“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus
Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo”
(Gálatas 6:14).
Caro leitor venho
chamar sua atenção para este texto de Gálatas. Esta carta é a carta da cruz,
pois o apóstolo toma a morte de Cristo como a base para a destruição do poder
perfeccionista DA LEI (2:19,20); para a destruição do poder DA CARNE (5:24) e
para a destruição do poder DO MUNDO (6:14). Para esta breve meditação tomarei
apenas o verso 14 do último cap. porquanto servirá para aquilo que no momento
quero usar a fim de advertir meus leitores dos perigos comuns que assaltam os
crentes e as mentes incautas nestes dias maus.
Meus queridos leitores,
quantas vezes ouvi tantas motivações erradas de agradecimento a Deus.
Participei de um culto de oração, no qual alguém queria agradecer a Deus pelo
fato que Deus o havia elegido. Note bem, não estou contra a doutrina da eleição,
porque creio e prego constantemente a respeito disso. Meus leitores são
testemunhas disso. O que quero afirmar aqui é que nada, nada mesmo, a não ser o
fato que nosso Cordeiro ocupou nosso lugar na cruz deve ser motivo de nossa
glória. Fora do triunfo do calvário, as portas do entendimento da verdade para
os pecadores continuam fechadas. Paulo não ostentou sua confiança na eleição,
nem na predestinação, nem tampouco em seu ministério. Poderia ajuntar tudo
isso, mas seria tudo inútil para enfrentar a força poderosa e amaldiçoante
da lei; a força subjugadora da carne e o feroz ataque de
perseguição do mundo.
Veja bem caro leitor,
um coração enganoso e enganado pode prevalecer-se de doutrinas belas e
preciosas, as quais foram endereçadas aos salvos, a fim de curtir uma perigosa
segurança. Tenho visto muitos se sentirem abrigados numa confiança carnal na
eleição; isso tem servido para muitos de um gostoso “colchão”, a fim de
descansar numa paz que não veio da cruz. Isso é letal para a alma. Cuidado! Não
tente buscar luz fora do santuário! Não tente enxergar as coisas eternas com a
ótica pretensiosa da carne. É partir para um caminho perigoso de orgulho e
soberba doutrinária. As doutrinas da graça são maravilhosas quando vem adornar corações
humilhados e salvos, mas podem servir de inchaço da alma, de gordura para o
cérebro e de paralisia espiritual.
Então caro leitor, a
mensagem do evangelho convoca homens e mulheres para o “altar de holocausto” –
a cruz. Não somos chamados para a sala da eternidade, até que passamos pela
humilhante verdade de que “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez
pecado por nós...” (2 Coríntios 5:21). Ninguém é chamado para os
ensinamentos que o Senhor revela aos pequeninos Dele. Uma alma não nascida de
novo não poderá entender as maravilhas eternas do conselho de Deus. Sem a
justiça, o perdão, a purificação de seus pecados e a convicção dada pelo
Espírito Santo de que foi salvo, purificado e aceita por Deus, a alma
continuará perdida em seus pecados.
Caro leitor, tudo
começa a partir da cruz. Não busquemos atalho, pois a única porta de acesso a
Deus é pela redenção da cruz. A jornada do homem começa sua humilhação e
salvação. A justiça de Cristo nele o habilita para andar; torna sua mente e
afeto santificados e a presença do Espírito Santo nele lhe fará capaz de
compreender a verdade. Quando Pedro pregou para aquelas três mil almas,
primeiramente tiveram que ouvir do pregador: “Arrependei-vos e cada um de vós
seja batizado...”. Foi a partir daquela memorável visitação de salvação
que suas almas estavam cheias de temor. Aí sim, esses santos de Deus podiam
curtir em santo regozijo os ensinos preciosos dos apóstolos.
Mas hoje é o dia da
salvação! Cristo Jesus está salvando perdidos agora mesmo. Sua obra ainda não
parou, a porta da graça não foi fechada! Por isso não podemos cessar de ordenar
que os pecadores reconciliem já com Deus mediante o sangue da cruz!
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