"Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:
Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para o levantamento
de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição (também uma espada
traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações". Lucas 2:34,35
Amigo
leitor, na mensagem anterior procurei discorrer a respeito da maneira como o
Senhor Jesus levantou Zaqueu da lama do pecado e fez daquele homem uma nova criatura.
Já no final do ministério terreno do Senhor, quando estava pregado na cruz,
sofrendo as dores cruciantes; quando estava ali cumprindo sua missão de fazer a
vontade do Pai se entregando para ser propiciação a fim de salvar seu povo,
mesmo ali na cruz, abandonado por todos; cercado zombarias, aqueles dois
ladrões que se encontravam, um do seu lado esquerdo, outro do lado direito,
participaram do motejo da multidão; blasfemaram do Senhor; zombaram e
escarneceram.
Momento
cruel que mostrou o estado normal do coração humano, mesmo em face da morte.
Quem eram aqueles dois homens? Homens que passaram suas vidas no pecado e
desgraçando outras vidas com roubos e homicídios. Eles estavam pendurados
sofrendo por merecimento. Os dois eram iguais. Não havia um melhor do que o
outro; não havia um ladrão melhor do que o outro. Nenhum dos dois era digno de
confiança. Os dois estavam sofrendo a punição imposta pelos homens, mas também
iria sofrer a punição eterna imposta pelo Deus Justo, punição eternamente pior.
Nem mesmo a sociedade tão religiosa como era a sociedade Judaica tinha podido
pelo menos remendar aqueles dois homens. Era
o momento para que a Misericórdia divina manifestasse seu Glorioso poder de
salvar; era o momento para que a expectativa do inferno em receber seus
clientes fosse desfeita; naquele momento em que as trevas pareciam triunfar
contra a luz, manifestou o braço Portentoso do Salvador. Será que aquele ladrão
de mudou de opinião assim, porque quis mudar? Será que de repente aquele homem
resolveu assumir a defesa de Cristo? Não! Houve um milagre ali! O poder de Deus
agiu no coração empedernido daquele moço de tal maneira que seus olhos
espirituais foram abertos e ele, de repente pode ver a gravidade de sua
situação espiritual; pode enxergar que não passava de uma alma condenada e que
fatalmente seria atirado à perdição eterna; ele percebeu que já estava à beira
do poço do abismo e que merecidamente seria empurrado para uma eternidade de
terror.
Houve ali o
verdadeiro arrependimento que vem de Deus. Mas, ao mesmo tempo o Espírito Santo
fez com que aquela alma fitasse a Jesus ali na cruz, não como um coitado, nem
como um sofredor que preferiu enfrentar a morte e fugir da situação sofrida
deste mundo. Não! Ele enxergou ali na cruz o próprio Filho do Deus vivo! Ele
enxergou ali na cruz aquele que Deus prometera para trazer redenção eterna aos
pecadores. Ele viu algo que não pode ver anteriormente. Acima de tudo ele viu
naquela sublime pessoa que estava ali ao seu lado sofrendo injustamente alguém
que poderia verdadeiramente lhe salvar. Momentos antes ele estava gozando de
Jesus juntamente com seu colega; ele antes queria que Jesus descesse da cruz e
tirasse ele também dali. Mas agora, aquela alma que estava dormindo no pecado é
despertada para ver a salvação de Deus para ele.
Era um
momento glorioso, decisivo, e aquele homem assume o lado contrário ao que
estava seu colega e o povo embaixo. Ele estava agora como que perplexo ao ver
tanta maldade do seu próprio coração ao agir como havia agido em toda a sua
vida. Mas ali estava o Salvador Bendito, e o que ele deveria fazer? Quem sabe
aquele Senhor teria misericórdia dele! Ele nada merecia da bondade daquele
Salvador, mas a fé fez com que ele olhasse para os olhos de compaixão do
Mestre. Aquele moço não buscou o caminho do remorso como Judas; não ficou com
dó de si mesmo; não! Ali ao lado dele estava o dono do Paraíso onde estavam
homens como Abraão, Isaque, Jacó e outros milhares. Aquele moço queria ir para
lá. Era a ultima chance; era a hora oportuna que não poderia desperdiçá-la.
Seus olhos cheios de coragem e firmeza de decisão encaram aquele olhar cheio de
ternura e graça do Senhor.
Ele abre a
boca para fazer o que somente pecadores caídos no pecado, mas convencidos pelo
Espírito podem fazer. Ele pediu ao Senhor. Foi um pedido, não em tom de
irreverência; não houve um forçar da Vontade daquele que é Soberano, mas sim
foi uma petição de uma alma a mendigar. Mas por detrás daquela petição havia a
plena certeza que estava tocando o coração certo; que estava batendo na porta
que nunca está trancando para o arrependido. O que Ele pediu? Ele não pediu que
o Senhor lhe tirasse da cruz e o devolvesse a sociedade; ele não pediu que o
Senhor lhe tirasse dali e lhe desse uma condição melhor de vida a fim de que Ele
parasse de pecar. Não! Uma alma arrependida não vai atrás dessas coisas.
Aquela alma
havia buscado um paraíso aqui, mas agora tudo isso perdeu o sentido, porque ele
poderia ter algo infinitamente melhor, poderia estar usufruindo do reino de
Deus. Ele pediu aquilo que Cristo veio para dar aos seus eleitos, e ali naquele
momento aquele moço ouviu o que jamais ouvira antes; recebeu o que jamais havia
recebido: Iria para o Paraíso celestial na companhia do próprio Deus. Jesus
disse para ele: Hoje mesmo tu estarás comigo no Paraíso. Que presente glorioso!
O que mais Ele precisava ouvir? Aquele homem foi salvo naquele momento; aquela
alma abatida pelo pecado foi levantada da imunda servidão onde estava para a
posição honrosa de um herdeiro do Reino de Deus juntamente com milhares que lá
estavam. Ele não podia abraçar Seu Salvador naquele momento, mas ali estava
alguém pronto para dizer até para a morte: vem doce morte, pode me levar, pois
quero já estar com meu Senhor. Não quero ficar nem mais um segundo aqui. Meu
amigo, como tu estás neste momento? O
Senhor está pronto para salvar assim como Ele salvou aquele homem ali na cruz.
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