terça-feira, 23 de setembro de 2014

OS FALSOS PROFETAS (2)




John Wesley
Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com vestes de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes  (Mateus 7:15).
                                                                  I
         1.      Vamos investigar  primeiro, quem são esses falsos profetas – e, é necessário que o façamos com a maior diligência, visto que esses mesmos homens manobram no sentido de “torcer esta Escritura para sua perdição” e para a perdição dos outros. Para obviar toda controvérsia, não levantarei cortina de fumaça (como é costume de alguns), nem usarei de exclamações esvoaçantes e retóricas, para iludir o coração dos simples; quero dizer verdades rudes e nuas, de modo que ninguém possa negar que tenha entendido. Quero dizer verdades que guardem a mais estreita relação com todo o teor do precedente sermão, visto que muitos interpretaram aquelas palavras sem nenhuma atenção ao que vem antes delas, como se não se prendessem, logicamente ao discurso em cujo final aparecem.
         2.      Por profetas (aí e em muitas outras passagens da Escritura, especialmente do Novo Testamento), entende-se, não os que predizem acontecimentos futuros, mas os que falam em nome de Deus; homens que pretendem ser enviados de Deus, para ensinar aos outros o caminho do céu. São falsos os profetas que ensinam um caminho falso para o céu, um caminho que não leve até lá ou os que não ensinam a verdade (o que, afinal, vem a chegar ao mesmo resultado).
         3.      Toda estrada larga é infalivelmente falsa. Logo, clara e certa é a seguinte regra: “Os que ensinam aos homens a estrada larga, uma estrada muito frequentada, são falsos profetas”.
         Mais: O verdadeiro caminho dos céus é estreito. Daí resulta outra regra singela e segura: “Os que não ensinam aos homens o caminho estreito, único, são falsos profetas”.
         4.      Particularmente: o único caminho dos céus é o apontado no sermão precedente. Em consequência, são falsos os profetas os que não ensinam aos homens o modo de andarem por esse caminho.
         Ora, o caminho dos céus, apontado no precedente sermão, é o caminho da pobreza, da compunção, da humildade, dos desejos santos, do amor de Deus e do próximo, levando a fazer o bem e a sofrer o mal pelo nome de Cristo. São, portanto, falsos profetas os que apresentam outra vereda como sendo o caminho dos céus.
         5.      Não importa o nome que apliquem a esse outro caminho. Podem chamá-lo fé; ou boas obras; ou arrependimento, fé e nova obediência. Todas estas palavras são excelentes; mas se, debaixo delas, ou de quaisquer outros vocábulos, eles ensinam aos homens qualquer caminho diferente do que foi proposto, são, indubitavelmente, os que assim ensinam, falso profetas.
         6.      Mais do que esses, caem debaixo da condenação os que falam mal do bom caminho; mas, acima de tudo, os que ensinam justamente o caminho oposto, o caminho do orgulho, da leviandade, da paixão, dos desejos mundanos, do amor ao prazer mais do que a Deus, da crueldade para com o próximo, do desprezo às boas obras e da incapacidade de sofrer qualquer mal ou perseguição por causa da justiça!
(continua)

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