sexta-feira, 21 de abril de 2017

O REI DA GLÓRIA (14 de 14)

“Eu sou do meu amado e o meu amado é meu; ele pastoreia entre os lírios” (Cantares 6:3)
É UMA CONFISSÃO DE UM AMOR RECÍPROCO: “E Ele é meu”.
        Esforcei-me para mostrar o primeiro lado da confissão, como se olhássemos para um só lado da moeda: “Eu sou do meu amado...”. Vimos nessa santa confissão a gloriosa doutrina da salvação, mas vista de uma forma prática, conforme nos é ensinado em toda Escritura: “Vós em Cristo”. É nessa posição de eterna glória que os crentes são achados, ocultos nele, amados nele, santificados nele, glorificados nele, aperfeiçoados nele e nele feitos herdeiros de Deus. Por causa dessa misteriosa posição é que faz com que satanás fique intrigado e tanto odeia os santos. É por causa dessa condição que o mundo vê os crentes como pessoas inexplicáveis à luz da religião mundana.
        Mas o verso não mostra apenas o lado posicional do crente; não vemos apenas um lado da moeda. A vida cristã, como um trem, corre sobre os trilhos da posição e do viver do crente: “Vós nele” e “Ele em vós”. Nele aceitação, ele em nós, poder. Nele justificação, ele em nós, santificação. Assim vivem os santos e se não for assim tudo não passará de mera exibição e formalidade religiosa. Sem essa estrutura montada na eleição, não há como entender as maravilhas da graça nem o real motivo da entrega do Senhor na cruz em favor do seu povo. Sem esse entendimento seremos tomados pelo forte humanismo, e seremos levados pela força da carne, numa tentativa vã de viver a vida cristã cheia de altos e baixos. Então, é necessário que envolvamos nossa mente e afeição nesse assunto: “...e ele é meu”. Por essa razão farei tudo para que meus leitores tenham real entendimento dessa verdade e assim suas vidas possam crescer nessa santa e contínua confissão.
        A primeira lição é que essa confissão: “e ele é meu”  mostra profunda e inexplicável alegria no coração do crente. Não há tesouro maior do que ter sido achado pelo Senhor e ele ser nossa riqueza, força, poder e graça na caminhada nossa, rumo ao céu. O evangelho moderno não apresenta Cristo como a riqueza suprema do salvo, mas sim os benefícios materiais. Jesus não passa de um salvador, o qual veio ao mundo para livrar os homens dessa situação de miséria material. Esse humanismo é manifestado de várias formas nos cultos e nas mensagens mormente pregadas em nossos dias tão carregados de mentiras. Mas a verdade é que a salvação é mais do que receber uma garantia do céu; é Cristo vindo para habitar no salvo; é sua presença constante; é o Espírito de Deus fazendo com que sejamos revestidos dele, a fim de revelarmos ao mundo a glória do Senhor. Essas lições são eminentemente práticas, especialmente nas cartas.
        Então, “e ele é meu...” significa que somos as pessoas mais felizes, satisfeitas, ricas e bem-aventuradas que andam neste mundo. Em nada significa ganho aqui, mas sim um ganho desconhecido e não palpável para o mundo. Significa que habita no salvo aquele em quem habita toda plenitude da divindade. Toda nossa miséria aqui consiste no fato que não queremos nos ocupar com a palavra. Não temos tempo para nos envolver com as riquezas que nos foram dadas, riquezas que nunca vão embora e que aqui são apenas um pouquinho daquilo que os santos vão herdar na glória para sempre.
        Todo nosso problema é que estamos envolvidos com um cristianismo meloso, sentimental. Nossa fé é colocada na “gaveta”, para pautar um viver baseado naquilo que sinto, e não naquilo que está escrito. A fé que professam hoje em nada condiz com a verdadeira fé, a qual nos transporta da alegria na salvação para a alegria no dia a dia. Não entendemos que “Ele é meu”, da mesma maneira que somos dele. Devemos saber o quanto essa verdade fornece a arena de combate para os exercícios da fé, e assim glorificarmos nosso Senhor por meio do nosso viver enquanto estivermos neste mundo.

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