sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A GLÓRIA DE CRISTO por John Owen




3. Devemos meditar frequentemente no conhecimento da glória de Cristo que recebemos da Bíblia. As nossas mentes deveriam ser espirituais e santas, livres das preocupações e dos afetos terrestres. A pessoa que não medita agora com deleite sobre a glória de Cristo nas Escrituras, não terá nenhum desejo real de ver essa glória no Céu. Que espécie de fé e de amor têm as pessoas que têm tempo para meditar em muitas coisas, mas não têm tempo para meditar sobre este assunto glorioso?
4. Os nossos pensamentos deveriam voltar-se para Cristo cada vez que tenhamos oportunidade em qualquer momento do dia. Se formos crentes verdadeiros e se a Palavra de Deus mora em nossos pensamentos, então Cristo sempre estará perto de nós (Veja-se Rm 10:8). Descobriremos que Ele está disposto a falar conosco e a ter comunhão conosco. Cristo diz: “Eis que estou à porta e bato.” (Apocalipse 3:20) É certo, que algumas ocasiões parece que Cristo Se afasta de nós e não podemos escutar a Sua voz. Mas quando isto ocorre, não devemos contentar-nos, antes devemos atuar como a noiva nos Cantares de Salomão e buscá-lO com diligência: “De noite busquei em minha cama aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei. Acharam-me os guardas, que rondavam pela cidade; eu perguntei-lhes: Vistes aquele a quem ama a minha alma? Apartando-me eu um pouco deles, logo achei aquele a quem ama a minha alma; detive-o...” (Cantares 3:1-4). A experiência da vida espiritual num Cristão será forte em proporção com os seus pensamentos e o seu deleite em Cristo o Qual vive nele. (Veja-se Gálatas 2:20) Às vezes diz-se acerca de duas pessoas que uma vive na outra. Mas isto só pode acontecer quando os seus corações estão tão unidos que ambos de dia e de noite vivem nos pensamentos um do outro. Assim deveria ser entre Cristo e os crentes. Cristo mora neles pela fé, mas os crentes experimentam o poder da Sua presença somente quando os seus pensamentos estão cheios Dele. Portanto, se queremos ver a glória de Cristo devemos encher-nos de pensamentos acerca Dele e da Sua glória em todo tempo. E quando Cristo estiver ausente dos nossos pensamentos por um tempo, então devemos repreender-nos e pôr-nos a buscá-lO na oração, na meditação, na leitura da Palavra, etc.

5. Todos os nossos pensamentos acerca de Cristo e da glória deveriam ser acompanhados por admiração, adoração e ação de graças. É nos mandado amar o Senhor com toda a nossa alma, mente e forças (Veja-se Mc 12:30). Se somos crentes verdadeiros, a graça de Deus obrará em nossas mentes e almas para nos ajudar a fazer isso. Na vinda de Cristo como o Juiz no dia final, os crentes serão cheios de um sentido angustiado de admiração perante a Sua aparência gloriosa, “Quando vier para ser glorificado nos Seus santos e para Se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que crêem” (2Ts 1:10). Esta admiração se converterá em adoração e ação graças como o exemplo que nos dá em Apocalipse 5:9-13 onde a Igreja dos redimidos canta um novo cântico: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a Terra. E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi a toda criatura que está no Céu, e na Terra, e debaixo da Terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.”

Há algumas pessoas que esperam ser salvos por Cristo e ver a Sua glória no mundo próximo, mas não se preocupam com meditar acerca desta glória neste mundo. São como Marta que se preocupava de muitos quefazeres e não como Maria quem escolheu a boa parte, sentando-se aos pés de Cristo (Veja-se Lc 10:38-42). Tais pessoas deveriam tomar cuidado para não descuidar o dever de meditar na glória de Cristo e também de não menosprezar este dever.

Alguns dizem que têm o desejo de olhar a glória de Cristo pela fé mas quando começam a fazê-lo, encontram que lhes é demasiado elevado e difícil. Sentem-se abrumados como os discípulos no monte da transfiguração. Reconheço que a debilidade das nossas mentes e a nossa incapacidade para entender muito acerca da glória eterna de Cristo nos impede de mantermos os nossos pensamentos firmes e fixos por muito tempo na meditação. Aqueles que não estão acostumados na arte da meditação santa não estarão habilitados para meditar neste mistério em particular. Mas ainda assim, quando a nossa fé já não pode concentrar os olhos do nosso entendimento para pensar no Sol da justiça brilhando na Sua formosura, pelo menos podemos, por meio da fé, descansar na santa admiração e no amor.

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