Spurgeon
“Como está escrito: Eis que eu ponho em
Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; e todo aquele que crer
nela não será confundido.” (Romanos 9:33)
Não
seria melhor a tua condição, meu querido ouvinte, quanto à tua salvação eterna,
se recusas crer em Cristo. A condenação do ímpio descarado é certa, mas,
igualmente certa será a tua se, depois de teres ouvido o plano de salvação, dás
a volta e o desprezas porque preferes a tua justiça própria à justiça de Deus!
Ah, quantos naufragam ao chocarem contra esta rocha e quantos são tragados por
esta areia movediça! Eles queriam ser salvos, mas não aceitam dobrar o joelho.
Eles não estão contentes por receber a salvação de Deus, pela fé em Cristo Jesus,
e assim, perecem devido ao seu teimoso orgulho.
Conheci
a outros que tropeçam em Cristo por causa da doutrina que Ele prega, mais
especificamente, as Doutrinas da Graça. Nesta casa entra alguém que, se
pregássemos um sermão sobre a virtude cristã, diria: “eu gostei desse
discurso”; mas, se pregássemos a Cristo, e, começássemos a falar a respeito das
doutrinas profundas contidas no Evangelho, tais como a eleição, a chamada
eficaz e o eterno e imutável amor, imediatamente se zangam quase até o ponto de
ranger os seus dentes. Queriam ter a Cristo, dizem eles, mas não podem aceitar
estas doutrinas. “O quê? Deus salva a quem quer e nem sequer pede permissão à
criatura? Fará o que Lhe agrade conosco assim como um oleiro faz o que quer com
a massa de argila? Hão de dizer na nossa cara que não depende de quem quer, nem
de quem corre, mas sim de Deus que tem misericórdia? Não podemos suportar isso —
dirigir-nos-emos a algum outro lugar onde o homem receba maior consideração, e
onde Deus não seja colocado tão acima das nossas cabeças.”
Ah,
mas, meu amigo, Jesus Cristo não elaborará a Sua doutrina para te agradar, nem
diluirá a verdade da Escritura para que se adapte aos teus gostos carnais.
Observa que é no nono capítulo de Romanos onde se encontra o meu texto, e nesse
mesmo capítulo de Romanos tens a declaração mais clara e audaz que em qualquer
parte foi registrada concernente à Soberania da Graça Divina, e se tu decides
fazer da Soberania uma desculpa para não creres em Cristo, perecerás para tua
desgraça; e, perecerás merecidamente também, porque queres altercar com a
Palavra de Deus e condenas a tua própria alma a ser castigada pela Soberania de
Deus.
Mas,
na verdade, meus queridos amigos, quando os pecadores estão resolvidos a
objetar a Cristo, a coisa mais fácil do mundo é encontrar algo com que objetar.
Tenho conhecido a alguns que tropeçam por causa do povo de Cristo. Dizem: “Bem,
eu queria crer em Cristo, mas observa os crentes! Vê quão inconsistentes são
eles. Contempla a tantos membros da igreja e vê em que caminhos ímpios
caminham, incluindo a alguns ministros”, e então, começam a enumerar diversas
faltas de alguns eminentes servos de Deus, e pensam que esta é uma desculpa
para que eles mesmos vão para o Inferno porque outros não caminham retamente no
caminho para o Céu!
Oh,
mandarás a tua alma para o Inferno porque outra pessoa não é tudo o que deveria
ser? Se Davi cai e se Davi é restaurado, é essa uma razão pela qual tu devas
cair, para não ser restaurado, alguma vez? O que importa que alguns peregrinos
que se dirigem ao Céu se dirijam à “Vereda Apartada do Prado” e tenham de
regressar ao caminho coxeando? É essa uma razão pela qual devas seguir o caminho
que conduz à “Cidade da Destruição”? Parece-me, amigo, que isto só deveria
fazer-te mais diligente para procurar fazer firme a tua vocação e eleição! Os
naufrágios dos demais deveriam levar-te a navegar mais cuidadosamente; as
bancarrotas de outros homens deveriam conduzir-te a comercializar com maior
diligência e humildade. Porém, citar os defeitos de outros, como uma razão pela
qual devas continuar no erro dos teus caminhos, é o método de raciocinar do
néscio! Tem muito cuidado, para que não descubras a tua necedade sumida nas
chamas do Inferno.
(extraído)
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