sexta-feira, 30 de agosto de 2013

CHAMADA AO ARREPENDIMENTO



 SPURGEON

III. LIBERTAÇÃO PROCLAMADA.

“Condenaste a todos,” exclama um. Sim, mas não fui eu: Deus tem-no feito. Estás condenado? Sentes esta noite que estás condenado? Vem, outra vez, deixa-me tomar-te a tua mão, meu irmão: sim, posso olhar ao redor de toda esta assembleia, e posso dizer que não há ninguém neste lugar a quem não ame como a um irmão. Se vos falo com severidade a qualquer de vós, é para que saibais a verdade. O meu coração e o meu espírito inteiramente estão comovidos por vós. As minhas palavras mais duras estão muito mais cheias de amor do que as suaves palavras dos ministros que falam com tranquilidade, e que dizem: “Paz, paz;” e não há paz. Vós pensais que me causa prazer pregar desta maneira? Oh!, preferiria muito mais estar pregando a respeito de Jesus; da Sua gentil e gloriosa Pessoa, e da Sua justiça, a qual é completamente suficiente.

Agora, vem aqui, e pratiquemos com palavras gentis antes de terminar. Sentes que estás condenado? Dizes: “Oh, Deus, eu confesso, serias justo, se fizesses tudo isto comigo”? Sentes que jamais podes ser salvo pelas tuas próprias obras, senão que estás totalmente condenado pelo teu pecado? Odeias o pecado? Arrependes-te sinceramente? Então, deixa-me dizer-te como podes escapar.

Homens e Irmãos, Jesus Cristo, da semente de David, foi crucificado, morto e sepultado; agora ressuscitou, e está sentado à mão direita de Deus, onde também intercede por nós. Ele veio a este mundo para salvar os pecadores, pela Sua morte. Ele viu que os pobres pecadores eram malditos: Ele tomou a maldição sobre os Seus próprios ombros, e salvou-nos dela. Agora, se Deus tiver feito maldição a Cristo por algum homem, não amaldiçoará a esse homem de novo. Tu perguntas-me, então: “Foi Cristo feito maldição por mim?” Responde-me a esta pergunta, e eu dir-te-ei: ensinou-te o Espírito que és maldito? Tem-te feito sentir a amargura do pecado? Conduziu-te a clamar: “Deus, sê propício a mim, pecador”? Então, meu querido amigo, Cristo foi feito maldição por ti; e tu não és maldito. Tu não és maldito, agora. Cristo foi feito maldição por ti. Tem ânimo; se Cristo foi feito maldição por ti, tu não podes ser maldito de novo. “Oh!” dirá alguém, “se pudesse estar convencido de que Ele foi feito maldição por mim.” Vê-lO sangrando no madeiro? Vês as Suas mãos e os Seus pés gotejando sangue? Olha-O, pobre pecador. Não te olhes já mais a ti mesmo, nem ao teu pecado; olha-O a Ele e sê salvo. Tudo o que Ele te pede que faças é que olhes, e Ele te ajudará até mesmo a fazeres isso. Vem a Ele, confia nEle, crê nEle. Deus, o Espírito Santo ensinou-te que tu és um pecador condenado.

Agora, suplico-te, ouve esta palavra e crê nela: “Palavra fiel e digna de ser recebida por todos: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores.” Oh, podes dizer: “Eu creio nesta Palavra (é verdadeira), bendito seja o Seu amado nome; é verdade para mim, pois independentemente do que não sou, eu sei que sou um pecador; o sermão de hoje convenceu-me disso, ainda que não me tivesse convencido de outra coisa; e, bom Senhor, Tu sabes que quando eu digo que sou um pecador, não quero dizer o que antes estava acostumado a dizer mediante essa palavra. Quero dizer que sou um pecador real. Quero dizer que se Tu me condenasses, eu mereço-o; se Tu me lançasses da Tua presença para sempre, seria unicamente o que tenho merecido em abundância. Oh, meu Senhor, eu sou um pecador; sou um pecador desenganado, a menos que Tu me salves; sou um pecador sem esperança, a menos que Tu me cures. Não tenho nenhuma esperança na minha justiça própria; e, Senhor, bendigo o Teu nome, e digo algo mais: eu sou um pecador dolente, pois o pecado me aflige; não posso descansar, estou aflito. Oh, se me pudesse desfazer do pecado, seria santo como Deus é santo. Senhor, eu creio.”

“Como, senhor, crer que Cristo morreu por mim simplesmente porque sou um pecador!” Sim, assim é. “Não, senhor, mas se eu tivesse um pouquito de justiça, se pudesse orar bem, então poderia pensar que Cristo morreu por mim.” Não, isso não seria tudo da fé, isso seria confiança no eu. A fé crê em Cristo quando vê que o pecado é negro, e confia nEle para que Ele o tire completamente. Agora, pobre pecador, com todo o pecado que tens, toma esta promessa nas tuas mãos, e vai para casa no dia de hoje, ou se puderes, fá-lo antes de chegar a casa: vai para casa, digo eu, sobe ao teu aposento, sozinho, de joelhos junto à tua cama, e derrama o teu coração: “Oh, Senhor, tudo o que esse homem disse é verdade; estou condenado, e, Senhor, eu mereço-o. Oh, Senhor, procurei ser melhor, e não logrei nada, a não ser justamente o contrário, tornei-me pior. Oh, Senhor, tenho subtraído importância à Tua graça, e tenho desprezado o Teu Evangelho: surpreende-me que não me tenhas condenado há anos; Senhor, maravilha-me que tenhas permitido viver a um miserável tão ruim, como eu sou. Desprezei o ensino de uma mãe, e esqueci as orações de um pai. Senhor, eu tenho-me esquecido de Ti; tenho quebrantado o dia de repouso, tenho tomado o Teu nome em vão. Tenho feito tudo o que é mau; e se Tu me condenas, o que posso dizer? Senhor, fico mudo perante a Tua presença. Não tenho nada para argumentar. Mas Senhor, venho a dizer-Te no dia de hoje que Tu hás dito na Palavra de Deus: “Aquele que vem a Mim, não o lanço fora.” Senhor, eu venho: o meu único argumento é que Tu hás dito: “Palavra fiel e digna de ser recebida por todos: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar aos pecadores.” Senhor, eu sou um pecador; Ele veio para me salvar a mim; confio nisso (seja que depois me afunde ou nade), Senhor, esta é minha única esperança: descarto qualquer outra, e odeio-me ao pensar que jamais tenha tido outra esperança. Deus, eu descanso unicamente em Jesus. Salva-me, isso Te peço, e embora não espere apagar o meu pecado passado com a minha vida futura, oh Senhor, peço-te que me dês um novo coração e um espírito reto, para que a partir deste momento e para sempre, caminhe na senda dos Teus mandamentos: pois, Senhor, não desejo nada a não ser só o Teu filho. Oh, Senhor, renunciaria a tudo porque Tu me amas-te; e estou motivado a pensar que Tu me amas; pois assim o sente o meu coração. Sou culpado, mas nunca teria sabido que sou culpado, se Tu não me tivesses ensinado isso. Sou vil, mas nunca teria conhecido a minha vileza, se Tu não me tivesses revelado isso. Certamente, Tu não me destruirás, oh Deus, depois de me haveres ensinado isto. Se o fizesses, seria justo, mas:

“Salva a um pecador tremente, Senhor,
Cujas esperanças revoam ao redor da Tua Palavra,
Queria descansar aí sobre alguma doce promessa;
Algum apoio seguro contra o desespero.

Se não puderes orar com uma oração tão comprida como esta, digo-te que vás para casa e digas isto: “Senhor Jesus, eu sei que não sou absolutamente nada; sê Tu o meu precioso tudo, em tudo.”

Oh, eu confio em Deus, que haverá algumas pessoas hoje que serão capazes de orar dessa maneira, e se assim for, que os sinos do Céu toquem; cantai, vós, serafins; gritai, vós, os redimidos; pois o Senhor tem-no feito, e glória seja dada ao Seu nome, por toda a eternidade.


Tradução de Carlos António da Rocha

Nenhum comentário: