sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O VELHO EVANGELHO Spurgeon




Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28)
         Sem dúvida, vós já escutastes muitos sermões que tiveram como base este versículo. Eu mesmo o utilizei, não sei quantas vezes—não às vezes suficientes, contudo, como queria fazê-lo, se Deus me desse vida! Este versículo é uma daquelas grandes e inesgotáveis fontes de salvação das quais podemos extrair sempre um conteúdo, porquanto jamais a podemos extinguir. Um nosso provérbio diz: “As fontes mais tiradas são as mais doces.” E, quanto mais tiramos dum versículo como este, mais doce e cheio de significado ele se torna para nós.
         Nesta ocasião, vou utilizar este versículo de uma maneira especial, para extrair apenas um único ponto do seu ensino. Poderia falar, se assim o quisesse, do repouso que Jesus Cristo dá ao coração, à mente e à consciência daqueles que acreditam Nele. Este é o repouso, este é o refrigério que encontram aqueles que vêm a Ele, já que podemos ler no versículo: “Eu vos refrescarei” ou “Eu vos aliviarei”. E eu teria um tema muito doce se falasse sobre o maravilhoso alívio, do Divino refrigério, do bendito repouso que vem ao coração quando há fé em Jesus Cristo.
         Que todos vós possais experimentar essa bênção, queridos amigos! Que o vosso repouso e a vossa paz sejam muito profundas! Que não seja um descanso fingido, mas seja um descanso que resista ao exame e à verificação! Que o vosso repouso seja duradouro! Que a vossa paz seja como um rio que nunca deixa de correr! Que a vossa paz seja sempre uma paz segura, não uma paz falsa, cujo fim é a destruição! Mas uma paz verdadeira, sólida, justificável, que resista durante todo o tempo da vossa vida, e, que por fim, se dissipe no repouso de Deus, à Sua mão direita, por toda a eternidade! Bem-aventuradas são as pessoas que assim descansam em Cristo—que possamos nós estar entre esse número—e se assim é conosco, que possamos entrar já, ainda mais profundamente no Seu glorioso descanso.
         Eu também poderia falar queridos Amigos, acerca das diversas maneiras nas quais o Senhor dá descanso aos Crentes. E eu poderia dirigir-me, especialmente, a alguns de vós que são Crentes, mas que não pareceis entrar no descanso como tendes a obrigação moral de o fazer. Há alguns de nós que trabalhamos em excesso com as coisas deste mundo, ou somos atribulados pelos nossos próprios sentimentos. Estamos perplexos e somos sacudidos daqui para acolá por dúvidas e temores. Deveríamos estar descansando, já que “nós que temos crido, entramos no repouso”. O repouso é o nosso dote legal — “Sendo justificados pela fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” Mas, de uma maneira ou de outra, alguns dos que são assim justificados não parecem alcançar esta paz, ou gozar deste repouso como deveriam, e talvez, enquanto eu falo, que eles possam encontrar a razão pela qual não obtêm o repouso e a paz que deveriam ter.
         Certamente, o nosso Senhor Jesus Cristo, quando pronunciou as palavras do nosso versículo, não falou apenas para um grupo em particular. Para todos os que estão cansados e oprimidos — quer sejam Cristãos amadurecidos ou gente não convertida — Ele diz: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei.” Eu certamente me regozijarei se, como resultado do meu sermão, alguns dos que aqui vieram aflitos e queixosos, talvez com um espírito decaído e um coração oprimido, venham novamente a Cristo, aproximando-se dEle uma vez mais, entrando em contacto novamente com Ele, e assim encontrarão descanso para as suas almas. Então, será duplamente doce vir e estar sentado à Mesa da Comunhão, descansando durante todo esse tempo — repousando e festejando — não de pé, com os lombos cingidos e com o bastão na mão, como fizeram aqueles que participaram da Páscoa no Egito — mas repousando, como fizeram aqueles que participaram da Último Ceia, quando o Senhor estava reclinado no meio dos Seus apóstolos. Portanto, que as vossas cabeças repousem espiritualmente sobre o Seu peito e que os vossos corações encontrem refúgio nas Suas feridas, enquanto O ouvis dizer-vos outra vez: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.”
         No entanto, não é a respeito dessa Verdade de Deus em particular sobre a qual vos falarei hoje. Quero tomar somente este pensamento — a Glória de Cristo, de maneira que Ele nos possa dizer algo assim — o esplendor de Cristo, para que seja possível que Ele diga: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Estas palavras, provenientes da boca de qualquer outro ser humano, seriam ridículas e até blasfemas. Pensemos no poeta mais inspirado, no maior filósofo, ou no rei mais poderoso, mas quem, até com a alma muitíssimo maior, se atreveria a dizer a todos os que estão cansados e oprimidos em toda a raça humana: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei”? Onde há asas tão largas que possam cobrir a cada alma entristecida, exceto as asas de Cristo? Onde há um porto de abrigo com a capacidade suficiente para albergar a todos os navios do mundo, para refugiar a cada navio sacudido pela tempestade que alguma vez tenha sulcado o mar? Onde, a não ser no refúgio da alma de Cristo, em Quem habita toda a plenitude da Deidade! E, portanto, em Quem há espaço e misericórdia suficientes para todos os afligidos filhos dos homens!
         Então, esse será, o sentido da minha mensagem. Que o Espírito de Deus, pela Sua graça me ajude a apresentá-lo!

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