SPURGEON
“Se alguém não nascer
de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3)
No dia-a-dia nossos pensamentos estão
sempre ocupados com coisas que são necessárias à nossa existência. Ninguém
reclama quando o preço do pão é discutido com frequência em tempos de escassez,
porque todos sabem que o assunto é de máxima importância para a população. Por
isso ninguém reclama da menção constante do tema em discurso e em artigos de
jornal. Posso trazer a mesma desculpa, portanto, por trazer a vocês esta manhã
o tema da regeneração. Ele é de importância vital e absoluta, o ponto central
do evangelho, o item sobre o qual a maioria dos cristãos concorda, todos os que
são cristãos em verdade e sinceridade. Esse assunto é a própria base da
salvação, o alicerce das nossas esperanças pelo céu. Assim como numa construção
tomamos todos os cuidados necessários com a fundação, devemos nos certificar
com cuidado se realmente nascemos de novo, tomando as providências para toda a
eternidade. Há muitos que acham que são nascidos de novo e não são. É bom,
portanto, que nos analisemos com frequência, e é obrigação do pastor levantar
as questões que levam ao auto-exame e tendem a sondar o coração e testar o
controle dos filhos dos homens.
A princípio farei algumas observações
sobre o novo nascimento; em segundo lugar, direi o que significa que alguém não
pode ver o reino de Deus se não nasceu de novo; depois disso veremos por que “se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”; por último exortarei
as pessoas, como embaixador de Deus.
1. Primeiro,
então, a questão da regeneração. No esforço de explica-la, devo destacar antes
de tudo a ilustração que é usada. Nos é dito que as pessoas têm de nascer de
novo. Não posso ilustrar isso melhor do que imaginando um caso. Imagine que na
Inglaterra fosse aprovada uma nova lei do acesso à corte real: o atendimento
nas repartições públicas e qualquer privilégio na nação só seria dado a quem
tivesse nascido na Inglaterra – que o nascimento teste país se tornasse
condição sine qua non, e que fosse declarado definitivamente que, não importa o
que as pessoas fossem ou fizessem, se não tivessem nascido como súditos
ingleses, não poderiam entrar na presença da Sua Majestade, usufruir dos serviços
do Estado nem qualquer privilégio dos cidadãos. Acho que, se vocês puderem
imaginar um caso como este, poderei ilustrar a diferença entre as mudanças e
reformas que as pessoas fazem em si mesmas e a verdadeira obra de ser nascido
de novo. Imaginemos, então, que um estrangeiro – um índio, por exemplo – viesse
a esse país e se esforçasse por obter os privilégios de um cidadão, bem sabendo
que a regra é absoluta e não pode ser alterada, que os privilégios são só para
os súditos nascidos aqui. Imaginemos que ele diga: “Vou mudar meu nome;
adotarei o nome de um inglês. Entre os sioux tenho uma posição muito importante,
um nome como Filho do Grande Vento do Oeste ou algo assim, mas adotarei um nome
inglês, cristão, súdito do rei”. Vocês acham que ele será aceito? Você o vê se
aproximando dos portões do palácio e solicitar admissão. Ele diz:
- Adotei um nome inglês.
- Mas você é um inglês que nasceu e
cresceu aqui?
- Não, não sou.
- Então as portas precisam ficar fechadas
para você, porque a lei é absoluta. Mesmo que você tivesse o nome da família
real, se não nasceu aqui, você fica fora.
(continua)
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