quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A GLÓRIA DE CRISTO por John Owen





CAPÍTULO 3 (b)
A glória de Cristo manifestada pelo mistério das Suas duas naturezas

1. Devemos estar absolutamente seguros de que esta glória de Cristo na Sua natureza humana e divina é o melhor, o mais nobre e o mais útil dos temas em que podemos pensar. O Apóstolo Paulo diz que todas as demais coisas são como perda, e em comparação com esta verdade, como o esterco (Veja Filipenses 3:8-10). As Escrituras falam da necedade das pessoas que gastam “o dinheiro naquilo que não é pão; e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer” (Isaías 55:2). Eles fixam os seus pensamentos nos seus prazeres pecaminosos e recusam ver a glória de Cristo.
         Algumas pessoas são capazes de alcançar pensamentos muito elevados acerca da criação e da providência divinas. Mas não há nenhuma glória nestas coisas comparadas com a glória da dupla natureza de Cristo. No Salmo 8 Davi está meditando na grandeza das obras de Deus. Isto fá-lo pensar na pobre e débil natureza humana, a qual parece como nada em comparação com a obra de Deus. Mas então, Davi começa a admirar a sabedoria, a bondade e o amor divino por exaltar a nossa natureza humana (na pessoa de Cristo) muito por cima das obras da criação. O Apóstolo explica isto em Hebreus 2:5-6; veja também o Salmo 8. Quão prazenteiras e desejáveis são as coisas deste mundo: esposa, filhos, amigos, posses, poder e honra, etc,... Mas a pessoa que tem todas estas coisas e também um conhecimento da glória de Cristo dirá: “A quem tenho eu no Céu senão a Ti? E na Terra não há quem eu deseje além de Ti.” (Salmo 73:25) Porque “Pois quem no Céu se pode igualar ao SENHOR? Quem é semelhante ao SENHOR entre os filhos dos poderosos?” (Salmo 89:6)
Apenas um olhar à formosura gloriosa de Cristo é suficiente para conquistar e capturar os nossos corações. Se não estamos olhando para Ele frequentemente e pensando na Sua glória é porque as nossas mentes estão muito ocupadas nas coisas terrestres. Então, não estamos aferrando-nos à promessa de que os nossos olhos verão o Rei na Sua formosura.
2. Uma das atividades da fé consiste em esquadrinhar as Escrituras porque elas declaram a verdade acerca de Cristo. Ele mesmo nos exortou a fazê-lo: “Examinais as Escrituras... e são elas que de Mim testificam” (João5:39). Vemos a glória de Cristo nas Escrituras de três maneiras:
a) Pelas descrições diretas da Sua encarnação e do Seu caráter como o Deus homem. Veja-se Gn 3:15; Sl 2:7-9; 45:2-6; 78:17-18; 110; Is 6: 1-4, 9:6; Zc 3:8; Jo 1: 1-3; Fl 2:6-8; Hb 1: 1-3, 2:4-16 e Ap 1:7 e 18.
b) Por incontáveis profecias, promessas e outras expressões que nos conduzem a considerar a Sua glória.
c) Pelas instituições sagradas de adoração divina que Deus estabeleceu sob o Antigo Testamento, e pelo testemunho direto dado acerca dEle no Novo Testamento. Isaías disse: “Eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo.” (Is 6:1) Esta visão do Cristo divino foi tão gloriosa que os serafins cobriam os seus rostos (Veja Isaías 6:1-3 e João 12:41). Quanto maior foi a glória revelada abertamente nos dias dos Evangelhos! Pedro diz-nos que ele e os outros Apóstolos foram testemunhas da majestade de nosso Senhor Jesus Cristo: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a Sua majestade, porquanto Ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória Lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o Meu Filho amado, em quem Me tenho comprazido.” (2 Pedro 1:16-17) Deveríamos ser como aquele mercador que buscava toda a espécie de pérolas. Quando encontrou aquela pérola de grande preço vendeu tudo o que tinha e comprou-a (Mt 13:45-46). Cada verdade sagrada da Escritura é uma pérola que nos enriquece espiritualmente. Mas quando nos encontramos frente à glória de Cristo, encontramos tanto gozo que jamais nos separaremos desta pérola preciosa. A glória da Bíblia é que ela agora é o único meio que nos ensina a glória de Cristo. 
Tradução de Antônio Carlos

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