“Compadece-te
de mim, ó Deus, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas
transgressões. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu
pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões e o meu pecado está sempre
diante de mim” (SALMO 51:1-3)
O HORROR DO PECADO MEDIDO NO DESESPERO
Caro
leitor, qual foi a reação do rei Davi assim que Natã o deixou? Aquela luz
trazida por um profeta de Deus foi de um brilho total em seu coração. Naquele
instante Davi se viu completamente descoberto e sua maldade apareceu perante
seus olhos com todo seu formado de terror, de verdadeira alucinação. Naquele
momento Davi pode sentir um pouco o que significa o inferno, o distanciamento
de Deus. Naquele momento o horror dos seus pecados apareceu e ele viu o que
havia cometido, como em sua vaidade carnal quis agradar suas paixões infames;
como foi e deitou-se com uma mulher alheia, e indo mais longe, mandando
assassinar um inocente, um valente e corajoso soldado que estava à serviço do
reino em Israel. Naquele momento Davi percebeu que aquilo que parecia ser tão
lisonjeador no íntimo lhe havia levado a se tornar um adúltero, um assassino,
um covarde, cruel e desumano. Ele percebeu que seu ato havia desmanchado tudo,
havia arrancado o cenário da glória de um Deus que havia lhe chamado para
chefiar o povo de Deus com justiça e retidão.
Ora, Deus
havia descoberto aquilo que o rei havia tentado encobrir, dopando sua
consciência e tentando operar justiça com um cetro sujo. Poderia ele agir
assim? Jamais! Ele não era um Saul cortejado pelo povo e depois entregue a si
mesmo. Davi foi o rei chamado por Deus para que seu reino servisse como símbolo
do reino eterno de Cristo que seria implantado no mundo. Portanto, nada
passaria em vão; a graça não o deixaria fugir; o amor eterno lhe cercaria e a
santa lei viria com seus trovões para mostrar o que significa ser punido
severamente. O profeta Natã foi ao palácio para apontar seu dedo bem na face do
rei e dizer-lhe: “Tu és o homem!”. Natã saiu dali não por medo, mas sim para
deixá-lo a sós com Deus, como que dizendo: “Agora se vire diante desses fatos
descobertos!”. Um verdadeiro amigo saiu para que ele ficasse perante o
verdadeiro Rei. Ali estava um pobre rei terreno, mortal, feito de barro, agora
perante a majestade santa e eterna.
Caro
leitor, jamais houve um acontecimento semelhante, um cenário de humilhação
extrema, mas tudo foi feito a fim de mostrar ao mundo e aos crentes o que significa
o horror do pecado. Tudo ocorreu para que o Espírito Santo trouxesse a nós o
Salmo 51, o qual traz aos nossos corações o real significa de depravação total
e de verdadeira eterna salvação. Precisamos conhecer os ensinos profundos e
preciosos deste Salmo, precisamos ser humilhados mediante as pregações deste
Salmo e precisamos conhecer o Deus de toda graça que é buscado por um autêntico
pecador neste Salmo.
Enfim,
neste mundo tão dominado pela vaidade, mundo que procura encobrir tudo e
declarar que os homens são livres para cometer suas loucuras e maldades, o
Salmo 51 vem para dizer a todos que o pecado é o mesmo com seus terrores; que
os homens não são melhores, mais cheios de direitos de viver em suas
imundícies. Se pecadores não perceberem suas misérias aqui, antes da morte, eis
que verão tardiamente para o horror eterno.
Digo também
que a igreja, o povo de Deus precisa saber que graça não é uma permissão para
as loucuras da carne; que precisamos do Senhor e que se não nos humilharmos Ele
permitirá que caiamos nesse profundo poço da perdição, com consequências
terríveis para a vida aqui. Davi nunca mais foi o mesmo, como no início do seu
reino. A graça perdoa, nos ergue, mas não remove as cicatrizes deixadas pelo
pecado.
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