sexta-feira, 4 de maio de 2012

O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL (9 de 16)



Mas se não fizerdes assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado vos há de achar” (Número 32:23).
                                               A vida de Davi
         Prezado leitor, na meditação anterior introduzi o assunto a respeito da vida de um homem tido como “o homem segundo o coração de Deus”. Pudemos ver que os maiores santos de Deus estão sujeitos à queda. Notemos que Deus não colocou em sigilo as fraquezas dos Seus santos, de homens como Abraão, Moisés, Davi e outros. Por quê? Para que o povo de Deus esteja consciente de que são sustentados neste mundo somente pela graça. Sempre foi a graça que fortaleceu os crentes, tanto na história do Velho Testamento, como agora em plena época da graça. Mesmo durante o exercício da lei, os santos de Deus mostraram que precisavam da misericórdia para que não caíssem na lama. É impossível ler os Salmos sem que seja notada essa lição de dependência, de humilhação e de clamor a Deus por causa das investidas do inimigo. É em plena escuridão da lei que a graça brilha ainda mais intensamente.
         O desconhecimento da força sustentadora da graça pode trazer um espírito de orgulho travestido de espiritualidade superficial. As atividades religiosas aparecem para encobrir a verdade a respeito da condição deplorável do coração humana e da maneira como os homens enganam a si mesmos, especialmente dentro das igrejas. Vemos como isso ocorre em nossos dias, como não há mais pecadores, ninguém que invoque o Nome do Senhor; não há mais busca pela justiça de Deus em Cristo, nem há mais qualquer discernimento entre o que é falso e o que é verdadeiro.
         O que ocorreu na vida de Davi? Aquele homem humilde, cujo reinado foi de justiça e exibição do verdadeiro amor de Deus constitui um verdadeiro banquete de bênção para aquele que almeja extrair as maravilhas de Deus. Percebe-se que o reinado de Davi realmente é um precioso tipo do reinado de Cristo. Porém, aprendamos que todos os atos de justiça, retidão, misericórdia, juízo e amor por parte desse brilhante rei de Israel foram obra do Espírito de Deus por meio dele. Eis o que ele mesmo diz: “O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua” (2 Samuel 23:2). Deus realiza Sua obra por meio de homens habilitados por Ele e capacitados pelo Seu Espírito, a fim de beneficiar Seu povo e acima de tudo, para que Seu Nome seja glorificado. Não há ninguém que possa fazer a obra de Deus por si mesmo. Fora da graça qualquer obra não passa de ser exercício da carne, não tem em vista a glória de Deus, por isso será queimada como palha seca pela visitação de Deus.
         Um homem como Davi pode sofrer uma queda? Claro! Basta o orgulho invadir o coração e passar a conviver com aquilo que desagrada a Deus. Normalmente cavamos o buraco para nossa queda sem que percebamos. Um simples desvio da verdade; uma pequenina “mosca” de amor ao mundo; um pecado não amortecido no íntimo, etc. podem ser a jornada para uma queda. Obviamente nem todos sofrerão uma queda tão feia como foi o caso de Davi com a mulher de Urias. Mas queda é queda. Uzias sentiu sua derrota fragorosa somente quando ficou leproso (2 Crônicas 26). A vida do crente deve ser de contínua dependência de Deus. Calvino dizia que o viver do crente deve ser de constante arrependimento.
         Mas reitero que se o amor ao pecado no íntimo for algo normal; que se não há no coração uma disposição de combate contra o mal, simplesmente tal pessoa não sabe o que significa ser um crente em Cristo. A Bíblia é bem clara ao dizer que “...todo o que vive na prática do pecado não o viu nem o conhece” (1João 3:6). O crente não vive assim, mesmo que sofra uma queda, não o faz deliberadamente; não tenta a Deus com contínuos pedidos de perdão a fim de renovar o contrato com o mal no dia seguinte. O genuíno crente sente a dor da sua queda assim que fica sabendo e está disposto a sofrer as duras conseqüências da sua maldade e insensatez.
         Prezado amigo, como Davi começou sua caminhada rumo à queda? Não esqueçamos o que dissemos na meditação anterior, que se afastarmos orgulhosamente da graça e tomarmos decisões fora da vontade de Deus; se procurarmos lisonjear a carne e alimentar suas paixões, certamente um mal atrairá outro mal maior. No caso de Davi, como ocorreu? Começou quando ele escolheu Joabe para ser o comandante do exército de Israel. Ora, Deus concedeu a Davi pelo menos setenta homens considerados heróis, homens corajosos, valentes e que estavam dispostos a morrer pelo bem do rei e do povo de Israel. Mas Joabe não fazia parte desses valentes. A vida de Joabe foi caracterizada pelo ciúme, inveja e disposição em manter sua posição, mesmo custando a vida de outros, como foi no assassinato de Abner e Amasa.
         A sombra de Joabe no reinado de Davi foi de um astucioso assassino. Percebemos isso na queda de Davi quando adulterou com Bate-Seba (2 Samuel 11). Percebe-se que a paixão de Davi pela mulher de Urias não começou assim que ele a presenciou tomando banho. Por que Davi ficou em Jerusalém, não saindo com seu exército para a guerra? Por que mandar tirar Urias da batalha, fazendo-o vir a Jerusalém trazer notícias da guerra? Por que ao comunicar com Joabe sobre a necessidade de matar Urias pelas mãos dos Moabitas, Joabe nem sequer contestou a crueldade do rei contra um de seus melhores homens?  Concluímos, portanto, que houve um plano bem combinado para que o rei pudesse deitar com a mulher de Urias, sem que este soubesse.  
         Caro leitor deu para perceber como foi a caminhada de Davi rumo àquela vertiginosa queda? Ao associar-se com o perverso, simplesmente o rei aliou-se com a iniqüidade, abandonando sua humilde dependência da graça. Quando abrigamo-nos debaixo da sombra do mal, imediatamente somos tomados pela arte enganosa do pecado; ficamos cativados pela influência sedutora do pecado no coração. Naquele momento acende o interesse em buscar os direitos egoístas da carne; naquele momento somos enfeitiçados pela arte da carne em deificar e afagar o ego; naquele momento desaparece o temor ao Senhor que leva o homem a fugir do mal. A iniqüidade chega como uma sucuri aprisionando e dominando inteiramente todo ser, fazendo da pessoa um refém do pecado, diante do qual inevitavelmente cairá.
         Cadê o rei Davi? Onde está o homem segundo o coração de Deus? Agora presenciamos não aquele que fora chamado para guerrear as guerras de Deus; não aquele que fora colocado no trono para trazer justiça e paz ao povo de Deus e assim glorificar o Nome de Jeová perante os olhos das nações vizinhas. O que aparece no cap. 11de 2 Samuel é um covarde, um adúltero, e onde está o adúltero está um assassino, o qual está atraindo a destruição, não somente para uma família, mas também para si, para sua família e para seu reino.
         Amigo leitor considere essa caminhada rumo à destruição. Satanás, ultimamente, tem feito com que milhares caiam nesse abismo. Muitos estão nessa prática maligna achando que nada têm feito de errado. Muitos já entraram na avenida dos prazeres e vão tramitando com a impureza por meio das novelas, de revistas, de filmes imorais e de outros meios. O caminho do abismo é muito atraente, sedutor e aliciador do ego.
         Muitos que são chamados de crentes acham que podem caminhar rumo ao céu sem pautar um viver de santidade. Acham que mesmo alimentando a carne com suas vis paixões, poderão ver a face do Senhor um dia. Quanto engano! A exortação bíblica é bem clara: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14). Eis agora o momento propício para um grande avivamento! Para uma profunda manifestação de tristeza e de quebrantamento, a fim de que homens e mulheres conheçam o Deus da bíblia!

Nenhum comentário: