segunda-feira, 19 de maio de 2014

A ENFERMIDADE (2)



 Um sermão de J. C. Ryle

I. A PREPONDERÂNCIA UNIVERSAL DA ENFERMIDADE

Não preciso deter-me muito neste ponto. Elaborar a prova disto equivaleria unicamente a redundar num fato que salta à vista. A enfermidade está em todas as partes. Na Europa, na Ásia, na África, na América; nos países quentes e nos países frios, nas nações civilizadas e nas tribos selvagens; homens, mulheres e meninos adoecem e morrem.
A enfermidade está em todas as classes. A graça não coloca o crente fora do seu alcance. As riquezas não podem comprar a isenção da enfermidade. A posição social não pode acautelar os seus assaltos. Os reis e os seus súbditos, os senhores e seus servos, os ricos e os pobres, os cultos e os incultos, os professores e os estudiosos, os médicos e os pacientes, os ministros e quem os escuta, todos por igual se inclinam ante este grande inimigo. A casa de habitação de um inglês é chamada «o seu castelo» ; mas não tem, nem portas nem barras, que possam protegê-lo da enfermidade e da morte.
A enfermidade pode ser de qualquer tipo e descrição. Do cocuruto até a planta do pé estamos expostos à enfermidade. A nossa capacidade de sofrimento é algo espantoso de ser contemplado. Quem pode contar as doenças que assaltarão a nossa estrutura corporal? Não é surpreendente, parece-me, que os homens morram tão depressa, mas antes, é surpreendente que vivam tanto tempo.
         A enfermidade é frequentemente uma das provas mais humilhantes e penosas que podem vir a um homem. Pode tornar o mais forte num menino pequeno, e fazê-lo sentir que "o gafanhoto será um peso." (Eclesiastes 12: 5) Pode acovardar o mais valente, e fazê-lo tremer com a queda de um alfinete. A conexão entre corpo e mente é curiosamente próxima. A influência que algumas enfermidades podem exercer sobre o caráter e o ânimo, é imensamente grande. Há doenças do cérebro, e do fígado, e dos nervos, que podem reduzir alguém, com uma mente como a de Salomão, a um estado apenas melhor do que o de um bebê. Quem quer saber a que profundidades de humilhação pode cair um pobre homem, só tem de estar presente durante um curto período de tempo junto ao leito de um doente.
         A enfermidade não pode prevenir-se mediante algo que o homem possa fazer. A duração média de vida pode, sem dúvida, alargar-se um pouco. A habilidade dos médicos pode descobrir continuamente novos remédios, e obter curas surpreendentes. A aplicação de sábias regulações sanitárias pode reduzir grandemente a taxa de mortalidade numa comunidade. Mas, depois de tudo, quer seja em comunidades saudáveis ou em lugares insalubres, quer seja em climas quentes ou frios, ou seja com tratamentos homeopáticos ou alopáticos, os homens adoecem e morrem. “A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos.”(Salmo 90:10) Esse testemunho é certamente verdadeiro. Era-o quando foi escrito há 3 300 anos, e ainda o é no dia de hoje.







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