Spurgeon
“Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6)
continuação:
- Diga-me
honestamente: quais são seus defeitos? – o vendedor respondeu:
- Que eu
saiba, ele tem só um defeito: ele costuma orar.
- Bem –
disse o comprador, - eu não gosto disso, mas conheço algo que vai curá-lo
rapidamente desse defeito.
Assim, no
dia seguinte o escravo foi surpreendido por seu patrão quando orava com fervor
em meio à plantação, intercedendo por este, a esposa dele e sua família. O
homem ficou parado ouvindo, e não disse nada no momento; mas, na manhã
seguinte, chamou-o e disse:
- Não quero
brigar com você, meu homem, mas não quero que ore na minha propriedade;
portanto, pare com isso.
- Patrão –
respondeu este, - não consigo parar de orar; tenho que orar sempre.
- Vou
ensinar você a orar se continuar com isso!
- Patrão,
tenho de orar.
- Bem, vou
lhe dar vinte e cinco chicotadas por dia até que você pare de orar.
- Patrão,
mesmo que me dê cinquenta, tenho de orar.
- Se é assim
que você é rebelde com seu patrão, vai ter logo o que merece, - O patrão
amarrou-o no pelourinho, deu-lhe Vince e cinco chicotadas e perguntou se iria
orar de novo.
- Sim,
patrão, tenho de orar sempre; não consigo parar. O patrão olhou atônito; não
conseguia compreender como um pobre santo podia continuar orando quando não
parecia lhe fazer nenhum bem, só perseguição. Contou à sua esposa do ocorrido.
Sua esposa lhe disse:
- Por que
você não pode deixar o pobre homem orar? Ele faz bem o seu trabalho; você e eu
não ligamos para a oração, mas não há mal algum em deixá-lo orar, se ele
cumprir com suas tarefas.
- Mas eu não
gosto disso – disso o patrão. – Ele sempre me deixa muito assustado. Você devia
ver como ele olha para mim.
- Ele estava
com raiva?
- Não. Eu não
devia me preocupar com isso, mas depois que tinha o surrado ele olhou para mim
com lágrimas nos olhos, como se tivesse mais pena de mim do que de si mesmo.
Naquela
noite o patrão não conseguiu dormir. Ele rolava na cama de um lado para outro;
seus pecados lhe foram trazidos à memória, e ele se conscientizou de que tinha
perseguido um santo de Deus. Sentando-se na cama, ele disse à sua esposa:
- Mulher,
você poderia orar por mim?
- Eu nunca
orei em toda a minha vida – ela respondeu. – Não sei orar por você.
- Estou
perdido – disse ele, - se alguém não orar por mim; não posso orar por mim
mesmo. – Eu não sei de ninguém aqui na propriedade que saiba orar, a não ser o
Cuffey, o novo escravo – disse sua posa. Fizeram soar a campainha, e Cuffey foi
trazido. Tomando a mão de seu servo negro, o patrão disse:
- Cuffey,
você pode orar por seu patrão?
- Patrão,
estou orando pelo senhor desde que me chicoteou, e pretendo orar sempre pelo
senhor. Cuffey caiu de joelhos e derramou sua alma em lágrimas, e ambos, marido
e esposa, foram convertidos. Aquele homem negro não poderia ter feito isto sem
fé. Sem fé ele teria ido embora na mesma hora, dizendo:
- Patão, vou parar de orar; não quero mais o chicote do homem branco.
- Patão, vou parar de orar; não quero mais o chicote do homem branco.
Mas porque
ele perseverou por sua fé, o Senhor honrou-a e lhe deu a alma do seu patrão por
salário.
(continua)
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