segunda-feira, 23 de junho de 2014

COMÉRCIO ESPIRITUAL INSALUBRE (7)




C. H. Spurgeon

II. Agora vou dirigir-me a uma segunda espécie. OS CAMINHOS DO HOMEM ÍMPIO são limpos na sua própria opinião, mas o SENHOR pesa os espíritos.
         O homem ímpio é amiúde extremamente reto e moral no seu comportamento exterior para com os seus semelhantes. Não tem nenhuma religião, mas gloria-se por uma multidão de virtudes de outro tipo. É tristemente certo que há muitos que exibem afabilidade, mas que, sem embargo, são pouco amáveis e injustos com o único Ser que deveria receber o máximo do seu amor, e que deveria ser respeitado por eles nas suas condutas, antes de mais nada.
         Quão frequentemente me tenho encontrado com o homem ímpio que tem dito: “Falas-me para que eu tema a Deus! Eu não O conheço, nem O respeito, porém, eu sou muito melhor que aqueles que o fazem.” Algumas vezes dirá: “Eu considero a tua religião como uma mera farsa; considero que os Cristãos são constituídos por duas espécies: canalhas e néscios. Ou são enganados por outros, ou por outro lado, estão enganando outros por interesses próprios. A tua conversa a respeito de Deus, amigo, é pura conversa insincera; em relação a alguns deles admito que não é precisamente isso, mas nesse caso têm muito escasso cérebro para ser capazes de descobrir que estão enganados. Sem embargo, tomando o assunto como um todo, e isto tudo é um assunto sem sentido, e se as pessoas se comportassem com os seus vizinhos como deveria ser, e cumprissem com o seu dever na esfera da sua vida, isso bastaria.”
         Sim, e há nesta cidade de Londres, milhares e centenas de milhares que pensam que isto é uma boa lógica, e que abrem os seus olhos com assombro se por um só instante supõem que estás contradizendo a sua declaração de que um estilo de vida assim é o melhor e o mais recomendável; e, sem embargo, se pudessem pensar, nada poderia ser mais insalubre do que a sua vida e a sua suposta excelência.
          Aqui temos um homem criado pelo seu Deus, e que é colocado no meio dos seus semelhantes, as criaturas; certamente o primeiro dever que tem é para com o seu Criador. A sua vida depende inteiramente da vontade desse Criador; o seu primeiro dever tem de ser ter respeito Àquele em cujas mãos está o seu fôlego.
         Porém, este homem não apenas recusa ser obediente à lei do seu Criador e a respeitá-Lo nas suas ações diárias, mas acorre para os seus vizinhos, que são simples criaturas como ele mesmo, e diz-lhes: “A vós, vou ter respeito, mas a Deus, não. Vou obedecer a qualquer lei a que me obrigue a minha relação convosco, mas não vou considerar nenhuma lei que contemple a minha relação com Deus, exceto para a ridicularizar e para me escarnecer dela. Serei obediente a tudo, exceto a Deus; farei com qualquer um o que é justo, exceto com o Altíssimo. Tenho um senso do bem e do mal, mas restringirei a sua ação para os meus semelhantes, e esse senso do bem e do mal irei apagá-lo completamente quando se tratar da minha relação com Deus.”

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