John Wesley
“Quando jejuardes,
não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com
o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já
receberam a recompensa. Tu , porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o
rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:16-18)
AS OBJEÇÕES: (continuação)
7. Mais: se tivésseis estado em Nínive,
quando se proclamou através da cidade inteira: “Que nenhum homem ou animal, gado ou rebanho, toque qualquer coisa; não
comam nem bebam água, mas com força clamem ao Senhor Deus!” – vosso jejum
contínuo teria sido uma forte razão para que não tomásseis parte na humilhação
geral? Indubitavelmente, não. Estaríeis inteiramente dispostos, como outro
qualquer, a não tomar alimento naquele dia. Jamais a abstinência, ou a
observância do contínuo jejum, escusou a qualquer dos filhos de Israel do dever
de jejuar no décimo mês, a grande festa anual da Expiação. Não havia exclusão
de ninguém naquele decreto solene: “A alma que não se afligir”, que não jejuar “naquele
dia, será exterminada do meio de seu povo”.
Finalmente,
se estivésseis com os irmãos em Antioquia, no tempo em que eles jejuavam e
oravam antes da partida de Barnabé e Saulo, poderíeis imaginar fosse possível
que vossa temperança ou abstinência constituísse razão suficiente para não vos
unirdes a eles? Se o não fizésseis, teríeis sem dúvida alguma sido expulsos do
meio deles, como elementos que trazem confusão à igreja de Deus.
CONCLUSÃO:
1. Mostrarei, por último, de que maneira
devemos jejuar, para que o jejum se torne em serviço aceitável ao Senhor. Em
primeiro lugar, seja ele praticado na presença de Deus, com nossos olhos
simples fixados Nele. Seja nossa intenção, nossa intenção única, glorificar a
nosso Pai que está nos céus; expressar nossa tristeza e vergonha pelas
multiformes transgressões de Sua santa lei; esperar por um aumento de graça
purificadora, erguendo nossas afeições até às coisas do alto; adicionar
seriedade e fervor às nossas orações; abrandar a ira de Deus e obter todas as
grandes e gloriosas promessas que Ele nos fez em Cristo Jesus.
Guardemo-nos
de zombar de Deus, convertendo nosso jejum assim como nossas orações, em
abominação ao Senhor, pela mistura de qualquer pensamento temporal, particularmente
pela ânsia de agradar aos homens. Contra isto nosso bendito Senhor mais
especialmente nos adverte nas palavras do texto: “Quando jejuardes, não sejais como os hipócritas” – tais eram muitos
dentre os que eram chamados povo de Deus – “de ar triste”, rosto áspero, afetadamente sombrio, dardejando
olhares de modo peculiar. “Porque eles
desfiguram o rosto”, não somente por meio de contorções artificiosas, mas
cobrindo-o de pó e cinzas, “para mostrar
aos homens que jejuam”: este é o seu principal, senão mesmo o seu único
desígnio. “Em verdade vos digo que eles
já receberam sua recompensa”, isto é, a admiração e o aplauso dos homens. “Mas tu, quando jejuas, unge tua cabeça e
lava o teu rosto”, fazendo como estás acostumado a fazer em outras
ocasiões, “para não pareceres aos homens que jejuas”, para que isto não seja
parte de tua intenção; se eles o souberem, sem nenhum desejo de tua parte, não
importa; tu não és melhor nem pior; “mas
a teu Pai que está em secreto: e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente”. (continua)
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