sexta-feira, 29 de março de 2013

Os Mortos Bem-aventurados (6)






Sermão de Jonathan Edwards
“Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2Coríntios 5:8)
2. Os santos no céu participam com Cristo da glória daquele domínio ao qual o Pai o exaltou.
         Os santos, quando ascendem ao céu e são levados a sentarem-se junto com Cristo nas regiões celestiais, são exaltados para reinar com Ele. Por meio Dele são feitos reis e sacerdotes, e reinam com Ele e Nele sobre o mesmo Reino. Como o Pai lhe designou um Reino, assim Ele o designou para eles. O Pai designou o Filho para reinar sobre seu próprio Reino, e o Filho designa os seus santos para reinar no seu. Os santos no céu estão com os anjos, os ministros do Rei, por quem Ele administra os assuntos do Reino e que estão subindo e descendo continuamente do céu à terra e são empregados dia-a-dia como espíritos ministradores a cada membro individual da Igreja; ao lado da ininterrupta subida de almas dos santos que morrem de todas as partes da Igreja militante. Então os santos têm vantagem muito maior de verem o estado do Reino de Cristo e as obras da nova criação, do que tinham quando estavam neste mundo, como alguém que sobe ao topo de uma alta montanha tem maior vantagem de ver a face da terra neste mundo, do que tinha quando estava num vale profundo ou numa floresta espessa, cercado por todos os lados com as coisas que impedem e limitam a visão.
         Outrossim os santos não veem tudo como espectadores indiferentes ou desinteressados mais que o próprio Cristo é um espectador desinteressado. A felicidade dos santos no céu consiste, em grande parte, cm ver a glória de Deus que aparece na obra da Redenção, pois é principalmente por isso que Deus manifesta sua glória, a glória da sua sabedoria, santidade, graça e outras perfeições, aos santos e anjos, conforme é evidente por muitas escrituras. Por conseguinte, não há que duvidar que muito da felicidade deles consiste em ver o progresso desta obra em sua aplicação, sucesso e os passos pelos quais o poder e sabedoria infinitos os levam à sua meta. Eles estão com vantagens indescritivelmente maiores de desfrutarem o progresso desta obra do que nós, visto que eles estão em maiores vantagens de ver e entender os passos maravilhosos que a sabedoria divina dá em tudo o que é feito e o fim glorioso que Ele obtém; bem como a oposição que Satanás faz e como ele é confundido e vencido. Eles veem melhor a conexão de um evento com outro e a ordem de todas as coisas que sucedem na Igreja, em épocas diferentes, que nos parecem confusas. Não apenas vêem estas coisas e regozijam-se nelas como visão gloriosa e bela, mas o fazem como pessoas interessadas, assim como Cristo está interessado, possuindo estas coisas em Cristo e reinando com Ele no seu Reino. O sucesso de Cristo na sua obra de redenção, em trazer as almas para si mesmo, aplicando os benefícios salvadores pelo seu Espírito e o avanço do Reino de graça no mundo, é a recompensa prometida a Ele pelo Pai no concerto de redenção, pelo serviço duro e difícil que Ele executou quando na forma de servo. Mas os santos participarão com Ele da alegria desta recompensa, pois esta obediência, que é recompensada dessa forma, lhes é computada, visto que são seus membros.
         Assim Abraão desfruta estas coisas quando acontecem, as quais lhe foram há muito prometidas, vistas por ele de antemão e nas quais se regozijou. Ele desfrutará o cumprimento da promessa de que todas as famílias da terra serão abençoadas na sua semente, quando esta for completa. Todos os antigos patriarcas que morreram crendo nas promessas das coisas gloriosas a serem cumpridas neste mundo, que não tinham recebido as promessas, mas as vislumbravam, foram persuadidos por elas e as abraçaram, desfrutam-nas de fato quando são cumpridas. Davi contemplou e desfrutou o cumprimento dessa promessa em seu devido tempo, que lhe fora feita muitas centenas de anos antes e era toda a sua salvação e todo o seu desejo. Assim Daniel se levantará em sua sorte no fim dos dias apontados por sua própria profecia. Assim os santos de outrora que morreram na fé, sem terem recebido a promessa, são aperfeiçoados e têm a fé coroada pelas coisas melhores realizadas nestes últimos dias do Evangelho, que eles veem e desfrutam em seus dias.

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