C.
H. Spurgeon -
SALMO 11
Charles Simeon dá um resumo excelente
deste Salmo nas seguintes frases:—"Os Salmos são um repositório rico de conhecimento
experimental. David, nos diferentes períodos da sua vida, foi colocado em quase
todas as situações em que um crente, seja rico ou pobre, pode ser colocado;
nestas composições divinas ele delineia todos os funcionamentos do coração. Ele
introduz, também, os sentimentos e a conduta das várias pessoas que foram
instigadores ou para as suas dificuldades ou para a sua alegria; e deste modo
estabelece perante nós um compêndio de tudo o que se está passando nos corações
de homens em todo o mundo. Quando ele escreveu este Salmo estava sob a
perseguição de Saul, que buscava a sua vida, e o caçava ‘como a uma perdiz nas
montanhas.’ Os seus tímidos amigos estavam alarmados pela sua segurança, e
recomendaram-lhe para que fugisse um pouco para a montanha onde ele tinha um
esconderijo, e, portanto, para ocultar-se da ira de Saul. Mas David, sendo
forte na fé, rejeitou a ideia de recorrer a quaisquer expedientes covardes, e
determinou confiadamente repousar a sua confiança em Deus."
Para
nos ajudar a recordar este Salmo tão breve, mas tão doce, dar-lhe-emos o nome
de «CÂNTICO DO AMIGO FIRME E FIEL». C. H. S.
Os
amigos de David, ou os que diziam sê-lo, advertiram-no para que fugisse para a parte
do país montanhoso em que tinha nascido, e que permanecesse ali escondido
durante um tempo até que o rei se lhe mostrasse mais favorável. David naquela
ocasião não aceitou o conselho, embora mais tarde parece havê-lo seguido. Este
Salmo aplica-se ao estabelecimento da Igreja contra as calúnias do mundo e dos
conselhos de acordo e de arranjos dados pelo homem, afirmando que a confiança
tem de ser colocada em Deus, o Juiz de todos. W. Wilson,
DD, in loc., 1860.
Notemos
de que modo tão notável este Salmo corresponde à libertação de Ló quando ele se
achava em Sodoma. Este versículo, com a exortação do anjo: «Escapa para
montanhas, para que não sejas consumido», e a resposta de Ló: «Não posso
escapar para as montanhas, não seja que me alcance o mal, e morra» (Gênesis
19:17-19). E também: «Jeová tem no céu o seu trono, e sobre os maus fará
chover calamidades; fogo, enxofre e vento abrasador será a porção do cálice
deles»; com: «Então o Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e
fogo do céu»; e também: «Os retos contemplarão o seu rosto», com: «livrou
ao justo Ló... porque este justo, que residia entre eles, afligia a cada
dia a sua alma justa, vendo e ouvindo os fatos iníquos deles» (II S. Pedro
2:7, 8).
Dos
combatentes no lago Thrasymene dizia-se que estavam tão absortos no combate que
nem uns nem outros se deram conta das convulsões da natureza que tinham lugar
no terreno que pisavam. O mesmo ocorre, embora com uma causa mais nobre, aos
soldados do Cordeiro. Creem, e por isso não se apressam; mais que, podem apenas
sentir as convulsões da terra, como os demais homens, devido ao seu anelo de
seguir adiante para chegar ao advento do Senhor. Andrew A.
Bonar.
Vers.
1-3. Estes versículos contêm um relato de uma tentação para desconfiar de Deus,
a qual tinha causado grande desassossego em David numa ocasião que não se
menciona. É possível que nos dias em que se achava na corte de Saul o
aconselhassem a que escapasse por uns momentos e que a sua fuga podia ser
atribuída a um não cumprimento do seu
dever a respeito com o rei ou a uma prova de covardia pessoal. O seu caso era
como o de Neemias, quando os seus inimigos, sob o pretexto da amizade,
esperavam apanhá-lo uma vez em que fugisse para salvar a sua vida, mediante os
conselhos que lhe davam. C. H. S.
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