terça-feira, 20 de maio de 2014

A ENFERMIDADE (3)



Um sermão de J. C. Ryle


Agora, como devemos interpretar este grande feito: a preponderância universal da enfermidade? Como podemos explicá-lo? Que explicação podemos dar a esse respeito? Que resposta daremos aos nossos filhos quando nos perguntarem: "Papai, por que se adoece e as pessoas morrem?" Estas perguntas são muito sérias. Algumas palavras acerca delas não vêm a despropósito.
         Podemos supor por um instante que Deus criou a enfermidade e a doença ao princípio? Podemos imaginar que Aquele que formou o nosso Mundo com tão perfeita ordem foi por Sua vez o Formador do sofrimento desnecessário e da dor? Podemos pensar que Quem fez todas as coisas e tudo era "muito bom," fez com que a raça de Adão adoecesse desnecessariamente e morresse? Para mim, a ideia é repugnante. Introduz uma grande imperfeição no meio das obras perfeitas de Deus. Devo encontrar outra solução para poder satisfazer a minha mente.
         A única explicação que me satisfaz é a que a Bíblia proporciona. Algo veio ao Mundo que destronou o homem da sua posição original, e o despojou dos seus privilégios originais. Algo que se colocou, como um punhado de areia introduzido numa maquinaria, danificou a ordem perfeita da criação de Deus. E o que é esse algo?  Respondo, numa palavra, que é o pecado. "O pecado entrou no Mundo por um homem, e pelo pecado a morte." (Romanos 5: 12) O pecado é a causa original de toda a doença e enfermidade, e da dor e do sofrimento que preponderam na Terra. Todos eles são parte da maldição que caiu sobre o Mundo quando Adão e Eva comeram o fruto proibido e caíram. Não teria havido enfermidade, se não tivesse havido queda. Não teria havido enfermidade, se não tivesse havido pecado.
         Faço uma pausa por um instante neste ponto, e sem embargo, ao fazê-la, não me estou apartando do meu tema. Faço a pausa para recordar aos meus leitores que não há um terreno mais insustentável que esse que é ocupado pelo ateu, pelo deísta, ou pelo incrédulo na Bíblia.  aconselho a cada leitor jovem que esteja desconcertado pelos argumentos audazes e enganosos do infiel, que estude bem esse tema tão importante: as dificuldades da infidelidade. Digo sem reparos que ser infiel requer muita mais credulidade, que ser cristão. Digo sem reparos que há grandes fatos patentes e claros na condição da humanidade, que unicamente a Bíblia pode explicar, e que um dos fatos mais surpreendentes é o predomínio universal da dor, da enfermidade, e das doenças. Em resumo, uma das piores dificuldades no caminho dos ateus e dos deístas, é o corpo humano.
         Sem dúvida ouvistes falar dos ateus. Um ateu é alguém que professa crer que não há Deus, que não há Criador, que não há Primeira Causa, e que todas as coisas apareceram neste Mundo por pura casualidade. Pois bem, vamos dar atenção a uma doutrina como esta? Ide, e levai um ateu a alguma das excelentes escolas de cirurgia do nosso país, e pedi-lhe que estude a estrutura maravilhosa do corpo humano. Mostrai-lhe a habilidade sem par com que foi formada cada articulação, e cada veia, e cada válvula, e cada músculo e tendão e nervo, e cada osso e cada membro. Fazei-o ver a perfeita adaptação de cada parte do corpo humano para o propósito para o qual foi feito. Mostrai-lhe os milhares de delicados mecanismos que servem para suportar o uso e o desgaste e para suprir a diária debilitação do vigor. E logo, perguntai a este homem que nega a existência de um Deus e de uma grandiosa Primeira Causa, se todo este maravilhoso mecanismo foi o resultado da casualidade. Perguntai-lhe se tudo isto apareceu inicialmente por puro acaso e acidente. Perguntai-lhe se pensa o mesmo em relação ao relógio que está olhando, ao pão que come, ou ao casaco que usa. Oh, não! O plano é uma dificuldade insuperável no caminho do ateu. Há um Deus.

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