sexta-feira, 24 de maio de 2019

O CLAMOR DOS ELEITOS (2)


         
“Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança. Esperamos pela luz, e eis que há só trevas, esperamos pela claridade, mas andamos na escuridão” (Isaías 59:9-11)
O CLAMOR PELA SUA CONDIÇÃO DE POBREZA ESPIRITUAL: “Pelo que a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança”
        A verdade mais significativa a respeito desse povo eleito é que eles aparecem nas Escrituras, todos juntos, numa linguagem só, mesmo antes da conversão. É o que vemos neste impressionante cap. 59 de Isaías. Deus está mostrando a nós que é impossível haver pecadores arrependidos se não for pela eleição divina. Mas também o texto é de particular elucidação a respeito do que significa o arrependimento genuíno, visto somente em corações tocados pelo Espírito de Deus. Então, é meu serviço ajudar meus leitores no conhecimento dessa verdade. Notemos bem no texto que essa disposição dos eleitos é vista coletivamente. Todos eles confessam a mesma coisa e anelam a mesma salvação, e isso é visto nos pronomes possessivos “nossos” e pessoais “nós”. Notemos que em Isaías 53 os eleitos juntos confessam que a situação deles é a mesma e que a morte de Cristo foi para salvá-los. Sigamos agora os ensinos que aparecem perante nossos olhos nessa maravilhosa passagem.
         A primeira lição nos mostra a triste condição de injustiça interior: “...pela justiça e ela está longe de nós, e a retidão não nos alcança...”. Eis a situação dos perdidos, mostrada por Deus. Os eleitos de Deus, os que ainda não foram chamados pela graça da salvação estão nessa real condição. Cristo veio buscar os perdidos (Lucas 19:10) e Isaías 59 está apresentando esses perdidos. Os perdidos são diferentes ao contemplar a situação deles aqui. Eles veem a condição deles à luz da justiça perfeita de Deus; eles percebem que estão longe da justiça e que a justiça está longe deles. Tal verdade mostra a diferença com os outros, porque os homens erigidos pelo orgulho do pecado sempre estão vendo a eles mesmos carregados de justiça própria; eles sempre estão erigindo um altar religioso, em prol deles mesmos. Mas não é esse o caso dos eleitos de Deus, pois eles olham para si e encaram ao derredor e tudo é visto sem qualquer sinal de perfeita justiça. Por isso que eles são chamados de “perdidos”.
        Ora, o que é o pecado? É injustiça tanto horizontal como vertical. Pecado é não dar a Deus a glória devida somente a Ele e como resultado, não dará aos homens o tratamento conforme a justiça perfeita de Deus exige. O mundo vive de bondade, mas não de justiça, mas fora da justiça perfeita, eis que tudo aqui é manchado do pecado. Os eleitos percebem isso e não se contenta mais com o mundo; vê escuridão ao derredor e busca saída. É claro que essa condição só é vista pelos eleitos quando Deus lhes mostra. O alvo do pecado é manter Deus do lado de fora; o pecado cancela a visão da alma, enche a mente de escuridão e transtorna as emoções. Sem a justiça perfeita de Deus no homem, nada consegue funcionar direito e até mesmo os atos de aparente bondade, humanidade e fraternidade estão sujeitos à ruina, vergonha e decepção.
        O que quero dizer é que se a alma estiver torta, tudo por fora será tortuoso; tudo por fora se torna inconfiável; o mundo será sempre mutável em todos os aspectos, porque é impossível confiar no homem, enquanto ele estiver no pecado. O ambiente que parece realçar felicidade, logo é manchado com vergonha e dor; a felicidade é transformada em tristeza e decepção; a segurança é dissipada, dando lugar ao medo e angústia. Não há como estabelecer a vida onde não existe alicerce firme e seguro da justiça. E quando tudo parece indicar que há vitória no pecado, logo tudo é dissipado pela presença da verdade do evangelho. Tudo para Saulo de Tarso era belo, bonito e certo, mas quando despontou a glória do Cristo ressuscitado, por meio da pregação, eis que tudo foi mudado em ódio e implacável perseguição contra Deus: “E sereis perseguidos por causa da justiça”.

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