quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Tesouro de David (1)



C. H. Spurgeon -
SALMO 11
         Charles Simeon dá um resumo excelente deste Salmo nas seguintes frases:—"Os Salmos são um repositório rico de conhecimento experimental. David, nos diferentes períodos da sua vida, foi colocado em quase todas as situações em que um crente, seja rico ou pobre, pode ser colocado; nestas composições divinas ele delineia todos os funcionamentos do coração. Ele introduz, também, os sentimentos e a conduta das várias pessoas que foram instigadores ou para as suas dificuldades ou para a sua alegria; e deste modo estabelece perante nós um compêndio de tudo o que se está passando nos corações de homens em todo o mundo. Quando ele escreveu este Salmo estava sob a perseguição de Saul, que buscava a sua vida, e o caçava ‘como a uma perdiz nas montanhas.’ Os seus tímidos amigos estavam alarmados pela sua segurança, e recomendaram-lhe para que fugisse um pouco para a montanha onde ele tinha um esconderijo, e, portanto, para ocultar-se da ira de Saul. Mas David, sendo forte na fé, rejeitou a ideia de recorrer a quaisquer expedientes covardes, e determinou confiadamente repousar a sua confiança em Deus."
         Para nos ajudar a recordar este Salmo tão breve, mas tão doce, dar-lhe-emos o nome de «CÂNTICO DO AMIGO FIRME E FIEL». C. H. S.
         Os amigos de David, ou os que diziam sê-lo, advertiram-no para que fugisse para a parte do país montanhoso em que tinha nascido, e que permanecesse ali escondido durante um tempo até que o rei se lhe mostrasse mais favorável. David naquela ocasião não aceitou o conselho, embora mais tarde parece havê-lo seguido. Este Salmo aplica-se ao estabelecimento da Igreja contra as calúnias do mundo e dos conselhos de acordo e de arranjos dados pelo homem, afirmando que a confiança tem de ser colocada em Deus, o Juiz de todos. W. Wilson, DD, in loc., 1860.
         Notemos de que modo tão notável este Salmo corresponde à libertação de Ló quando ele se achava em Sodoma. Este versículo, com a exortação do anjo: «Escapa para montanhas, para que não sejas consumido», e a resposta de Ló: «Não posso escapar para as montanhas, não seja que me alcance o mal, e morra» (Gênesis 19:17-19). E também: «Jeová tem no céu o seu trono, e sobre os maus fará chover calamidades; fogo, enxofre e vento abrasador será a porção do cálice deles»; com: «Então o Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do céu»; e também: «Os retos contemplarão o seu rosto», com: «livrou ao justo Ló... porque este justo, que residia entre eles, afligia a cada dia a sua alma justa, vendo e ouvindo os fatos iníquos deles» (II S. Pedro 2:7, 8).
         Dos combatentes no lago Thrasymene dizia-se que estavam tão absortos no combate que nem uns nem outros se deram conta das convulsões da natureza que tinham lugar no terreno que pisavam. O mesmo ocorre, embora com uma causa mais nobre, aos soldados do Cordeiro. Creem, e por isso não se apressam; mais que, podem apenas sentir as convulsões da terra, como os demais homens, devido ao seu anelo de seguir adiante para chegar ao advento do Senhor. Andrew A. Bonar.
         Vers. 1-3. Estes versículos contêm um relato de uma tentação para desconfiar de Deus, a qual tinha causado grande desassossego em David numa ocasião que não se menciona. É possível que nos dias em que se achava na corte de Saul o aconselhassem a que escapasse por uns momentos e que a sua fuga podia ser atribuída a um  não cumprimento do seu dever a respeito com o rei ou a uma prova de covardia pessoal. O seu caso era como o de Neemias, quando os seus inimigos, sob o pretexto da amizade, esperavam apanhá-lo uma vez em que fugisse para salvar a sua vida, mediante os conselhos que lhe davam. C. H. S.


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