Spurgeon
“Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma
pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; e todo aquele que crer nela não
será confundido.” (Rm 9:33)
O
nosso Apóstolo foi inspirado por Deus, e, não obstante, ele foi levado a citar
passagens tomadas do Antigo Testamento. O Espírito de Deus teria podido
ditar-lhe novas palavras; teria podido mostrar-lhe como confirmar a verdade
mediante outros argumentos, mas a Ele não Lhe agrada fazer isso. Guia o Seu
servo a estabelecer a Verdade presente por meio de verdades reveladas anteriormente,
e assim dá-nos o exemplo de como esquadrinhar as Escrituras e de valorizar os
antigos oráculos de Deus. A passagem sob a nossa consideração parece estar
composta por duas Escrituras entrelaçadas até serem convertidas numa, um método
que era utilizado com frequência pelos apóstolos. Uma parte do texto que
estamos considerando encontra-se em Isaías 28: 16.
O Apóstolo não faz uma citação literal,
porém dá-nos o sentido em lugar das palavras: “Eis que Eu assentei em Sião uma
pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e
fundada: aquele que crer não se apresse.” (Is 28:16). Mas, o Apóstolo Paulo
insere essa palavra de profecia na outra, citando desta vez de Isaías 8: 14:
“Então Ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de
escândalo, às duas casas de Israel.” Não posso evitar fazer uma ou duas
observações sobre estas passagens antes de abordar o texto que vamos
considerar.
Em Isaías 8:14, percebe-se uma
surpreendente prova da divindade de Cristo. Vede o décimo terceiro versículo:
“Ao SENHOR dos Exércitos, a Ele santificai; e seja Ele o vosso temor e seja Ele
o vosso assombro. Então Ele”, isto é, o SENHOR dos Exércitos “será por
santuário” para os crentes; “mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de
escândalo, às duas casas de Israel.” Isaías expressa uma profecia do SENHOR dos
Exércitos, e Paulo cita-a em referência ao Senhor Jesus Cristo, com o propósito
claro de que concluamos que o Senhor Jesus Cristo não é outro que o próprio SENHOR,
Ele mesmo.
Aprendemos da segunda passagem outra
Verdade de Deus que serve para ilustrar mais de perto o nosso texto. Em Isaías
28:16, lemos, “Eis que Eu assentei em Sião uma pedra.” O apóstolo omitiu as
palavras “por fundamento” e inseriu as palavras da outra passagem, “mas servirá
de pedra de tropeço, e rocha de escândalo.” Mas a profecia original de Isaías
serve para nos mostrar que o propósito real de Deus ao pôr Cristo em Sião não
era para que os homens tropeçassem Nele, mas sim, para que Ele fosse o alicerce
para as suas esperanças. O propósito real de Deus era que Cristo fosse a pedra
angular para a confiança humana.
Mas o resultado foi que para um
conjunto de homens renovados pela Graça Toda poderosa, Cristo veio a ser um
santuário de refúgio e uma pedra de dependência. E para outros, deixados na sua
própria depravação, Ele tornou-Se numa pedra de tropeço e rocha de escândalo — estes
são alguns comentários sobre as primitivas Escrituras que Paulo cita. Vamos,
agora, ao próprio versículo. O nosso texto informa-nos que muitos tropeçam em
Cristo. E, logo, em segundo lugar, assegura-nos que quem recebe a Cristo e crê
nEle, não terá motivo para estar envergonhado.
(extraído de NO CAMINHO DE JESUS)
tradução de Antônio Carlos
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