sexta-feira, 5 de novembro de 2021

“A VENENOSA JUSTIÇA PRÓPRIA” (2)


“Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar os justos, e sim pecadores ao arrependimento” MATEUS 9:13

A SUTILEZA DA JUSTIÇA PRÓPRIA: “...porque não vim chamar         justos...”

        Minha introdução não foi longa porque acho que não preciso ser tão exaustivo assim num assunto que aparentemente é conhecido. Mas pretendo nesta página mostrar o que acontece no mundo desde a entrada do pecado. Há um desconhecimento das atividades misericordiosas de Deus. Conforme vemos no texto de Mateus, os judeus vencidos pelo orgulho do pecado achavam viam os homens com profunda atitude de injustiça. Mas é essa a forma que nós olhamos a sociedade, porque não vemos como devemos, vemos com parcialidade, do ponto de vista social e terminamos criando um ambiente de ódio e desprezo pelos homens, como se fôssemos melhores do que os outros. Era o que aqueles religiosos pensavam e falavam abertamente.

        O que o Senhor diz a eles? “Misericórdia quero e não holocaustos”. Essas palavras não precisavam de tradução para o entendimento deles, por duas razões, a primeira é que o Senhor está citando um texto do livro de Oséias e a outra razão é que os judeus sabiam tudo sobre holocaustos. Os judeus sempre foram assim, achando que Deus pedia que eles fizessem sacrifícios, oferecendo animais no altar do templo. Mas foi isso o que o Senhor sempre condenou em todo Velho Testamento e essa verdade aparece no Salmo 50.

        Devemos saber sobre isso, porque nossa tendência é a mesma de ter prazer em oferecer holocaustos e não em misericórdia. Notemos bem o que o Senhor diz: “Misericórdia quero...”. O que Deus está dizendo é que o que mais Ele quer ver da parte dos homens é a petição, rogos, clamor por misericórdia e não por sacrifícios. É fácil oferecer sacrifícios; é fácil querer mostrar que é religioso, bondoso, honesto, justo, que não faz coisas que outros fazem, etc. Nós somos assim. Mas não é isso o que Deus requer. Estava ali o Senhor no meio de homens pecadores, odiados pelos religiosos, mas o que aconteceu é que houve salvação ali e onde há salvação dos perdidos, é porque ali houve manifestação de misericórdia.

        Impressionante como o orgulho do pecado faz com que vemos os seres humanos com profunda atitude de discriminação. A queda foi igual a todos; no tombo da árvores, tudo caiu. Então, como podemos viver nesse espírito de discriminação? Achamos sempre no íntimo que não somos tão pecadores como outros; que não somos espiritualmente tão feios como outros. Mas a raça humana é igual, somos todos igualmente caídos, num mundo onde não há esperança, senão nas doces e benvindas misericórdias de Deus. Se a justiça divina e a paz não se beijassem (linguagem do Salmo) não teríamos nenhum socorro do céu. A verdade é que temos que olhar para raça, devemos saber que fazemos parte dessa raça pecadora, caída, culpada, digna de condenação na Ira vindoura. Nosso Senhor viu ali um grupo de homens endurecidos, perversos, enganados no coração, pensando que eles eram melhores, mas aos olhos de Deus estavam em condições perigosíssimas.

        Olhemos para a raça caída, somos nós melhores? Que razão temos para desprezar os homens, quando estamos juntos no fundo do poço? Isaías quando viu a glória do Senhor naquela visão, ele viu sua própria condição e viu de imediato a situação do seu povo: “Habito no meio de um povo de impuros lábios”. Sendo assim, cuidemos porque a venenosa justiça própria sabe como apunhalar muitos pelas costas. Nunca houve um tempo quando carecemos da misericórdia de Deus como agora.

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