Sermão de
Jonathan Edwards
“Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar
este corpo, para habitar com o Senhor.” (2Coríntios 5:8)
3. Os santos no céu têm comunhão
com Cristo no serviço bem-aventurado e eterno de glorificar o Pai.
Quando
Cristo instituiu a Ceia do Senhor e comeu e bebeu com os discípulos à mesa,
dando-lhes nesse particular uma representação e penhor do futuro banquete com
Ele e da bebida do novo vinho no Reino do Pai celeste, nesse momento Ele os
conduziu em seus louvores a Deus no hino que cantaram. Não há que duvidar que
da mesma forma Ele conduz os discípulos glorificados ao céu. Davi, como o amado
salmista de Israel, conduziu a grande congregação do povo de Deus nos cânticos
de louvor. Nisto, como em outras coisas inumeráveis, ele tipifica a Cristo,
frequentemente mencionado na Escritura pelo nome de Davi. Muitos dos salmos que
Davi escreveu eram cânticos de louvor que ele, pelo espírito de profecia,
proferiu em nome de Cristo, como Cabeça da Igreja e conduzindo os santos nos
louvores. Cristo no céu conduz a assembleia gloriosa nos louvores a Deus como
Moisés conduziu a congregação de Israel pelo mar Vermelho, o que está implícito
nas palavras: “Eles cantam o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro.” João
nos fala que ouviu uma voz sair do trono dizendo: “Louvai o nosso Deus, vós,
todos os seus servos, e vós que o temeis, tanto pequenos como grandes” (Ap
19:5). Quem proferiu esta voz que saiu do trono, senão “o Cordeiro que está no
meio do trono” conclamando a assembleia gloriosa dos santos a louvar o seu Pai
e Pai deles, o seu Deus e Deus deles? Qual seja a consequência desta voz,
ficamos sabendo nas seguintes palavras: “E ouvi como que a voz de uma grande
multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes
trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor, Deus Todo-poderoso, reina” (Ap
19:6).
O
assunto que estamos considerando pode ser utilmente aplicado a modo de
exortação. Que sejamos todos exortados seriamente a buscar esse grande privilegio
do qual falamos, que quando ''[deixamos] este corpo, [vamos] habitar com o
Senhor” (2Co 5:8). Não podemos permanecer para sempre neste tabernáculo
terrestre. Ele é muito frágil e logo se deteriorará e cairá, e está
continuamente sujeito a ser vencido por inumeráveis meios. Nossa alma em breve
tem de deixar o corpo e entrar no mundo eterno. Quão infinitamente grande será
o privilégio e felicidade dos que, naquele momento, irão estar com Cristo na
sua glória, da maneira como foi representada! O privilégio dos doze discípulos
era grande por estarem constantemente com Cristo como sua família no estado de
sua humilhação. O privilégio dos três discípulos era grande por estarem com Ele
no monte da Transfiguração, onde lhes foi mostrado uma ténue semelhança da
futura glória dEle no céu, como eles viram seguramente no atual estado fraco,
frágil e pecador. Eles ficaram grandemente encantados com o que viram e
desejosos de fazer tabernáculos para morar neles e não descer mais do monte.
Também foi grande o privilégio de Moisés quando esteve com Cristo no monte
Sinai e lhe pediu que mostrasse a sua glória, e ele o viu pelas costas quando
Ele passou e o ouviu proclamar seu nome. Mas o privilégio de que falamos não é
infinitamente maior? O privilégio de estarmos com Cristo no céu onde Ele se
assenta no trono, como o Rei dos anjos e o Deus do universo, brilhando como o
Sol daquele mundo de glória — para habitarmos na visão plena, constante e
perpétua da sua beleza e brilho, conversarmos com Ele livre e intimamente e desfrutarmos
seu amor inteiramente, como amigos e irmãos, compartilharmos com Ele no prazer
e gozo infinitos que Ele tem no prazer do Pai, assentarmo-nos com Ele no trono,
reinarmos com Ele na posse de todas as coisas, participarmos com Ele da glória
da sua vitória sobre os inimigos e o progresso do seu Reino no mundo e
unirmo-nos com Ele nos alegres cânticos de louvor ao seu Pai e nosso Pai, ao
seu Deus e nosso Deus, para sempre e sempre. Não é este um privilégio digno de
ser buscado?
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