terça-feira, 17 de abril de 2012

BENÇÃO E MALDIÇÃO (23)



“... Ai de vós os que agora rides! Porque vos lamentareis e chorareis” Lucas 6:25
OS QUE AGORA RIEM
Prosseguindo em nosso estudo acrescento que esse “riso” mencionado pelo Senhor no texto lido é o resultado de também se sentir seguro. É a famosa paz que o mundo dá, falsa paz que o pecado estabelece no coração da alma que está “rica”. Temos essa verdade claramente apresentada no Salmo 36 onde o Espírito Santo mostra o que está escondido no coração de uma alma que não tem o temor de Deus. Embrenhada no coração está uma voz que é chamada de “a voz da transgressão”. A pessoa é lisonjeada pelo próprio pecado e diz o texto que não há o temor de Deus em seu coração. Sua capacidade espiritual de visão está completamente obstruída; sua habilidade de pensar e raciocinar de maneira sensata está em trevas e assim a pessoa não percebe que há um Deus Onisciente o qual vê tudo o que ela faz, o que ela pensa e o que ela fala; um Deus Onipresente que afirma que nada está oculto perante Sua face, porquanto Ele ocupa céus e terra; um Deus Onipotente que tem tudo em mãos para executar juízo contra a maldade a qualquer momento.
Por exemplo, um homem que pratica o pecado da imoralidade, imediatamente no seu íntimo, o próprio pecado afirma que ele é homem suficiente para fazer o que ele está fazendo, que ninguém está vendo e que não haverá nenhuma punição pelo seu erro. Ele está escondido num quarto sem imaginar que não há meios de se esconder daquele que é onipresente e que é também Onipotente para tratar o culpado como culpado. O homem no pecado anda neste mundo assim achando que seu caminho está livre e que não há qualquer manifestação de juízo por parte de Deus.
Há também, um “riso” como resultado da pessoa sentir-se livre e auto-suficiente. Temos na bíblia uma passagem que mostra claramente esse fato na vida de milhares de homens que transitam neste mundo carregando esse perigoso “riso”. No Salmo 73 vemos ali na vida do salmista o que acontece com muitos que são crentes. O Salmista estava como que indignado ante o sucesso visto no viver de homens e mulheres que nada tinham do temor reverente de Deus. Eles eram pessoas bem sucedidas em todos os setores desta vida. Eles tinham dinheiro para gastar; tinham uma vida abastada de tudo aquilo que queriam possuir; tinham até mesmo saúde. Isso irritava o salmista, e ele conjecturava consigo mesmo: “Como é que esses homens têm tudo isso, e eu como uma pessoa crente que tem o temor do Senhor, vivo uma vida de dificuldade, e até mesmo parece que o meu Deus se importa mais com eles do que comigo mesmo”.
O que vemos posteriormente é uma descrição do que é a vida de uma pessoa ímpia que se sente assim livre e auto-suficiente para viver como quer e fazer o que bem quiser. Milhares vivem a vida assim. Não há em suas vidas qualquer necessidade de ajuda de outrem. Essas pessoas dependem de si mesmas para viverem; não há nenhuma razão para pedir qualquer coisa de Deus porque podem com seus braços alcançar o que bem quiserem alcançar; não há razão para dar graças a Deus por aquilo que tem porque estão conscientes em seus corações que têm o que têm porque foram capazes de adquirir; não há razão de precisarem de outro Senhor na vida, pois eles mesmos não querem que outro, fora do pecado venha dominar e dirigir seu viver. A estultice de seus corações leva-os a pensar e agir assim, eles sentem-se livres para falar o que bem quiserem, para ir onde quiserem, para comprar o que bem quiserem comprar, e vão dizer que não tem ninguém para mandar neles. Há nesses corações um “riso” porque estão certas que são pessoas felizes.
Eis aí o convite da graça aos pecadores, para que eles acordem! O perigo jaz adiante! A morte espreita às margens do caminho sem que os homens saibam quando será seu fim. Eis agora o momento oportuno para a salvação! Eis que o Bendito Salvador está perto e pronto para salvar perdidos.
Agora ouso ir adiante para mostrar o que é que promove esse perigoso “riso” num coração não salvo. Já mostrei no Salmo 36 que há uma voz secreta escondida no íntimo, a qual leva a pessoa a imaginar que não somente ela tem o direito de fazer o que quer fazer como também leva a pensar que não há um Deus Onisciente o qual há de punir seu pecado. Que voz secreta é essa voz? Temos a resposta claramente exposta na carta de Paulo aos Romanos no cap. 6. Ali Paulo mostra que é o pecado o poder que reina absolutamente no coração daquele que ainda não é salvo. O pecado é o rei que está assentado no trono do coração e que comanda tudo aquilo que o ser humano não salvo faz. É o pecado quem faz do homem um escravo que continuamente lhe é submisso e que lhe obedece todos seus impulsos; é o pecado que não somente leva o pecador a viver na prática do pecado, como também faz usufruir do salário, do gozo passageiro que o pecado traz e que fornece ao coração enganado um sentimento de prazer e de sorriso.
         Vou mais longe para afirmar que tem também o mundo inteiro para trazer amplo sorriso e satisfação ao coração, e o líder mundial é o encantado príncipe das trevas. O mundo é o verdadeiro encanto para atrair as paixões da carne, dos olhos e exaltar a soberba alojada no íntimo de que o homem será alguém igual ao próprio Deus. Os olhos espirituais cegados pelo deus deste século não conseguem enxergar as marcas da maldade e da destruição causados pelo diabo no mundo inteiro nas gerações passadas e na geração atual. Ele seduz as multidões e serve como um deus que se apresenta continuamente para tirar-lhes seus problemas injetando em seus corações um sentimento de satisfação e contentamento com tudo aquilo que têm recebido.
         O riso manifestado por aqueles que estão carregando a riqueza perigosa em seus corações não se trata daquilo que é apenas algo da personalidade. O riso de um coração rico e farto aparece de várias maneiras. Tem o riso da malícia, de sentir-se livre no caminho para promover desgraça nas vidas alheias. Tem o “riso” do escarnecedor. No Salmo 35 vemos como o salmista pede socorro de Deus contra essas pessoas que são verdadeiros escarnecedores. Eles cercam os crentes fiéis e sinceros procurando zombar e descobrir meios de como derrubá-los da fé que eles têm. Tem o “riso” da provocação. Notemos bem como os inimigos que queriam matar Jesus fizeram de tudo para provocar-lhe a fim de encontrar um erro Nele para que pudessem assim acusá-lo. Tem o “riso” da vingança. A famigerada e adúltera Herodias não se sentia em paz enquanto não matasse João Batista. Quando sua filha trouxe num prato a cabeça do profeta, ela tinha em seu coração um sorriso de satisfação por ter alcançado seu projeto macabro. Os filisteus fizeram grande festa ao deus deles quando conseguiram prender Sansão e arrancar-lhe os olhos. Era a alegria que resultava da maldade empreendida por eles. Tem o “riso” de sentir-se aprovado pelos homens. Por que muitos homens correm em direção aos bares e estão até mesmo prontos a gastar seus recursos pagando pinga e cerveja para seus companheiros? Porque querem sentir que agindo assim serão reconhecidos como verdadeiros homens. A chocarrice é manifestada nos grupos de homens e de jovens que se ajuntam porque querem sentir-se aprovados nos erros que praticam.
         Tem o “riso” da perversidade. Em Provérbios 26:23 o Espírito Santo diz: “Como vaso de barro coberto de escórias de prata, assim são os lábios amorosos e o coração maligno”. Nessa sabedoria dita pelo próprio Deus vemos aquilo que podemos chamar de “camuflagem”. A maldade do coração é encoberta pela aparência de bondade. Quando Herodes mandou matar alguns apóstolos, houve por parte da população de Jerusalém uma verdadeira festa. Quando os crentes eram atirados às feras no Coliseu Romano, aquela crueldade servia como espetáculo para as multidões que ali assistiam como se estivessem regozijando numa partida de futebol.
         No encontro com o Salvador esse riso leviano tem fim e assim o pecador depara-se com o temor do Senhor.

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