John Wesley
“Guardai-vos dos
falsos profetas, que vêm a vós com vestes de ovelhas, mas por dentro são lobos
vorazes” (Mateus 7:15).
2. Em todas as ocasiões podeis facilmente
aplicar esta regra. Para discernir dentre os que falam em nome de Deus quais
são os falsos ou os verdadeiros profetas, é fácil observar, primeiro – quais os
frutos de sua doutrina que eles próprios mostram? Que efeito suas doutrinas
produziram sobre sua própria vida? São eles santos e indesculpáveis em todas as
coisas? Que efeito têm essas doutrinas sobre seu coração? Transparece do teor
geral de sua conversação, que seu caráter é santo, celestial, divino? Que neles
há a mente que houve também em Cristo Jesus? Que são pacíficos, humildes,
pacientes, amantes de Deus e dos homens e zelosos de boas obras?
3. Podeis facilmente observar, em segundo
lugar, os frutos de sua doutrina sobre os que ouvem - em muitos, pelo menos,
embora não em todos, pois que os próprios apóstolos não converteram a todos que
os ouviram. Têm eles a mente que houve em Cristo? E andam conforme Ele mesmo
andou? Foi por terem dado ouvidos àqueles homens que começaram a proceder
assim? Eram interna e externamente maus até o dia em que os ouviram? Se assim
é, eis uma prova manifesta de que os tais são verdadeiros profetas, mestres
enviados da parte de Deus. Mas, se os fatos não se passarem assim, se eles
efetivamente não ensinam a si mesmos, nem aos outros, a amar e servir a Deus,
aí está uma prova manifesta de que são falsos profetas, e de que Deus não os enviou.
4. Duro discurso, este! Quão poucos podem ouvi-lo!
Jesus o sentiu e, assim, condescendeu em prová-lo mais extensamente, por
argumentos vários e convincentes. “Colhem,
porventura, os homens” – pergunta Ele – “uva dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (verso 16). Esperaríeis
que esses homens ruins produzissem bons frutos? Mais depressa poderíeis esperar
que os espinheiros produzissem uvas ou que figos crescessem dos abrolhos. “Toda árvore boa produz bons frutos; mas a
árvore corrupta produz mau fruto” (verso 17). Todo profeta verdadeiro, todo
ensinador que eu tenha enviado, dará bons frutos de santidade. Mas o falso
profeta, o mestre que Eu não tiver credenciado, somente produzirá pecado e
iniquidade. “A árvore boa não pode
produzir mau fruto, nem pode a árvore corrupta dar bom fruto”.
Um
verdadeiro profeta, um mestre enviado da parte de Deus, não produz bons frutos
somente algumas vezes, mas sempre; não acidentalmente, mas por uma espécie de
necessidade. Da mesma maneira, um falso profeta, o que Deus não enviou, não
produz mau fruto acidentalmente, ou algumas vezes apenas, mas sempre – e necessariamente.
“Toda árvore que não dá bom fruto é
cortada e lançada no fogo” (verso 19). Tal será infalivelmente o destino
daqueles profetas que não mostram bons frutos, que não salvam as almas de seus
pecados, que não levam os pecadores ao arrependimento. Por isso fiquem essas
palavras como regra eterna: “Pelos seus
frutos os conhecereis” (verso 20). Aqueles que de fato levam os orgulhosos,
os apaixonados, os impiedosos, os amigos do mundo, a serem humildes, devotados,
amantes de Deus e dos homens – esses tais são verdadeiros profetas; são
enviados de Deus, que através dos resultados lhes confirma a palavra. Por outro
lado, aqueles cujos ouvintes, se eram injustos, injustos permanecem, ou, pelo
menos, não chegam a possuir justiça que exceda “a justiça dos escribas e fariseus” – são falsos profetas; não são
enviados de Deus; sua palavra cai sobre a terra; e, sem um milagre da graça,
ele e seus ouvintes reunidos se precipitarão no abismo insondável!
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