terça-feira, 16 de setembro de 2014

ACERCA DO JEJUM (9)



   John Wesley   
Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu , porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:16-18)
         AS OBJEÇÕES: (continuação)
         4.      “Não será mera superstição imaginar que Deus olhe para coisas tão pequeninas como estas?” – tem-se, em quarto lugar, objetado. Se dizeis isto, condenais todas as gerações de filhos de Deus. Quereis dizer que todos esses fieis eram homem fracos, supersticiosos? Teríeis a ousadia de afirmar isto de Moisés e Josué, de Samuel e Davi, de Josafá, Esdras, Neemias e todos os profetas? Mais ainda: do maior do que todos – o próprio Filho de Deus? É certo que, tanto nosso Mestre, como todos aqueles servos seus, não pensaram que o jejum fosse coisa insignificante, tanto que Deus, que mais alto do que as alturas, atenta para ele. Do mesmo parecer, é claro, eram todos os Seus apóstolos, “depois que foram cheios do Espírito Santo e de sabedoria”. Quando eles obtiveram a “unção do Santo, ensinando-lhes todas as coisas”, ainda assim confirmavam seu caráter de ministros de Deus, tanto “por jejuns”, como “pelas armas da justiça, trazidas à mão direita e à esquerda”. Depois “que o noivo lhes foi arrebatado, então jejuaram naqueles dias”. Nem queriam eles empreender qualquer ação, (como vimos acima), em que a glória de Deus estivesse envolvida, como o envio de trabalhadores rumo à seara, sem jejum solene e oração.
         5.      “Se o jejum é, na verdade, de tão grande importância, e encarado como tão grande bênção – dizem alguns, em quinto lugar – não é melhor jejuar sempre? Em lugar de praticá-lo de quando em quando, não será melhor guardar em jejum contínuo; usar de tanta abstinência, em todos os tempos, quanto o tolere o vigor de nosso corpo?” Ninguém se desalente de fazer assim. Por todos os meio usai o alimento escasso e simples; exercitai-vos na renúncia própria, em todos os tempos, na medida em que o suportar vosso vigor corporal. E isto pode conduzir, pela graça de Deus, a vários dos grandes fins mencionados acima. Pode ser um auxílio considerável, não só à castidade, mas à santidade de espírito e ao desapego de vossas afeições às coisas cá de baixo, transferindo-as às coisas lá de cima. Mas isto não jejum bíblico; nunca é chamado por este nome em toda bíblia. Corresponde, em certo sentido, aos fins do jejum; mas este é ainda outra coisa. Praticai-o por todas as formas, mas não a ponto de colocar de lado, por meio dessa prática, um mandamento de Deus, um meio instituído para prevenir seus juízos e obter as bênçãos reservadas a Seus filhos.
         6.      Usai continuamente de tanta abstinência quanto quiserdes, pois que isto não senão a temperança cristã; mas que a temperança não se confunda jamais com a observância dos tempos solenes de jejum e oração. Por exemplo: vossa abstinência ou temperança habitual não vos inibirá de jejuar em secreto, se vos sentirdes subitamente esmagados sob o peso de imensa tristeza e remorso, acompanhados de terror e espanto.
Semelhantemente estado de espírito quase vos forçaria a jejuar; aborreceríeis vosso alimento diário; dificilmente suportaríeis mesmo a ração pequenina, de todo indispensável ao sustento do corpo, até que Deus, “tirando-vos do tenebroso abismo e firmando vossos pés sobre a rocha, aplainasse vossas veredas”. O caso seria o mesmo se estivésseis em agonia de desejo, lutando fervorosamente com Deus para serdes por Ele abençoados. Não teríeis necessidade alguma de que alguém vos ensinasse a não comer pão, até que tivésseis obtido resposta à súplica de vossos lábios.
(continua)


Nenhum comentário: