pecado no íntimo; jamais foi confrontado com a miséria da queda; jamais a verdade envolveu todo íntimo com a luz da visitação de Deus. Quando a luz da glória de Cristo chega, então todos se emudecem e não raro eles reagem da mesma forma que os judeus reagiram contra a verdade exposta por nosso Senhor.
        Caro leitor, encerro aqui a introdução na firme esperança de que meus leitores possam entender a razão que venho expor esse texto de João 8:34. Mas o principal objetivo é levar aos pecadores o fato que a salvação em Cristo só é conhecida realmente quando vemos nossa necessidade de libertação. Quando homens e mulheres se veem aprisionados e incapazes de sair, eis que eles clamam por libertação. Oh! Que o Senhor venha abrir os olhos de milhares, a fim de que passem a conhecer o real poder da tão grande salvação que há em Cristo Jesus.