Spurgeon
Há pessoas que apontam para os outros,
quando não são melhores. O corcunda não deveria rir-se de outro até que
endireitasse sua própria coluna, e nem depois. Odeio ouvir um corvo chamar um
urubu de preto. Um cego não pode condenar seu irmão por ser estrábico, e aquele
que perdeu as pernas não deveria zombar do aleijado. A corda sempre se rompe na
parte mais fraca e quem deveria ser o último a falar é o primeiro a ralhar.
Porcos manchados mancham outros e quem tem muitas faltas sempre encontra faltas
nos outros. Quem melhor pode falar mal dos outros é o que mais age mal.
Vemos muito bem a
corcunda do outro,
Mas estamos cegos
para a que está em nós.
Nossa pode ser
até de bom tamanho,
Mesmo assim
ficamos sem a enxergar.
Nos faz muito mal julgar o próximo,
porque nos incha de vaidade, fazendo nosso orgulho crescer sem motivo. Acusamos
outros para nos justificarmos. Somos tolos a ponto de sonharmos que somos
melhores só porque existem outros piores, e falamos como se pudéssemos subir
fazendo outros descerem. Que proveito hem em achar buracos nos casacos dos
outros, quando não podemos remendá-los? Fale das minhas dívidas se estiver
disposto a pagá-las; do contrário, contenha-se. As faltas de um amigo não devem
ser manchete, nem as de um estranho devem ser postas a público. Quem zurra para
um jumento, é tão burro quanto ele; quem faz outro de palhaço é que faz papel
de tolo. Não caia no mau hábito de rir-se dos outros, porque o antigo provérbio
diz: “Quem tem telhado de vidro não atira pedras no do vizinho”.
Há quem tenha uma
piada para cada ocasião,
Ele ofende o
amigo porque quer ter diversão
E mostrar-se
sabichão.
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