sábado, 1 de março de 2014

OS INCRÉDULOS TROPEÇAM – OS CRENTES SE REGOZIJAM (4)




 Spurgeon
“Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; e todo aquele que crer nela não será confundido.” (Romanos 9:33)
         Não seria melhor a tua condição, meu querido ouvinte, quanto à tua salvação eterna, se recusas crer em Cristo. A condenação do ímpio descarado é certa, mas, igualmente certa será a tua se, depois de teres ouvido o plano de salvação, dás a volta e o desprezas porque preferes a tua justiça própria à justiça de Deus! Ah, quantos naufragam ao chocarem contra esta rocha e quantos são tragados por esta areia movediça! Eles queriam ser salvos, mas não aceitam dobrar o joelho. Eles não estão contentes por receber a salvação de Deus, pela fé em Cristo Jesus, e assim, perecem devido ao seu teimoso orgulho.
         Conheci a outros que tropeçam em Cristo por causa da doutrina que Ele prega, mais especificamente, as Doutrinas da Graça. Nesta casa entra alguém que, se pregássemos um sermão sobre a virtude cristã, diria: “eu gostei desse discurso”; mas, se pregássemos a Cristo, e, começássemos a falar a respeito das doutrinas profundas contidas no Evangelho, tais como a eleição, a chamada eficaz e o eterno e imutável amor, imediatamente se zangam quase até o ponto de ranger os seus dentes. Queriam ter a Cristo, dizem eles, mas não podem aceitar estas doutrinas. “O quê? Deus salva a quem quer e nem sequer pede permissão à criatura? Fará o que Lhe agrade conosco assim como um oleiro faz o que quer com a massa de argila? Hão de dizer na nossa cara que não depende de quem quer, nem de quem corre, mas sim de Deus que tem misericórdia? Não podemos suportar isso — dirigir-nos-emos a algum outro lugar onde o homem receba maior consideração, e onde Deus não seja colocado tão acima das nossas cabeças.”
         Ah, mas, meu amigo, Jesus Cristo não elaborará a Sua doutrina para te agradar, nem diluirá a verdade da Escritura para que se adapte aos teus gostos carnais. Observa que é no nono capítulo de Romanos onde se encontra o meu texto, e nesse mesmo capítulo de Romanos tens a declaração mais clara e audaz que em qualquer parte foi registrada concernente à Soberania da Graça Divina, e se tu decides fazer da Soberania uma desculpa para não creres em Cristo, perecerás para tua desgraça; e, perecerás merecidamente também, porque queres altercar com a Palavra de Deus e condenas a tua própria alma a ser castigada pela Soberania de Deus.
         Mas, na verdade, meus queridos amigos, quando os pecadores estão resolvidos a objetar a Cristo, a coisa mais fácil do mundo é encontrar algo com que objetar. Tenho conhecido a alguns que tropeçam por causa do povo de Cristo. Dizem: “Bem, eu queria crer em Cristo, mas observa os crentes! Vê quão inconsistentes são eles. Contempla a tantos membros da igreja e vê em que caminhos ímpios caminham, incluindo a alguns ministros”, e então, começam a enumerar diversas faltas de alguns eminentes servos de Deus, e pensam que esta é uma desculpa para que eles mesmos vão para o Inferno porque outros não caminham retamente no caminho para o Céu!
         Oh, mandarás a tua alma para o Inferno porque outra pessoa não é tudo o que deveria ser? Se Davi cai e se Davi é restaurado, é essa uma razão pela qual tu devas cair, para não ser restaurado, alguma vez? O que importa que alguns peregrinos que se dirigem ao Céu se dirijam à “Vereda Apartada do Prado” e tenham de regressar ao caminho coxeando? É essa uma razão pela qual devas seguir o caminho que conduz à “Cidade da Destruição”? Parece-me, amigo, que isto só deveria fazer-te mais diligente para procurar fazer firme a tua vocação e eleição! Os naufrágios dos demais deveriam levar-te a navegar mais cuidadosamente; as bancarrotas de outros homens deveriam conduzir-te a comercializar com maior diligência e humildade. Porém, citar os defeitos de outros, como uma razão pela qual devas continuar no erro dos teus caminhos, é o método de raciocinar do néscio! Tem muito cuidado, para que não descubras a tua necedade sumida nas chamas do Inferno.
(extraído)

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