quarta-feira, 21 de maio de 2014

DEBAIXO DO AMOR OU DA IRA (5)




Por isso, quem crê no filho tem a vida eterna; o que todavia, se mantém rebelde contra o filho, não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. João 3:36.
         Amigo leitor procurei enfatizar o assunto do arrependimento como algo essencial na obra da fé. É de suma importância aqui esclarecer que nem toda manifestação de arrependimento é verdadeiramente o arrependimento que vem de Deus. Judas, depois de ter traído o Senhor, deu uma impressão de arrependimento, mas foi apenas um remorso que o levou ao suicídio. Alguém pode sentir uma tristeza porque cometeu um determinado pecado, vai chegar à margem de sua cama, vai ajoelhar e pedir perdão, mas foi apenas um remorso egoísta. Quando aquele transe passar, e as paixões reativarem, ele voltará a prática pecaminosa.
         Amigo leitor, enquanto não houver a evidência da fé que leva o pecador a olhar para o Senhor Jesus, não aconteceu o genuíno arrependimento. Pedro negou a Jesus três vezes, foi uma tragédia que ocorreu em sua vida; foi um verdadeiro golpe na vida daquele Apóstolo que confiava muito em sua capacidade própria. Pedro chorou, mas nem sempre o choro estará indicando quebrantamento. Não são as lágrimas do coração. Mas Pedro chorou, e aquele choro foi importante, pois foi uma obra de arrependimento: prostrou aquele homem. Pedro foi defrontar-se com seu mestre novamente após a ressurreição. Após aquela pesca milagrosa, os discípulos desceram do barco para aproximarem do mestre Amado na praia do mar da Galiléia. O Senhor Jesus, aproximando-se de Pedro, disse-lhe: “Simão, filho de Jonas amas-me”.
         Essa pergunta foi feita três vezes, pois Pedro havia negado três vezes. Notemos algo interessante naquele encontro. Primeiro, estava ali um homem humilhado, convicto de seu pecado, mas cheio de convicção do amor do Senhor. Pedro não procurou camuflar-se; não encobriu as suas culpas; não desculpou-se. O Senhor Jesus foi a Pedro, e não o chamou de Pedro, mas de Simão. Ora, o nome Pedro significa pedra pequena, e foi o próprio  Jesus quem lhe tinha dado tal nome. Mas o Senhor foi àquele homem chamando-lhe pelo nome que seus pais lhe haviam dado. O Senhor Jesus chega a Ele com terno amor e lhe pergunta: “Simão, tu me amas?” Simão responde: “Sim Senhor, tu sabes que eu te amo!”
         O interessante aqui é que Pedro respondeu a Cristo não usando a mesma palavra que foi usada por Cristo. Quando o Senhor perguntou-lhe se ele O amava, o Senhor usou a palavra ágape e ágape significa  de fato o amor verdadeiro; o amor sacrificial, o amor que é derramado no coração do salvo pelo Espírito Santo. Mas, Simão respondeu-lhe usando a palavra  filós e filós significa amor natural, amor de amizade. Veja a confissão de Simão; Cristo havia lhe perguntado: Simão, tu me amas com o amor sacrificial, eu te amei Simão ao ponto de morrer por ti, é esse amor que tu tens por mim?
         Jesus não estava cobrando nada; Ele ama o pecador incondicionalmente. Ele estava apenas levando Simão a conhecer o seu próprio coração. Simão lhe respondeu: “Senhor, tu sabes que eu gosto de ti.” Pedro respondeu sempre assim nas três vezes. Na terceira  vez que ele foi mais firme ainda: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu gosto de ti”. Pedro estava na realidade dizendo: Eu estava te seguindo não por ter um coração transformado, mas porque eu tinha o Senhor como um grande amigo. Ali foi o momento em que a misericórdia do Senhor foi estendida para aquele homem, e doravante  Pedro era uma nova criatura.
         Ó meu amigo, sem arrependimento, como o pecador vai olhar para a suficiência do calvário? Como vai beber a água da vida se nunca sentiu a intensa sede espiritual? Sem arrependimento o homem continua sendo o mesmo homem, endurecido contra o Espírito de Deus. Poderá dar uma impressão de temor a Deus, mas será apenas algo de fora, não será algo do coração.

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