John Wesley
“Guardai-vos dos
falsos profetas, que vêm a vós com vestes de ovelhas, mas por dentro são lobos
vorazes” (Mateus 7:15).
II
1. Aparecem eles com sua feição natural? De
modo nenhum. Se assim fosse, nada poderiam destruir. Ficaríeis alarmados e
correríeis para salvar a vida. Assim, eles assumem aparência inteiramente
diversa - e este é o segundo ponto a ser considerado. “Vêm a vós com vestes de ovelhas, mas por
dentro são lobos vorazes”.
2. “Vêm
a vós com vestes de ovelhas”, isto é, com aspecto de inocência. Vêm do
modo mais doce, mais inofensivo, sem qualquer marca ou sinal de inimizade. Quem
pode imaginar que essas criaturas tranquilas causem algum dano a quem quer que
seja? Talvez não se mostrem tão zelosos e ativos no fazer o bem, como fora para
deseja. Não tendes, todavia, razão alguma para suspeitar que desejam cometer
maldade. Isto, porém, não é tudo.
3. Eles vêm, sem segundo lugar, com aparência
de préstimo. Para isso, na verdade, para fazer o bem, são particularmente
chamados. Foram separados justamente para isso. São especialmente encarregados
de velar por vossas almas e de preparar-vos para a vida eterna. Esta é toda sua
ocupação – “ir por toda parte fazendo o
bem e curando a todos que se encontrem oprimidos do diabo”. Desde sempre
vos acostumastes a encará-los por este prisma, como mensageiros de Deus,
enviados para vos trazer bênçãos.
4. Eles vêm, em terceiro lugar, com aparência
de religiosidade. Tudo quanto fazem é por motivo de consciência! Eles vos
asseguram que agem tangidos pelo puro zelo de Deus, quando estão fazendo a Deus
mentiroso. Fazem isso por mero respeito a religião, quando seriam capazes de a
destruir, raiz e ramos. Tudo quanto dizem é somente por amor à verdade e por
medo de que ela possa ser ofendida; e, no que toca à Igreja, pelo desejo de defendê-la
de todos os seus inimigos.
5. Acima de tudo, eles vêm com aparência de
amor. Tomam todo esse trabalho somente para vosso bem. Não se afligiriam por
vossa causa, se não fossem bondosos para convosco. Eles farão extensas
profissões de sua boa vontade, de seu interesse pelo perigo em que estais e seu
profundo desejo de vos preservar do erro, evitando serdes enredados em novas
doutrinas prejudiciais. Mostram-se muito tristes vendo alguém, que pensa tão
bem, levado a qualquer extremo, perplexo com noções estranhas e ininteligíveis,
ou perdido de fanatismo. Assim sendo, eles vos aconselham a tomar um aposição
equidistante, detendo-vos a meio caminho e guardando-vos de ser “justos em
excesso”, com receio de que possais “destruir-vos a vós mesmos”.
III
1. Como podeis saber o que eles realmente
são, não obstante sua aparência sincera? Este é o terceiro ponto que nos
propomos investigar. Nosso bendito Senhor viu que a todos os homens era
necessário conhecer os falsos profetas, mesmo disfarçados. Do mesmo modo ele
viu quão incapazes são os homens, em sua maior parte, de deduzir a verdade que
venha no final de longa série de arrazoados. Por isso deu-nos uma regra clara e
curta, fácil de ser compreendida pelos homens de mediana capacidade e fácil de
ser aplicada em todas as ocasiões: “Pelos
seus frutos os conhecereis”.
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