John Wesley
“Quando jejuardes,
não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com
o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já
receberam a recompensa. Tu , porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o
rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:16-18)
AS OBJEÇÕES: (continuação)
4. “Não será mera superstição imaginar que
Deus olhe para coisas tão pequeninas como estas?” – tem-se, em quarto lugar,
objetado. Se dizeis isto, condenais todas as gerações de filhos de Deus.
Quereis dizer que todos esses fieis eram homem fracos, supersticiosos? Teríeis
a ousadia de afirmar isto de Moisés e Josué, de Samuel e Davi, de Josafá,
Esdras, Neemias e todos os profetas? Mais ainda: do maior do que todos – o próprio
Filho de Deus? É certo que, tanto nosso Mestre, como todos aqueles servos seus,
não pensaram que o jejum fosse coisa insignificante, tanto que Deus, que mais
alto do que as alturas, atenta para ele. Do mesmo parecer, é claro, eram todos
os Seus apóstolos, “depois que foram cheios do Espírito Santo e de sabedoria”.
Quando eles obtiveram a “unção do Santo, ensinando-lhes todas as coisas”, ainda
assim confirmavam seu caráter de ministros de Deus, tanto “por jejuns”, como “pelas
armas da justiça, trazidas à mão direita e à esquerda”. Depois “que o noivo
lhes foi arrebatado, então jejuaram naqueles dias”. Nem queriam eles empreender
qualquer ação, (como vimos acima), em que a glória de Deus estivesse envolvida,
como o envio de trabalhadores rumo à seara, sem jejum solene e oração.
5. “Se o jejum é, na verdade, de tão grande
importância, e encarado como tão grande bênção – dizem alguns, em quinto lugar –
não é melhor jejuar sempre? Em lugar de praticá-lo de quando em quando, não
será melhor guardar em jejum contínuo; usar de tanta abstinência, em todos os
tempos, quanto o tolere o vigor de nosso corpo?” Ninguém se desalente de fazer
assim. Por todos os meio usai o alimento escasso e simples; exercitai-vos na
renúncia própria, em todos os tempos, na medida em que o suportar vosso vigor
corporal. E isto pode conduzir, pela graça de Deus, a vários dos grandes fins
mencionados acima. Pode ser um auxílio considerável, não só à castidade, mas à
santidade de espírito e ao desapego de vossas afeições às coisas cá de baixo,
transferindo-as às coisas lá de cima. Mas isto não jejum bíblico; nunca é
chamado por este nome em toda bíblia. Corresponde, em certo sentido, aos fins
do jejum; mas este é ainda outra coisa. Praticai-o por todas as formas, mas não
a ponto de colocar de lado, por meio dessa prática, um mandamento de Deus, um
meio instituído para prevenir seus juízos e obter as bênçãos reservadas a Seus
filhos.
6. Usai continuamente de tanta abstinência
quanto quiserdes, pois que isto não senão a temperança cristã; mas que a
temperança não se confunda jamais com a observância dos tempos solenes de jejum
e oração. Por exemplo: vossa abstinência ou temperança habitual não vos inibirá
de jejuar em secreto, se vos sentirdes subitamente esmagados sob o peso de
imensa tristeza e remorso, acompanhados de terror e espanto.
Semelhantemente estado de espírito quase vos forçaria a
jejuar; aborreceríeis vosso alimento diário; dificilmente suportaríeis mesmo a
ração pequenina, de todo indispensável ao sustento do corpo, até que Deus, “tirando-vos
do tenebroso abismo e firmando vossos pés sobre a rocha, aplainasse vossas
veredas”. O caso seria o mesmo se estivésseis em agonia de desejo, lutando
fervorosamente com Deus para serdes por Ele abençoados. Não teríeis necessidade
alguma de que alguém vos ensinasse a não comer pão, até que tivésseis obtido
resposta à súplica de vossos lábios.
(continua)
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