segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

FÉ (4)




Spurgeon
“Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6)
        2.     A parte seguinte da explanação é: fé é a graça de humilhar-se, e nada é capaz de fazer um homem humilhar-se senão a fé. Ocorre que, se alguém não se humilhar, seu sacrifício não pode ser aceito. Os anjos sabem disso: quando eles louvam a Deus, eles cobrem seus rostos com suas asas. Os salvos sabem disso: quando louvam a Deus, eles lançam suas coroas diante dos pés Dele. Alguém que não tem fé prova que não consegue humilhar-se: ele não tem fé exatamente porque é orgulhoso demais para crer. Ele declara que não vai renunciar ao seu intelecto, que não se tornará como uma criança e crer bonitinho o que Deus manda. Ele é arrogante demais, e não pode entrar no céu porque a porta do céu é tão baixa que ninguém consegue passar por ela a não ser que se curve. Não houve nenhuma pessoa que pode entrar na salvação de cabeça erguida. Temos de ir a Cristo com os joelhos dobrados, pois, apesar de ele ser uma porta grande o suficiente para o maior pecador poder passar, essa porta é tão baixa que as pessoas precisam inclinar o rosto até o chão se quiserem ser salvas. Portanto, é dessa fé que precisamos, porque a falta de fé é evidência clara da ausência de humildade.
        3.     Vejamos outras razões. A fé é necessária à salvação porque a Escritura nos diz que as obras não podem salvar. Contarei uma história bem conhecida, para que nem os mais simples deixem de entender o que quero dizer. Certo dia um pastor estava a caminho do lugar onde ia pregar. Seu caminho levou-o pelo alto de um monte, e abaixo dele via-se as aldeias adormecidas em sua beleza, os campos de trigo imóveis na primeira luz do sol. Ele, porém, não prestou atenção nisso porque viu uma mulher saindo da porta da sua casa que, ao vê-lo, veio em sua direção com a maior ansiedade e disse:
        -       Meus senhor, tem algumas chaves aí? Eu quebrei a chave do meu armário, e preciso tirar algumas coisas.
                Ele respondeu:
        -       Eu não trouxe nenhuma chave. – Ela ficou decepcionada, porque esperava que alguém tivesse alguma chave. Mas ele continuou: - Imaginemos que eu tivesse alguma; é bem possível que ela não encaixasse na fechadura, e a senhora ficaria sem poder tirar as coisas que deseja. Mas não desanime; espere por alguém outro.
        Entretanto, no desejo de aproveitar a situação, ele perguntou:
        -       A senhora já ouviu falar da chave do céu?
        -       Oh, sim – ela disse, - já vivi bastante tempo e fui à igreja o suficiente para saber que, se trabalhamos bastante e conseguimos o pão com o suor do rosto, tratarmos bem nossos próximos e nos comportamos, como diz o Catecismo, de modo humilde e reverente diante de todos os que são melhores do que nós, e se fazemos nossa obrigação na estação da vida em que Deus se agradou de nos colocar, e fazemos nossas orações regularmente, seremos salvos.
        -       Ah – ele retrucou, - minha senhora, essa é uma chave quebrada, porque a senhora quebrou os mandamentos; a senhor não fez todas as suas obrigações. A chave é boa, mas a senhora a quebrou.
        -       Por favor, senhor – disse ela, vendo que ele entendia do assunto e com um olhar assustado, - o que foi que eu esqueci?
        (continua)
       
















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