“Ali haverá choro e ranger de dentes quando
virdes no reino de Deus Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós
lançados fora” (verso 28)
Prezado leitor estamos chegando ao fim
das meditações acerca da “porta estreita”. Mas tem muitas
lições preciosas para nossas vidas que precisam ser faladas. Eu quero convidar
o amigo para voltar seus olhos para esse texto, especialmente o verso 28. Na
mensagem anterior procurei tratar da primeira parte do verso: “Choro e
ranger de dentes”. Mas vamos, em continuação ao texto ver o que vai
causar de perplexidade e de terror às milhares de almas quando elas puderem
presenciar o que estará ocorrendo no outro lado, quando estarão sabendo que não
poderão entrar na cidade de Deus a Nova Jerusalém. Que coisa espantosa
especialmente para aquele povo tão religioso, que usava a religião como se
fosse colchão para dormir, sentiam certa paz na religião, e criam que já eram
salvos, que a salvação estava garantida, simplesmente porque achavam que
possuíam uma justiça aos olhos de Deus por serem descendentes de Abraão. E
porque eram filhos de Abraão fisicamente, no sangue, automaticamente eram
filhos de Deus, já eram garantidos no céu.
Qual era o ideal daquele povo judeu?
Aquele povo queria estar na companhia dos grandes patriarcas Abraão, Isaque,
Jacó. Eles anelavam isso, sabiam que iriam morrer, acreditavam na ressurreição,
a maior parte participava da seita dos fariseus que cria firmemente na
ressurreição, levava a sério os mínimos detalhes da lei, detalhes sem qualquer
importância que nada tinha de valor para a vida interior. Aquele povo era
assim, queria participar das bênçãos eternais do reino de Deus, queriam estar
com todos os profetas. Eles possuíam as Escrituras do Velho Testamento
completo. Mas aquele povo tinha uma perspectiva errada; tinha uma confiança,
uma fé sem base, sem alicerce, sem convicção. Não era aquela fé que vem de Deus
e que foi entregue aos santos. eles precisavam ouvir que estavam caminhando em
direção errada.
Aquele povo estava indo numa direção
contrária e achando que estava indo na direção certa. Aquele povo precisava
saber que a direção deles era tão perigosa quanto a direção tomada por qualquer
outro pagão existente no mundo, porque todos pecaram e estão indo juntos no
caminho largo em direção ao inferno. Então, Cristo confrontou não somente o
homem que fizera a pergunta do verso 22, mas também confrontou todos que
estavam ali ao seu derredor; Jesus mexeu com todo aquele povo; mexeu com seus
corações orgulhosos; procurou destruir toda aquela falsidade, toda aquela
doutrina da justiça humana, foi jogada fora.
Sem dúvida alguma aquilo que Cristo
apresentou para eles foi algo que chocou suas almas, chocou seus corações; foi
um duro discurso que eles não queriam ouvir. Queriam ouvir da parte do Senhor
outras coisas, outras palavras, mas Jesus lhes mostrou que eles estavam
aguardando vergonha, dor, tristeza, ódio e amargura para sempre, por quê? Eles
veriam seus heróis do Velho Testamento, Abraão, Isaque, Jacó e os profetas em
pleno gozo eterno, enquanto eles estariam do outro lado tendo um abismo como
separação. Eles não poderiam, mesmo com gritos, com clamor, mesmo com ódio e
fúria jamais poderiam chegar para perto deles no reino de Deus, não poderiam
chegar para o outro lado onde tanto gostariam de estar. Isso, sem dúvida, seria
a razão do imenso sofrimento num amontoado de vergonha, dor, desespero, inveja,
ira e clamor. É por isso que o Senhor fala sobre o ranger de dentes, pois
mostra o ódio que muitos vão ter lá, porquanto Deus não os deixará entrar ali.
O amigo deve conhecer a história do
Rico e Lázaro contada por Cristo em Lucas 16. Muitos pensam que ali era uma
parábola, mas Jesus ali não está contando uma parábola, mas uma história.
Observa que numa parábola nunca é citado nome de qualquer pessoa, mas naquela
parábola temos os nomes de Lázaro e de Abraão. Era uma história contada pelo
Senhor, e Cristo sendo Deus podia ser testemunha ocular de algo ocorrido no
outro lado. Além do mais, quando o Senhor conta uma parábola o próprio texto
fala que é uma parábola. Por exemplo, podemos observar sempre no início de uma
parábola a expressão: “E propôs uma parábola”. Parábola é apenas Cristo usando
uma ilustração. Naquela história houve um homem rico que morreu. Como todo
judeu aquele homem vivia numa falsa esperança que ao morrer, por ser ele
descendente de Abraão automaticamente iria encontrar com o pai Abraão no
paraíso. E o texto de Lucas 16 narra bem o espanto, o horror daquele homem que
se viu no inferno, no desespero eterno podendo enxergar de longe o pai Abraão,
ele que esperava estar com Abraão, ei-lo no inferno enquanto Abraão estava no
paraíso e ele mesmo impossibilitado de chegar lá.
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