sexta-feira, 27 de novembro de 2015

AS BEM-AVENTURANÇAS II “Os que choram” (2)


“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mateus 5:1-9)
O QUE SIGNIFICA “OS QUE CHORAM”.
        Amado leitor, o que realmente significa “os que choram”? O que nosso Senhor quer nos ensinar nesse verso? O que tem haver choro com vida cristã? É obvio que para entendermos esse ensino teremos que examiná-lo de forma negativa.
        Certamente nosso Senhor não está tratando de mero remorso, porque dependendo das circunstâncias pessoas podem chorar e levar outros também ao derramamento de lágrimas. Em Malaquias vemos como a nação de Israel agia assim, pois desprezava o Senhor, e em lugar da obediência a Deus fazia prevalecer um culto emocional: “Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que Ele já não olha para a oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão” (Malaquias 2:13).
        Normalmente os cultos onde prevalecem as emoções o choro aparece, e vem de tal maneira que o ambiente parecerá muito espiritual. Mas devemos saber que quanto mais longe da verdade e da obediência sensata à Palavra de Deus, eis que toda sorte de inutilidades e superfluidades se manifestam para encher os corações de maior soberba. Quem vive disso dificilmente terá prazer em escutar a verdade e dinamizar seu viver na fé cristã. Esse é o caminho certo para a derrocada espiritual; é o caminho certo para o desprezo ao Senhor e para a aceitação de outros aditivos enganosos dos falsos mestres. Experiências emocionais, quando não são firmadas na verdade que nos foi entregue, elas podem servir de trampolim para uma vertiginosa queda em grosseiros pecados.
        Algumas pessoas pensam que a prova da conversão é o choro. É claro que algumas conversões se manifestam com choro, dependendo muito da forma como a pregação da Palavra atua no coração e nos sentimentos da alma convertida. Mas nem sempre é assim. A conversão só pode ser tratada como verdadeira quando a alma recebe a Palavra de Deus com prazer; quando os ouvidos da alma são abertos e a disposição de uma fé obediente entra em evidência. Quando isso não acontece, tudo não passa de fogo de palha, de um despertamento momentâneo e de atos de uma fé firmada no homem e não na verdade escrita.       
        Positivamente falando, o choro acerca do qual nosso Senhor está referindo é, sem dúvida o resultado de ser “pobre de espírito”. Tomemos isso à luz do que vemos na pobreza material. Pense numa criança chorando por falta de comida; pense numa mãe que não somente está faminta, mas nada encontra para se alimentar e dar comida aos filhos. Tal pessoa vai chorar sim e será algo real, trágico, que merece toda compaixão. Muitos não sabem disso em experiência própria, porque jamais sentiram falta de qualquer coisa. Muitos pensam que passam fome e choram, não porque não há comida, mas sim porque não têm aquilo que querem. Foi assim com Israel no deserto; aquele povo rebelde chorou, não por falta de comida, porque seguramente tinha o maná e água que tirava da rocha. Eles choravam porque queriam as delícias do Egito, numa manifesta rebelião e desprezo a Deus.
        Voltando ao texto, creio que o amigo pode entender o que nosso Senhor quer dizer sobre choro. O que realmente significa é que a alma percebe os terríveis resultados de sua condição no pecado, distante de Deus, longe das riquezas eternas, sem qualquer capacidade de alcançá-las. A alma se vê como uma ave, cujas asas estão quebradas, por isso não pode voar; como alguém num profundo poço, sem qualquer condição de sair dali. Por isso a alma chora, e esse é o choro que Deus ouve; esse é o pranto para o qual Deus se interessa. Realmente significa que a alma está aflita, oprimida, sangrando no íntimo e sentindo sua miséria. O que acontece é que tal alma quer achar Deus, quer conhecer o Salvador e Sua salvação.


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