terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A TERRÍVEL PERSEGUIÇÃO DO PECADO (19)



“Mas se não fizerdes assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado vos há de achar” (Número 32:23).
                                               A vida de Davi
        Prezado leitor, na meditação anterior introduzi o assunto a respeito da vida de um homem tido como “o homem segundo o coração de Deus”. Pudemos ver que os maiores santos de Deus estão sujeitos à queda. Notemos que Deus não colocou em sigilo as fraquezas dos Seus santos, de homens como Abraão, Moisés, Davi e outros. Por quê? Para que o povo de Deus esteja consciente de que são sustentados neste mundo somente pela graça. Sempre foi a graça que fortaleceu os crentes, tanto na história do Velho Testamento, como agora em plena época da graça. Mesmo durante o exercício da lei, os santos de Deus mostraram que precisavam da misericórdia para que não caíssem na lama. É impossível ler os Salmos sem que seja notada essa lição de dependência, de humilhação e de clamor a Deus por causa das investidas do inimigo. É em plena escuridão da lei que a graça brilha ainda mais intensamente.
        O desconhecimento da força sustentadora da graça pode trazer um espírito de orgulho travestido de espiritualidade superficial. As atividades religiosas aparecem para encobrir a verdade a respeito da condição deplorável do coração humana e da maneira como os homens enganam a si mesmos, especialmente dentro das igrejas. Vemos como isso ocorre em nossos dias, como não há mais pecadores, ninguém que invoque o Nome do Senhor; não há mais busca pela justiça de Deus em Cristo, nem há mais qualquer discernimento entre o que é falso e o que é verdadeiro.
        O que ocorreu na vida de Davi? Aquele homem humilde, cujo reinado foi de justiça e exibição do verdadeiro amor de Deus constitui um verdadeiro banquete de bênção para aquele que almeja extrair as maravilhas de Deus. Percebe-se que o reinado de Davi realmente é um precioso tipo do reinado de Cristo. Porém, aprendamos que todos os atos de justiça, retidão, misericórdia, juízo e amor por parte desse brilhante rei de Israel foram obra do Espírito de Deus por meio dele. Eis o que ele mesmo diz: “O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua” (2 Samuel 23:2). Deus realiza Sua obra por meio de homens habilitados por Ele e capacitados pelo Seu Espírito, a fim de beneficiar Seu povo e acima de tudo, para que Seu Nome seja glorificado. Não há ninguém que possa fazer a obra de Deus por si mesmo. Fora da graça qualquer obra não passa de ser exercício da carne, não tem em vista a glória de Deus, por isso será queimada como palha seca pela visitação de Deus.
        Um homem como Davi pode sofrer uma queda? Claro! Basta o orgulho invadir o coração e passar a conviver com aquilo que desagrada a Deus. Normalmente cavamos o buraco para nossa queda sem que percebamos. Um simples desvio da verdade; uma pequenina “mosca” de amor ao mundo; um pecado não amortecido no íntimo, etc. podem ser a jornada para uma queda. Obviamente nem todos sofrerão uma queda tão feia como foi o caso de Davi com a mulher de Urias. Mas queda é queda. Uzias sentiu sua derrota fragorosa somente quando ficou leproso (2 Crônicas 26). A vida do crente deve ser de contínua dependência de Deus. Calvino dizia que o viver do crente deve ser de constante arrependimento.
        Mas reitero que se o amor ao pecado no íntimo for algo normal; que se não há no coração uma disposição de combate contra o mal, simplesmente tal pessoa não sabe o que significa ser um crente em Cristo. A Bíblia é bem clara ao dizer que “...todo o que vive na prática do pecado não o viu nem o conhece” (1João 3:6). O crente não vive assim, mesmo que sofra uma queda, não o faz deliberadamente; não tenta a Deus com contínuos pedidos de perdão a fim de renovar o contrato com o mal no dia seguinte. O genuíno crente sente a dor da sua queda assim que fica sabendo e está disposto a sofrer as duras conseqüências da sua maldade e insensatez.

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