“Mas se não fizerdes
assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado
vos há de achar” (Número 32:23).
A
vida de Davi
Prezado leitor, na meditação anterior
introduzi o assunto a respeito da vida de um homem tido como “o homem segundo o
coração de Deus”. Pudemos ver que os maiores santos de Deus estão sujeitos à
queda. Notemos que Deus não colocou em sigilo as fraquezas dos Seus santos, de
homens como Abraão, Moisés, Davi e outros. Por quê? Para que o povo de Deus
esteja consciente de que são sustentados neste mundo somente pela graça. Sempre
foi a graça que fortaleceu os crentes, tanto na história do Velho Testamento,
como agora em plena época da graça. Mesmo durante o exercício da lei, os santos
de Deus mostraram que precisavam da misericórdia para que não caíssem na lama.
É impossível ler os Salmos sem que seja notada essa lição de dependência, de
humilhação e de clamor a Deus por causa das investidas do inimigo. É em plena
escuridão da lei que a graça brilha ainda mais intensamente.
O desconhecimento da força sustentadora
da graça pode trazer um espírito de orgulho travestido de espiritualidade
superficial. As atividades religiosas aparecem para encobrir a verdade a
respeito da condição deplorável do coração humana e da maneira como os homens
enganam a si mesmos, especialmente dentro das igrejas. Vemos como isso ocorre
em nossos dias, como não há mais pecadores, ninguém que invoque o Nome do
Senhor; não há mais busca pela justiça de Deus em Cristo, nem há mais qualquer
discernimento entre o que é falso e o que é verdadeiro.
O que ocorreu na vida de Davi? Aquele
homem humilde, cujo reinado foi de justiça e exibição do verdadeiro amor de
Deus constitui um verdadeiro banquete de bênção para aquele que almeja extrair
as maravilhas de Deus. Percebe-se que o reinado de Davi realmente é um precioso
tipo do reinado de Cristo. Porém, aprendamos que todos os atos de justiça,
retidão, misericórdia, juízo e amor por parte desse brilhante rei de Israel
foram obra do Espírito de Deus por meio dele. Eis o que ele mesmo diz: “O
Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua” (2
Samuel 23:2). Deus realiza Sua obra por meio de homens habilitados por Ele e
capacitados pelo Seu Espírito, a fim de beneficiar Seu povo e acima de tudo,
para que Seu Nome seja glorificado. Não há ninguém que possa fazer a obra de
Deus por si mesmo. Fora da graça qualquer obra não passa de ser exercício da
carne, não tem em vista a glória de Deus, por isso será queimada como palha
seca pela visitação de Deus.
Um homem como Davi pode sofrer uma
queda? Claro! Basta o orgulho invadir o coração e passar a conviver com aquilo
que desagrada a Deus. Normalmente cavamos o buraco para nossa queda sem que
percebamos. Um simples desvio da verdade; uma pequenina “mosca” de amor ao
mundo; um pecado não amortecido no íntimo, etc. podem ser a jornada para uma
queda. Obviamente nem todos sofrerão uma queda tão feia como foi o caso de Davi
com a mulher de Urias. Mas queda é queda. Uzias sentiu sua derrota fragorosa
somente quando ficou leproso (2 Crônicas 26). A vida do crente deve ser de
contínua dependência de Deus. Calvino dizia que o viver do crente deve ser de
constante arrependimento.
Mas reitero que se o amor ao pecado no
íntimo for algo normal; que se não há no coração uma disposição de combate
contra o mal, simplesmente tal pessoa não sabe o que significa ser um crente em
Cristo. A Bíblia é bem clara ao dizer que “...todo o que vive na prática do
pecado não o viu nem o conhece” (1João 3:6). O crente não vive assim, mesmo que
sofra uma queda, não o faz deliberadamente; não tenta a Deus com contínuos
pedidos de perdão a fim de renovar o contrato com o mal no dia seguinte. O
genuíno crente sente a dor da sua queda assim que fica sabendo e está disposto
a sofrer as duras conseqüências da sua maldade e insensatez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário