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sábado, 1 de dezembro de 2012

O QUE DEVO LER? UMA PERGUNTA PARA OS NOSSOS TEMPOS




MACKINTOSH 
         Sentimo-nos constrangidos em espírito a chamar muito a atenção do leitor cristão a respeito desta grande questão prática. Consideramo-la como uma das questões mais importantes do nosso tempo. Não podemos duvidar de que o tão profundamente baixo tom espiritual da nossa vida cristã se deve, em muitos casos, à leitura de literatura supérflua e inútil. O efeito moral de tudo isto é muito pernicioso. Como pode uma alma prosperar, como pode haver crescimento na vida divina, quando não há um verdadeiro amor pela Bíblia ou por livros que desenvolvem o seu precioso conteúdo para as nossas almas? É possível que um cristão se encontre numa saudável condição de alma quando na realidade prefere alguma obra trivial em lugar de um livro destinado à verdadeira edificação espiritual? Não o cremos nem o poderíamos crer.
         Estamos persuadidos de que todo o cristão sincero e sério —todo aquele que de coração deseja compenetrar-se nas coisas divinas, que ama realmente a Cristo e que suspira pelo Céu e pelas coisas de cima— se aplicará com diligência à leitura das santas Escrituras e procurará deitar mão de todo o livro bom e proveitoso. Estes cristãos não terão tempo para ler os jornais nem qualquer outro tipo de literatura leviana; nem tão-pouco terão afeição por estas coisas. A eles não se suscita a questão de se está bem ou se está mal este ou aquele tipo de leitura; simplesmente não a desejam nem a desejariam, pois têm algo muitíssimo melhor. Tragaríamos cinzas se tivéssemos para comer saborosíssimos manjares?
         Confiamos em que os nossos leitores nos deverão compreendermos quando escrevemos desta forma tão clara e direta. Sentimo-nos realmente constrangidos a fazê-lo em vista do Tribunal de Cristo. E só podemos dizer que quereríamos poder escrever acerca deste tema tão vigorosamente como o sentimos. Consideramo-lo como um dos temas mais importantes e práticos que possam ocupar a nossa atenção. Instamos os leitores cristãos a evitar e a desaprovar toda a literatura fútil. Quando estivermos para lançar a mão a algum livro ou revista, coloquemo-nos as seguintes perguntas: «Gostaria de que quando o meu Senhor vier, me encontrasse com isto na mão?». «Poderia pegar nisto na presença de Deus e pedir-Lhe que abençoasse a sua leitura?». «Posso ler isto para glória do Nome de Jesus?». Se não podemos contestar afirmativamente a estas perguntas, então, pela graça de Deus, fujamos destes livros e dediquemos os nossos tempos livres à bendita Palavra de Deus ou a alguma obra espiritual que se relacione com ela. Então, as nossas almas se verão nutridas e fortalecidas. Cresceremos na graça, no conhecimento e no amor de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Então, os frutos da justiça abundarão na nossa vida prática, para glória de Deus.
         Pode ser, não obstante, que alguns dos nossos amigos repudiem por completo o hábito de ler escritos humanos. Há quem assuma a postura de não ler nada exceto a Bíblia. Eles dizem-nos que encontram nesse Livro incomparável tudo o que lhes faz falta, e que os escritos humanos são mais um estorvo do que uma ajuda.
         Bem, quanto a isto, cada um deve julgar por si mesmo. Ninguém pode ser uma regra para os outros. No que a nós nos diz respeito, não podemos, na verdade, assumir este elevado terreno. Bendizemos em cada dia o Senhor, mais e mais, por toda a benévola ajuda que nos brinda através dos escritos dos seus amados servos. Consideramo-los como uma preciosíssima corrente de refrigério e bênção espiritual que brota da nossa glorificada Cabeça nos Céus, e pelo qual A poderíamos louvar suficientemente. Ocorrer-nos-ia deixar de ouvir um irmão na Assembleia da mesma forma que nos recusaríamos a ler os seus escritos? Não são estes dois ramos do ministério — o oral e o escrito— um dom de Deus, para o nosso proveito e edificação?
         Sem dúvida, temos de exercitar um zeloso cuidado a fim de não dar uma importância desmedida ao ministério, quer seja oral ou escrito. Mas, o possível abuso de uma coisa não constitui nenhum argumento válido contra o uso da mesma. Há o perigo de ambos os lados; e seguramente é algo muito perigoso desapreciar o ministério. Nenhum de nós é auto-suficiente. O propósito de Deus é que sejamos uma ajuda uns para com os outros. Não podemos prescindir de nenhuma “das juntas, que se ajudam mutuamente ”.
         Quantos terão de louvar a Deus durante a eternidade por causa da bênção que receberam por meio de livros e tratados! Quantos há que jamais obtiveram uma pitada do ministério espiritual, salvo o que o Senhor lhes enviou mediante a palavra impressa! Dir-se-á: «Eles têm a Bíblia». É certo; mas, nem todos têm a mesma capacidade para sondar as viventes profundidades das Escrituras nem de discernir as suas glórias morais. Não há dúvida de que, se não tivéssemos ministério oral nem escrito, o Espírito Santo poderia alimentarmo-nos diretamente com os verdes pastos das santas Escrituras. Mas, quem se atreveria a negar que os escritos dos servos de Deus constituem um meio poderosíssimo nas mãos do Espírito Santo para a edificação do povo do Senhor na sua santíssima fé? É nossa firme convicção que Deus empregou mais este meio durante os últimos quarenta anos que durante toda a História da Igreja.
         E, não devemos louvar a Deus por isso? Por certo que sim. Devemos louvá-Lo com corações transbordantes e ardentes; e deveríamos elevar as nossas orações a Deus com veemência para que conceda ainda mais bênçãos aos escritos de Seus servos; para que aprofunde o seu tom, acrescente o seu poder e amplie o seu âmbito de ação. Os escritos humanos, senão estão revestidos do poder do Espírito Santo, não são más que papel de desperdício. Do mesmo modo, a voz do pregador ou do professor em público, se não for o veículo vivente do Espírito Santo, não será mais que “o metal que soa ou como o sino que tine.     Mas o Espírito Santo serve-se de ambos os meios para a bênção das almas e a difusão da verdade; e consideramos que é um grave erro desestimar um meio que Deus Se tem prazido adotar. De fato, temos de confessar que raramente temos encontrado alguém que recuse a ajuda que nos brindam os escritos humanos e que não evidencie ser excessivamente estreito de vistas, tosco e extremista. Não poderíamos esperar outra coisa, pois o método divino é que sirvamos de ajuda uns aos outros; daí que, se alguém pretende ser independente ou auto-suficiente, deverá, mais cedo ou mais tarde, dar-se conta do seu erro.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O VELHO EVANGELHO Spurgeon




Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28)
         Sem dúvida, vós já escutastes muitos sermões que tiveram como base este versículo. Eu mesmo o utilizei, não sei quantas vezes—não às vezes suficientes, contudo, como queria fazê-lo, se Deus me desse vida! Este versículo é uma daquelas grandes e inesgotáveis fontes de salvação das quais podemos extrair sempre um conteúdo, porquanto jamais a podemos extinguir. Um nosso provérbio diz: “As fontes mais tiradas são as mais doces.” E, quanto mais tiramos dum versículo como este, mais doce e cheio de significado ele se torna para nós.
         Nesta ocasião, vou utilizar este versículo de uma maneira especial, para extrair apenas um único ponto do seu ensino. Poderia falar, se assim o quisesse, do repouso que Jesus Cristo dá ao coração, à mente e à consciência daqueles que acreditam Nele. Este é o repouso, este é o refrigério que encontram aqueles que vêm a Ele, já que podemos ler no versículo: “Eu vos refrescarei” ou “Eu vos aliviarei”. E eu teria um tema muito doce se falasse sobre o maravilhoso alívio, do Divino refrigério, do bendito repouso que vem ao coração quando há fé em Jesus Cristo.
         Que todos vós possais experimentar essa bênção, queridos amigos! Que o vosso repouso e a vossa paz sejam muito profundas! Que não seja um descanso fingido, mas seja um descanso que resista ao exame e à verificação! Que o vosso repouso seja duradouro! Que a vossa paz seja como um rio que nunca deixa de correr! Que a vossa paz seja sempre uma paz segura, não uma paz falsa, cujo fim é a destruição! Mas uma paz verdadeira, sólida, justificável, que resista durante todo o tempo da vossa vida, e, que por fim, se dissipe no repouso de Deus, à Sua mão direita, por toda a eternidade! Bem-aventuradas são as pessoas que assim descansam em Cristo—que possamos nós estar entre esse número—e se assim é conosco, que possamos entrar já, ainda mais profundamente no Seu glorioso descanso.
         Eu também poderia falar queridos Amigos, acerca das diversas maneiras nas quais o Senhor dá descanso aos Crentes. E eu poderia dirigir-me, especialmente, a alguns de vós que são Crentes, mas que não pareceis entrar no descanso como tendes a obrigação moral de o fazer. Há alguns de nós que trabalhamos em excesso com as coisas deste mundo, ou somos atribulados pelos nossos próprios sentimentos. Estamos perplexos e somos sacudidos daqui para acolá por dúvidas e temores. Deveríamos estar descansando, já que “nós que temos crido, entramos no repouso”. O repouso é o nosso dote legal — “Sendo justificados pela fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” Mas, de uma maneira ou de outra, alguns dos que são assim justificados não parecem alcançar esta paz, ou gozar deste repouso como deveriam, e talvez, enquanto eu falo, que eles possam encontrar a razão pela qual não obtêm o repouso e a paz que deveriam ter.
         Certamente, o nosso Senhor Jesus Cristo, quando pronunciou as palavras do nosso versículo, não falou apenas para um grupo em particular. Para todos os que estão cansados e oprimidos — quer sejam Cristãos amadurecidos ou gente não convertida — Ele diz: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei.” Eu certamente me regozijarei se, como resultado do meu sermão, alguns dos que aqui vieram aflitos e queixosos, talvez com um espírito decaído e um coração oprimido, venham novamente a Cristo, aproximando-se dEle uma vez mais, entrando em contacto novamente com Ele, e assim encontrarão descanso para as suas almas. Então, será duplamente doce vir e estar sentado à Mesa da Comunhão, descansando durante todo esse tempo — repousando e festejando — não de pé, com os lombos cingidos e com o bastão na mão, como fizeram aqueles que participaram da Páscoa no Egito — mas repousando, como fizeram aqueles que participaram da Último Ceia, quando o Senhor estava reclinado no meio dos Seus apóstolos. Portanto, que as vossas cabeças repousem espiritualmente sobre o Seu peito e que os vossos corações encontrem refúgio nas Suas feridas, enquanto O ouvis dizer-vos outra vez: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.”
         No entanto, não é a respeito dessa Verdade de Deus em particular sobre a qual vos falarei hoje. Quero tomar somente este pensamento — a Glória de Cristo, de maneira que Ele nos possa dizer algo assim — o esplendor de Cristo, para que seja possível que Ele diga: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Estas palavras, provenientes da boca de qualquer outro ser humano, seriam ridículas e até blasfemas. Pensemos no poeta mais inspirado, no maior filósofo, ou no rei mais poderoso, mas quem, até com a alma muitíssimo maior, se atreveria a dizer a todos os que estão cansados e oprimidos em toda a raça humana: “Vinde a Mim, e Eu vos aliviarei”? Onde há asas tão largas que possam cobrir a cada alma entristecida, exceto as asas de Cristo? Onde há um porto de abrigo com a capacidade suficiente para albergar a todos os navios do mundo, para refugiar a cada navio sacudido pela tempestade que alguma vez tenha sulcado o mar? Onde, a não ser no refúgio da alma de Cristo, em Quem habita toda a plenitude da Deidade! E, portanto, em Quem há espaço e misericórdia suficientes para todos os afligidos filhos dos homens!
         Então, esse será, o sentido da minha mensagem. Que o Espírito de Deus, pela Sua graça me ajude a apresentá-lo!