6. Tiramos real proveito da Palavra, quando esperamos com paciência,
pelo cumprimento das promessas de Deus.
Deus prometeu a Abraão um
filho; mas, Abraão teve de esperar por muitos anos, até que essa promessa
tivesse cumprimento. Simeão recebeu a promessa, de que não provaria a morte
física, enquanto não visse ao Ungido do Senhor (Lucas 2:26). Contudo, essa
promessa só se cumpriu, quando ele já estava praticamente com um dos pés no
sepulcro. Geralmente ocorre um longo e difícil
inverno, entre o tempo da semeadura da oração, e a colheita da resposta. O
próprio Senhor Jesus ainda não recebeu plena resposta para a oração que fez, e
que se acha registrada no 17o capítulo do evangelho de João, embora
a tenha feito há quase 2000 anos.
Muitas das melhores
promessas Divinas para o Seu povo, não receberão Sua mais rica realização
enquanto não Se acharem os remidos já na glória. Aquele que tem a eternidade
inteira à Sua disposição, não precisa de pressa. Com frequência Deus nos faz
esperar, a fim de que a paciência seja "aperfeiçoada"; não devemos,
pois, desconfiar Dele. "Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo
determinado, mas, se apressa para o fim, e não falhará; se tardar, espera-o,
porque certamente virá, não tardará". (Habacuque 2:3). "Todos estes
morreram na fé, sem ter obtido as promessas, vendo-as porém, de longe, e
saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra"
(Hebreus 11:13).
Neste versículo podemos
perceber o escopo inteiro da fé – conhecimento, confiança e aderência amorosa.
As palavras "... de longe...", se referem às realidades prometidas;
essas os santos antigos "viram" com a mente, discernindo a substância
existente por detrás da sombra simbólica, descobrindo nesta última, a sabedoria
e a bondade de Deus. E também "saudaram-nas", porque estavam
"persuadidos" a seu respeito. Não duvidaram, mas antes, ficaram
convictos de que haveriam de participar daquelas promessas, sabendo que não
ficariam desapontados. Essa palavra também expressa o deleite e a veneração que
tiveram, em que seus corações se aferraram às promessas com amor, saudando
cordialmente às mesmas.
As promessas foram o consolo
e o arrimo daquelas almas crentes, em suas peregrinações, tentações e
sofrimentos. Várias finalidades são alcançadas por Deus, quando Se demora na
execução de Suas promessas. Não somente a nossa fé é submetida a grande teste,
de forma que assim transparece mais claramente o seu caráter genuíno; não
somente a paciência, ou constância se desenvolve, e à esperança é conferida a
oportunidade de exercitar-se; mas, também a submissão à vontade Divina é
fomentada.
"O processo de
desligamento ainda não se cumpriu por essa altura: ainda almejamos pelos
consolos que o Senhor deseja que ultrapassemos. Abraão muito festejou quando
Isaque, seu filho, foi desmamado; e talvez nosso Pai celestial faz outro tanto
conosco. Deita-te, coração orgulhoso. Abandona os teus ídolos; esquece-te dos
teus feitos queridos; e a paz prometida te será conferida". (C. H.
Spurgeon).
7. Tiramos real proveito da Palavra, quando nos utilizamos
corretamente de suas promessas.
Em primeiro lugar, em nosso
relacionamento com o próprio Deus. Quando nos avizinhamos de Seu trono, isso
deveria ser feito para pleitearmos alguma de Suas promessas. Elas formam não
apenas o alicerce de nossa fé, mas, também, a substância dos nossos pedidos.
Precisamos fazer nossas petições de conformidade com a Vontade de Deus, se
quisermos ser ouvidos; e a vontade do Senhor acha-se revelada naquelas boas
coisas que Ele declarou que há de nos dar. Portanto, compete-nos tomar posse
das certezas que Ele nos confere, expondo-as perante Ele e dizendo: "Faze
como falaste". (II Samuel 7:25). Observamos como Jacó pleiteou certa
promessa, no trecho de Gênesis 32:12; como Moisés, o fez, na narrativa bíblica
de Êxodo 32:13; como Davi agiu, segundo se lê em Salmo 119:58; e como fez
Salomão, conforme se aprende em I Reis 8:25. Quanto a você, prezado leitor, aja
por semelhante modo.
Em segundo lugar,
utilizamo-nos corretamente das promessas de Deus, segundo a forma de vida, que
vivermos neste mundo. Na passagem de Hebreus 11:13, lemos que, os patriarcas
não somente discerniram as promessas Divinas, confiando nelas e saudando-as de
longe, mas, também somos informados acerca dos efeitos que essas promessas produziram sobre eles: "...
Confessando que eram estrangeiros, e peregrinos sobre a terra", O que
significa que, se manifestaram publicamente acerca de sua fé. Reconheceram eles
(e demonstraram-no através de sua conduta), que os seus interesses, não estavam
fixados nas coisas deste mundo; antes, sua porção satisfatória, era as
promessas de que se tinham apropriado pela fé. Seus corações se voltavam para
as realidades celestes; pois, onde estiver firmado o coração de um homem, aí
estará igualmente o seu tesouro. "Tendo, pois, ó amados, tais promessas,
purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne, como do espírito,
aperfeiçoando a nossa santidade no temor do Senhor.". (II Coríntios 7:1).
Esse é o efeito que essas
promessas devem produzir em nós; e assim sucederá, de fato, se nossa fé apossar-se delas. "... Pelas quais nos
têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas para que, por elas,
vos tomeis coparticipantes da natureza Divina, livrando-vos da corrupção das
paixões que há no mundo" (II Pedro 1:4).
Ora, quando o evangelho e
suas preciosas promessas são graciosamente conferidos, e poderosamente
aplicados, exercem profunda influência sobre a conduta, e sobre a pureza de
coração, ensinando os homens a negarem a impiedade e as concupiscências
mundanas, a fim de que vivam sóbria, justa e piedosamente.
Estes são os poderosíssimos
efeitos das promessas contidas no evangelho, debaixo da influência Divina, o
que leva os remidos a se tomarem participantes, no íntimo, da própria natureza
Divina, e para que, externamente, se abstenham das corrupções prevalecentes, e
evitem os vícios que caracterizam os homens em seus dias.
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