segunda-feira, 27 de maio de 2013

ENRIQUECENDO-SE COM A BÍBLIA ( 11) Pink




3. Beneficiamo-nos de nossos estudos bíblicos, quando ficamos conscientes da Necessidade que temos da ajuda do Espírito Santo. 
Em primeiro lugar, para que Ele nos torne conhecidas as nossas autênticas necessidades. Tomemos, por exemplo, as nossas necessidades temporais. Com quanta frequência achamo-nos em alguma situação aflitiva; externamente falando, as coisas nos pressionam fortemente, e desejamos muito ser libertos desses testes e dessas dificuldades. Certamente que, nesse caso, sabemos, por nós mesmos, acerca do que nos convém orar. Mas não! De fato, as coisas são bem diferentes disso! Pois, a verdade é que, a despeito de nosso desejo natural de alívio, tão ignorantes somos nós, e tão embotado é o nosso discernimento, que (até mesmo quando nossa consciência está desperta) não sabemos em que ponto Deus quer que nos submetamos à Sua Vontade, ou de que modo poderemos ser santificados nessas aflições, fazendo-as redundar em nosso bem interno.
Por conseguinte, Deus designa as petições da maioria daqueles que buscam alívio, devido a aflições externas, de "uivos", e não "clamores de coração" (Oséias 7:14). "Pois, quem sabe o que é bom para o homem, durante os poucos dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra?". (Eclesiastes 6:12). Ah, a sabedoria celestial se torna necessária, para ensinar-nos a orar acerca das nossas "necessidades" temporais, de conformidade com a mente de Deus. Talvez algumas poucas palavras precisem ser acrescentadas àquilo que acabamos de dizer. Podemos orar, com sanção bíblica, pelas coisas temporais (Mateus 6:11ss.); mas, isso com a seguinte tríplice limitação: Incidentalmente, mas não primariamente, podemos orar por elas, pois, não são essas as coisas que mais preocupam o crente (Mateus 6:33). As realidades celestiais e eternas, (Colossenses 3:1) é que devem ser procuradas primeira e principalmente, por serem de muito maior importância do que as coisas de valor meramente temporal.
Também podemos orar subordinadamente, como um meio para obtenção de um fim qualquer. Ao pedirmos as coisas materiais da parte de Deus, não devemos fazê-lo, a fim de obter satisfação própria, e, sim, como ajuda que nos permita agradar melhor ao Senhor. Por fim, podemos orar de maneira submissa, e não como ditadores, porquanto isso importaria no pecado de presunção. Outrossim, não sabemos dizer com certeza se qualquer misericórdia temporal, realmente contribuiria para nosso maior bem (Salmo 106:18), pelo que também devemos permitir que Deus decida a questão.
Temos desejos internos; tanto quanto desejos externos. Alguns desses desejos podem ser discernidos à luz da consciência, tal como a culpa e a contaminação do pecado, como os pecados contra a luz e contra a natureza de acordo com a clara letra da lei. Não obstante, o conhecimento que temos de nós mesmos, através da consciência, é tão obscuro e confuso que, à parte do auxílio do Espírito Santo, de forma alguma, seremos capazes de descobrir a verdadeira fonte da purificação. As coisas a respeito das quais os crentes devem tratar primariamente com Deus, e geralmente o fazem, em suas súplicas, são as atitudes intimas e as disposições espirituais de suas almas.
Assim é que Davi não se satisfez somente em confessar todas as transgressões conhecidas, e o seu pecado original (Salmo 51:1-5), nem ainda em reconhecer que ninguém, poderia compreender os seus erros próprios, em razão de que almejava ser purgado de suas ''faltas ocultas" (Salmo 19:12); mas, também implorou a Deus que levasse a efeito a sondagem profunda de seu coração, para que desvendasse o que havia de errado ali (Salmo 139:23,24), porque sabia que Deus, antes de tudo, requer a, "... Verdade no íntimo...". (Salmos 51:6). Portanto, em face do trecho de I Coríntios 2:10-12, devemos buscar, de maneira bem definida, a ajuda do Espírito Santo, a fim de podermos orar de modo aceitável a Deus.

4. Extraímos benefícios das Escrituras, quando o Espírito Santo nos ensina a Correta finalidade da oração.
Deus determinou a ordenança da oração com, pelo menos, um designo tríplice. Primeiro, para que o Grande Deus Triuno seja honrado, já que a oração é um ato de adoração, a prestação de uma homenagem – a Deus Pai, como o Doador, em nome do Filho, o Único por intermédio de quem nos aproximamos Dele, devido ao poder impulsionador e orientador do Espírito Santo. Segundo, para humilhar os nossos corações, já que a oração foi determinada para levar-nos a uma posição de dependência, para que em nós, se desenvolva o senso de incapacidade, reconhecendo que sem o Senhor, nada podemos fazer, porquanto também dependemos da Sua caridade por tudo quanto somos, e temos. Porém, quão debilmente isso é percebido (se é que é percebido), por qualquer de nós, até que o Espírito Santo nos tome em Sua mão, remova de nós o orgulho, e dê a Deus o lugar que a Ele compete, em nossos corações e em nossos pensamentos. Terceiro, como meio pelo que obtenhamos para nós mesmos, as coisas boas que pedimos.
É de temer-se grandemente, que uma das principais razões pelas quais tantas de nossas orações ficam sem resposta, é que temos alguma finalidade errônea e indigna em mira. Nosso Salvador disse: "Pedi, e dar-se-vos-á" (Mateus 7:7). No entanto, Tiago ensina a respeito de certos homens: "... Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres". (Tiago 4:3).
Orar em prol de qualquer coisa, mas não expressamente para a finalidade designada por Deus, é "Pedir mal", e, portanto, é pedir sem propósito algum. Qualquer que seja a confiança que podemos ter em nossa própria sabedoria e integridade, se formos abandonados aos nossos próprios recursos, nossos alvos jamais se harmonizarão com a Vontade de Deus. A menos que o Espírito Santo refreie a natureza carnal que há em nós, nossos próprios afetos naturais e insubmissos se imiscuirão em nossas súplicas, e estas se tomarão vãs. "Quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus". (I Coríntios 10:31). Contudo, somente o Espírito pode capacitar-nos a subordinar todos os nossos desejos à Glória Divina.

5. Tiramos proveito das Escrituras, quando ali somos ensinados sobre como devemos pleitear as Promessas de Deus.
Toda a oração deve ser feita na atmosfera da fé, (Romanos 10:14), pois, do contrário, Deus não a ouvirá. Ora, a fé diz respeito às Promessas de Deus, (Hebreus 4:1; Rom. 4:21); por conseguinte, se não entendermos o que Deus Se comprometeu a dar-nos, não poderemos nem ao menos orar. As Promessas de Deus contêm a matéria da oração, e definem as suas dimensões. Aquilo que Deus tem prometido, tudo quanto Ele tem prometido, e nada mais, sobre isso podemos orar. "As cousas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus..." (Deut. 29:29),
Mas, aquilo que Ele tem mostrado ser de Sua Vontade, como revelação de Sua Igreja, pertence a nós; e isso nos serve de regra. Não há nada de que tenhamos necessidade, que Deus não tenha prometido suprir; mas, o faz de tal maneira, e sob tais limitações que sejam boas e úteis para nós. Por semelhante modo, nada há que Deus tenha prometido, e de que não tenhamos necessidade, ou que, de um modo ou de outro, não se refira a nós, na qualidade de membros do corpo místico de Cristo. Portanto, quanto melhor estivermos familiarizados com as Promessas Divinas, e quanto mais formos capazes de compreender a bondade, a graça e a misericórdia preparadas e propostas naquelas Promessas, tanto melhor equipados estaremos para fazer orações aceitáveis ao Senhor.
Algumas das Promessas de Deus são gerais, e não específicas; algumas delas são condicionais, ao passo que outras são incondicionais; algumas se cumprem ainda nesta vida, mas outras, somente no mundo vindouro. Por nós mesmos não somos capazes de discernir qual promessa se adapta melhor para nosso caso específico e para nossa presente urgência e necessidade, para que dela nos apropriemos pela fé, e façamos um apelo correto perante Deus. É por isso que nos é expressamente dito: "Porque qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos, o que por Deus nos foi dado gratuitamente". (I Coríntios 2:11,12).
Se porventura alguém replicar: "Se tanta coisa é exigida para que se façam orações aceitáveis, e se não se podem fazer súplicas corretas a Deus sem tanta dificuldade como aqui é indicado, poucos se dedicarão por muito tempo a este mister", então a resposta é que a pessoa que assim objeta, não sabe o que é orar, e nem está disposta a aprender a fazê-lo.

6. Tiramos real proveito das Escrituras, quando somos levados a uma completa Submissão a Deus.
Conforme foi declarado acima, uma das finalidades Divinas, ao determinar a ordenança da oração, é que assim fôssemos humilhados. Isso é externamente denotado, quando nos prostramos de joelhos perante o Senhor. A oração é o reconhecimento de nossa incapacidade, e impotência, em que olhamos para Aquele, de onde chega toda a nossa ajuda. Isso reconhece a Sua Suficiência, para suprir cada uma das nossas necessidades.
Orar é tornar conhecidas as nossas "petições" (Filipenses 4:6) a Deus; mas petições são bem diferentes de exigências. "O trono da graça não foi erigido para que ali cheguemos e descarreguemos nossos sentimentos indignados perante Deus" (Wm. Gurnall). Compete-nos expor o nosso caso na presença de Deus, mas permitir que a Sua sabedoria superior prescreva como a questão deve ser solucionada. Não podemos ditar a Deus, e nem podemos "reivindicar" qualquer coisa de Sua parte, porquanto, somos esmoleiros que dependem de Sua pura misericórdia. Em todas as orações devemos acrescentar: "No entanto, não seja feita a minha vontade, e, sim, a Tua".
Porém, não pode a fé pleitear as promessas de Deus, e esperar a resposta? Certamente, mas deve ser a resposta de Deus. O apóstolo Paulo rogou ao Senhor, por três vezes, que lhe removesse certo espinho na carne; ao invés de fazê-lo, o Senhor lhe conferiu a graça, para suportar tal espinho (II Coríntios 12:7-9). Muitas das Promessas de Deus são coletivas, e não pessoais. Ele prometeu dar à Sua Igreja pastores, mestres e evangelistas; no entanto, muitas das comunidades de Seus santos têm definhado por longo tempo sem esses ministérios. Outras Promessas Divinas são indefinidas e gerais, ao invés de serem absolutas e universais. Isso se verifica, por exemplo, no trecho de Efésios 6:2,3. Deus jamais Se comprometeu a dar-nos bens definidos em espécie ou tipo, a conferir-nos aquela coisa específica que pedimos, embora a peçamos com fé.
Outrossim, Ele reserva para Si mesmo, o direito de determinar o tempo próprio, a ocasião certa, para derramar sobre nós a Sua mercê.  "Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra... porventura lograreis esconder-vos no dia da ira do SENHOR" (Sofonias 2:3). Justamente porque "pode" fazer parte da Vontade de Deus proporcionar-me determinada bênção temporal, é meu dever lançar-me aos Seus cuidados, e pleitear essa bênção; mas, sempre com inteira submissão ao Seu beneplácito, para que isso se realize.

7. Beneficiamo-nos das Escrituras, quando a oração se torna uma Alegria Real e Profunda.
Meramente "dizer as orações" a cada manhã e tarde é uma tarefa enfadonha, um dever que produz um suspiro de alívio ao ser realizado. Porém, realmente chegar à Presença consciente de Deus, contemplar a Luz Gloriosa de Sua face, ter comunhão com Ele diante do propiciatório, é prelibação da bem-aventurança eterna, que nos espera nos Céus. Aquele que é abençoado com essa experiência, pode dizer juntamente com o salmista: "Quanto a mim, bom é estar junto a Deus... " (Salmo 73:28). Sim, é bom para o coração, porque esse é aquietado; é bom para a , pois, essa é fortalecida; é bom para a alma, pois, ela é abençoada. A ausência dessa comunhão de alma com Deus é a raiz que impede a resposta às nossas orações: "Agrada-te do SENHOR, e Ele satisfará aos desejos do teu coração" (Salmo 37:4). Qual é o fator que, sob a bênção do Espírito Santo, produz e promove essa alegria na oração?
Em primeiro lugar, é o deleite do próprio coração em Deus, como o grande Objeto da oração; e, mais particularmente, o reconhecimento e a percepção de Deus como nosso Pai. Por essa razão é que quando os discípulos pediram ao Senhor Jesus que lhes ensinasse a orar, Ele respondeu: "... Vós orareis assim: ‘Pai nosso que estás nos Céus’..." (Mateus 6:9). E também se lê: "E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba (termo hebraico que significa "Pai") Gálatas 4:6. E isso inclui um deleite filial e santo em Deus, tal como as crianças têm em seus progenitores, quando se dirigem de maneira mais amorosa a eles. Por essa razão, por semelhante modo, é que nos é dito, em Efésios 2:18, para fortalecimento da fé e para consolo de nossos corações que: "... Por Ele (ou seja, Cristo), ambos temos acesso ao Pai em um Espírito". Que paz, que certeza e que liberdade isso nos confere à alma – sabermos que nos aproximamos de nosso Pai!
Em segundo lugar, a alegria na oração é promovida pelo fato de que o coração aprende, e a alma vê a Deus, como Alguém assentado no trono da graça – uma visão de expectação, conferida, não pela imaginação carnal, e, sim, pela iluminação espiritual, já que é pela fé que vemos, "... Aquele que é invisível". (Hebreus 11:27), Porque também a fé é, "... A convicção de fatos que se não veem". (Hebreus 11:1), O que faz com que o seu objeto, se torne evidente e presente para aqueles que creem. Tal vista de Deus sobre um "trono", não pode deixar de arrebatar a alma. Por isso mesmo, somos exortados: "Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia, e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (Hebreus 4:16).
Em terceiro lugar, e isso com base no último trecho bíblico citado, a liberdade e o deleite na oração são estimulados, pela consciência de que Deus, por intermédio de Jesus Cristo, está disposto e pronto a dispensar graça e misericórdia aos pecadores súplices. Não há Nele qualquer relutância que precisamos vencer. Por esse motivo é que ele é representado, em Isaías 30:18, do seguinte modo: "Por isso o SENHOR espera, para ter misericórdia de vós, e se detém, para se compadecer de vós, porque o SENHOR é Deus de justiça; bem-aventurados todos os que nele esperam". Sim, Deus espera ser solicitado por nós; Ele espera que depositemos fé em Sua pronta disposição para abençoar-nos. Seus ouvidos estão perenemente abertos para os clamores dos justos. Assim sendo, "... Aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé...". (Hebreus 10:22). E também se lê em Filipenses 4:6,7: "... Em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus".



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