AS ESCRITURAS E
AS PROMESSAS.
As promessas Divinas tornam
conhecido o beneplácito da Vontade de Deus relativamente a Seu povo, de que
queria derramar sobre eles as riquezas de Sua graça. Essas promessas são os
testemunhos externos do seu coração, o qual, desde toda a eternidade os ama e
determinou previamente todas as coisas em favor deles, e acerca deles. Na
pessoa e na obra realizada por Seu Filho, Deus estabeleceu uma provisão toda
suficiente para a completa salvação deles, tanto quanto ao tempo como quanto à
eternidade.
Com a finalidade de que Seus
remidos tivessem um conhecimento autêntico, claro e espiritual, dessa provisão,
pareceu bem ao Senhor apresentá-la dentro das grandes e preciosíssimas
promessas que se encontram dispersas por todas as Escrituras Sagradas, como
outras tantas estrelas, no glorioso firmamento da graça Divina. E, através
delas, podem eles ficar certos da Vontade de Deus, em Cristo Jesus, a respeito
deles, abrigando-se em Cristo qual seu santuário, para que, por esse
intermédio, gozem de real comunhão com Deus, em Sua graça e misericórdia, a
todo o tempo, sem importar quais sejam o seu caso e as suas circunstâncias.
As promessas Divinas são
outras tantas declarações de que Deus nos propiciará algum bem, ou removerá
algum mal. Nesse sentido, elas tornam conhecido, e manifestam o amor de Deus a
Seu povo, da maneira mais abençoada possível. Há três passos vinculados ao amor
de Deus: Primeiro, há o Seu propósito
íntimo de exercê-lo; por fim, há a real execução desse propósito; mas, entre uma
e outra coisa há o desvendamento gracioso
desse propósito aos Seus beneficiários. Enquanto o amor conservar-se oculto,
não poderemos ser consolados pelo mesmo. Ora, Deus, que é "amor", não
somente ama aos que Lhe pertencem, e não somente mostrará plenamente o Seu amor
a eles, no tempo devido, mas também, nesse ínterim, conserva-os informados acerca dos Seus benévolos
desígnios, a fim de que possam descansar docemente em Seu amor, dependendo
confortavelmente de Suas firmes promessas. Por esse motivo é que somos
capacitados a dizer: "Que preciosos para mim, SENHOR, são os teus
pensamentos! E como é grande a soma deles!". (Salmo 139:17). Na passagem
de II Pedro 1:4, as promessas Divinas são referidas como, "... Preciosas e
mui grandes...".
Conforme Spurgeon salientou,
"... A grandiosidade e a preciosidade dificilmente andam juntas; mas, no
presente caso, acham-se unidas de forma admirável". Quando o Senhor acha
por bem abrir a Sua boca, revelando Seu coração, fá-lo de maneira digna de Si
mesmo, com palavras de poder e riqueza superlativos. Citando novamente aquele
amado pastor londrino: "Procedem de um grande Deus, dirigem-se a grandes
pecadores, operam em nosso favor grandes resultados, e abordam grandes
questões". E apesar de que o intelecto natural é capaz de perceber muito
dessa grandeza, somente o coração renovado, pode sentir o gosto de suas
inefáveis promessas, dizendo, juntamente com Davi: "Quão doces são as tuas
palavras ao meu paladar! mais do que o mel à minha boca" (Salmo 119:103).
1. Tiramos real proveito da Palavra, quando percebemos a Quem
pertencem as promessas.
Essas promessas foram postas
à disposição exclusivamente daqueles que estão em Cristo. "Porque quantas
são as promessas de Deus, tantas têm nele (em Cristo Jesus) o sim; porquanto,
também por ele é o amém, para glória de Deus, por nosso intermédio". (II
Coríntios 1:20). Não pode haver qualquer relacionamento entre o Deus três vezes
santo, e as criaturas pecaminosas, a não ser através de um Mediador, que tenha
satisfeito a Deus em nosso favor. Por essa mesma razão, esse Mediador deve
receber, da parte de Deus, todas as bênçãos para Seu povo, recebendo-as este
das mãos desse Mediador. Um pecador, Que despreza e rejeita a Cristo, poderia
implorar misericórdia de uma árvore, tanto quanto a implora de Deus – e nada
receberia. Tanto as promessas como as bênçãos prometidas, são entregues ao
Senhor Jesus e são transmitidas aos santos por intermédio Dele. "E esta é
a (principal e maior) promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna". (I
João 2:25). E conforme somos informados, nessa mesma epístola: "Esta vida
está no seu Filho" (I João 5:11).
Sendo as coisas assim, qual
é o benefício que podem ter aqueles que não estão em Cristo, com base nessas
promessas? Nenhum benefício! O indivíduo fora de Cristo, também não desfruta do
favor Divino; de fato, está debaixo de Sua justa indignação. Sua porção são as
ameaças Divinas, e não Suas promessas. Solene, soleníssima consideração é
aquela que diz que aqueles que estão "sem Cristo" são, "...
Separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não
tendo esperança e sem Deus no mundo". (Efésios 2:12). Somente os filhos de
Deus são igualmente "filhos da promessa" (Rom. 9:8). Certifique-se,
meu prezado leitor, de que você é um deles também.
Quão terrível, pois, é a
cegueira, e quão profundo é o pecado daqueles pregadores, que aplicam
indiscriminadamente as promessas Divinas a salvos e perdidos igualmente! Esses
não somente tomam o "pão dos filhos" e os lançam aos
"cães", mas também adulteram "... A palavra de Deus...".
(II Coríntios 4:2), além de enganarem a almas mortais. E aqueles que lhes dão
ouvidos são pouco menos culpados, porquanto, Deus reputa a todos responsáveis
por examinarem as Escrituras por si mesmos, submetendo a teste tudo quanto leem
ou escutam, através desse padrão insofismável. Se porventura alguém é por
demais preguiçoso para fazer tal exame, preferindo seguir cegamente os seus
guias cegos, então que o seu sangue recaia sobre suas próprias cabeças. A
verdade tem de ser "comprada" (Provérbios 23:23), e aqueles que não estão
dispostos a pagar o preço pela sua possessão, devem fatalmente ficar sem ela.
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