“E acrescentou: Senhor, lembra-te
de mim quando vieres no teu reino” (LUCAS 23:42)
UMA
PETIÇÃO DE UMA ALMA HUMILHADA E AQUIETADA
Caro leitor analisemos de perto a
petição daquele moço que foi socorrido pela misericórdia do Senhor ali na cruz,
porque isso que foi registrado por Lucas tem como finalidade nos ensinar o que
realmente significa salvação bíblica. Já vimos que sua petição foi carregada de
temor: “...lembra-te de mim...”. A Bíblia pergunta: “Quem é o homem,
para que dele te lembres?”. Esse evangelho medíocre tão apregoado em nossos
dias tem elevado o ser humano, como se ele fosse de extrema importância e de
grande necessidade para Deus. Mas quando o homem é despertado pela graça tudo
isso é despejado no pó e desaparece, para dar lugar à humildade e prostração
perante a augusta presença do Senhor.
Caro leitor, não há quem possa chegar
perante Cristo, sem ter seu coração carregado de santo temor. Quando o homem é
atraído por Deus e para Deus todo peso da soberba do pecado é tirado; todo
efeito mortífero do pecado na alma é posto fora; toda rebelião do velho homem,
tão astuto, cruel, malicioso e sutil é lançado no abismo. Os olhos que miram o
Salvador revelam santo temor. Foi assim com aquele moço,porque logo percebeu
sua vergonha diante do Justo; percebeu imediatamente que era um culpado perante
a face do inocente.
Mas acima de tudo percebeu o olhar de
perdão, de longanimidade e de graça. Não estava perante um Juiz, mas sim Aquele
que se tornou homem para salvar homens. Então, o temor não o fez fugir no
íntimo; não o fez sentir-se encolhido e reservado, mas o levou a uma imediata
busca, reconhecendo que aquela era a ocasião oportuna, o momento adequado para
escapar de uma vez para sempre da Ira de Deus. Caro leitor, quão raro é achar
um pecador arrependido em nossos dias! As multidões estão acalentadas na carne
pelos ensinos lisonjeadores dos falsos mestres. Achar um pecador hoje é um
acontecimento raro, mas perseveramos em oração pedindo essa visitação de amor e
bondade do Senhor nestes dias tão malignos e difíceis de serem domados.
Prossigo em afirmar no texto, que a
petição daquele moço foi cheia de coragem perante Aquele que ele logo percebeu
ser o Salvador. Ora, a fé não recua, não fica envergonhada e volta para se
esconder no meio dos homens, por receio de Cristo. Quando o Espírito de Deus
opera no peito do homem a doce convicção de pecado e da necessidade de
salvação, eis que Cristo é tudo o que ele realmente necessitava. Aliás, a
presença graciosa do Senhor dá ao pecador incrível liberdade de se expressar
como convém. Não é uma coragem para se exibir, mas para pedir como um mendigo.
Não há qualquer receio de se aproximar desse Salvador, porque Sua face
maravilhosa atrai e jamais expulsa: “...de modo nenhum o lançarei fora”
(João 6:37).
A petição daquele moço mostrou ser
cheia de coragem porque a fé que chega perante o Salvador é fortificada para
pedir o que é certo. Naquele momento foi ajuntada toda força física, mental e
emocional; todo seu ser foi encorajado a fitar o semblante de infinito amor,
para pedir coisas eternas. Aquele moço não se desviou das intenções santas de
sua alma; não tomou um rumo carnal. A coragem da verdadeira fé o encheu de
santo entusiasmo; tudo o que havia buscado no mundo ficou para traz, foi
lançado fora do barco de sua vida. Tudo agora era leve, por isso foi para levar
a petição correta perante a face do Senhor da glória, por isso foi aceito imediatamente.
Homens e mulheres precisam ser
encorajados a correr aos pés do Senhor. Chegue ó amigo, mas aproxime como um
réu culpado, pedindo perdão; como um mendigo espiritual, em busca das riquezas
eternas; como um peregrino em busca de um lar; como um andarilho em busca do
Guia. O que mais poderia apresentar aqui aos meus leitores? Posso afirmar que
Aquele Salvador é o mesmo – invencível – Pode abrir a boca agora e com coragem
pedir o que tanto a alma precisa para ser eternamente salva.
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