“Então, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei
para onde quer que fores” (Mateus 8:19)
Caro leitor, quem podia julgar as
intenções desse escriba? Que autoridade temos para afirmar que seus objetivos
não eram provenientes de um coração santificado? Examinemos bem, porque ele
mostrou em suas palavras um interesse difícil e ser visto por muitos
religiosos. Afinal, sua boca confessava que ele estava pronto a seguir Jesus;
que estava disposto a ser um apreciador de Seus ensinos e a andar com Ele por
onde Ele fosse.
Mas o leitor atento há de perceber que
ali estava alguém que não passava de um mero religioso; alguém que conhecia bem
a Escritura do Velho Testamento, mas que desconhecia o poder da Palavra no
coração. Sua confissão não provinha de lábios santificados, mas sim de um homem
levado pelo sentimento e apreciador de bons intentos religiosos. Notemos bem
que nosso Senhor imediatamente colocou obstáculos no caminho desse escriba,
porquanto já conhecia bem seu coração e já sabia que ele não tinha mãos
santificadas para servi-Lo; não tinha lábios puros para invocar Seu Nome; não
tinha olhos espirituais abertos para enxergar Sua glória nem tinha pés
obedientes para andar por veredas que somente os salvos podem trilhar (Isaías
55). Aquele homem não passava de um pobre cego e paralítico sem qualquer
habilidade da graça para andar e viver para Deus.
Cheguemos perto e chequemos sua
linguagem. Primeiramente, nota-se que Ele não chega a Cristo como um discípulo,
um salvo. Sua abordagem é de particularidade de um religioso e de posição: “...e disse-lhe: Mestre...”. Note bem sua
linguagem lisonjeira, querendo mostrar que estava apto para seguir um Mestre
como aquele; seguir um hábil ensinador e ser notado por todos. Em segundo
lugar, sua intenção não foi pautada em conhecimento sóbrio, foi apenas
circunstancial. Ele desconhecia quem era aquele Mestre; nada sabia acerca da
missão do Cordeiro de Deus que veio ao mundo para ir até a cruz; desconhecia o Salvador
bendito ali em sua presença. Aquele escriba não foi a Cristo como um pecador, nem
sequer pensava nas reais consequências. Também é de vital importância notar que
o Senhor não o chamou para segui-Lo. O discipulado era um privilégio dado a
seguidores convocados pelo Senhor.
Tendo essas verdades em mente,
percebemos como as palavras do Senhor chegam para simplesmente apagar todo
aquele desejo ligado a sentimentos carnais: “As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do
Homem não tem onde reclinar a cabeça” (verso 20). Essas palavras tão sábias
do Senhor chegaram para fazer um incrédulo pensar e meditar bem. Vieram para
checar um coração incrédulo e mostrar o que realmente significava seguir ao
Senhor. Seguir a Cristo significava seguir Aquele que não achou guarida neste mundo
que Ele mesmo criou; que não haveria nenhum lugar onde achasse conforto; que
não seria bem recebido; que o mundo religioso o rejeitaria; que o mundo
político estaria disposto a matá-lo e que restariam aqui sofrimentos e
aflições. Por fim, aquele escriba não ouviu o “segue-me” dos lábios do Senhor. Ele faz isso com um discípulo,
conforme o verso 22.
Caro leitor, quanta presunção por parte
do homem em querer seguir a Cristo! Quantos começam bem, mas logo descobrem que
não era aquilo que realmente queriam! Quantos começam com veemente fervor, mas
logo que chega a necessidade de perseverança olham para o mundo e escorregam ou
para a direita ou para a esquerda. Seguir
a Cristo é a excelência dos privilégios e é um convite que cabe ao Senhor
fazer. Os que Ele mesmo convoca são fortalecidos com graça para viver num mundo
sem “ninho” nem “covis” para os santos do Senhor. Seguir a Cristo não tem lugar
para lábios lisonjeiros; para corações profanos; para mentes e sentimentos não
santificados pela graça! Portanto, o momento não é para tomar decisão
precipitada, mas sim tomar a atitude de humilhação perante o Senhor!
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