quarta-feira, 10 de outubro de 2012

CARACTERISTICAS DO NÃO CONVERTIDO



 Alleine
(1). Ignorância crassa e voluntária (Oseias 4:6). Oh, quantas almas infelizes estão sendo mortas por este pecado, embora pensem sinceramente que têm bons corações e que estão preparadas para o Céu. Este pecado é o assassino que executa milhares silenciosamente, sem que nada suspeitem e sem que vejam a mão do que os destrói. Não importa quais sejam as desculpas que apresentem para a ignorância, eles descobrirão que ela é um pecado que destrói a alma (Isaías 27:11; II Tessalonicenses 1:8; II Coríntios 4:3). Ah, como teria afligido os nossos corações se tivéssemos visto aquele horrível espetáculo em que os pobres protestantes eram lançados num celeiro e vinha um açougueiro, com as suas mãos manchadas com sangue humano, e os conduzia um por um de olhos vendados para um cepo onde os matava um após outro em grande número, a sangue frio. Mas os vossos corações devem sofrer muito mais ao pensar nas centenas que a ignorância destrói em segredo e conduz de olhos vendados para o cepo. Tomai cuidado para que este não seja o vosso caso. Não justifiqueis a ignorância; se poupardes esse pecado, saibais que ele não vos poupará; e será que alguém abrigaria um assassino no seu seio?
         (2). Reservas secretas quanto à entrega a Cristo. Renunciar a tudo por Cristo, odiar pai e mãe, sim, renunciar à própria vida por Ele, "duro é este discurso". (Lucas 14:26). Alguns farão muitas coisas, mas não querem a religião que os salvará. Jamais chegam a ser totalmente devotados a Cristo nem completamente submissos a Ele. Precisam de ter o doce pecado; não querem prejudicar-se a si mesmos; têm exceções secretas para a vida, para a liberdade ou para a posição social. Muitos aceitam a Cristo dessa maneira e jamais levam em conta os Seus termos de auto negação, nem avaliam o custo; e este erro fundamental estraga tudo e os arruína para sempre (Lucas 14:28-33).
         (3). Formalidade na religião. Muitos descansam no lado externo da religião e no cumprimento exterior dos seus deveres sagrados. E muitas vezes isto engana efetivamente os homens e certamente os invalida mais do que a impiedade, à semelhança do que aconteceu com o fariseu. Ouvem, jejuam, oram, dão esmolas, e portanto não admitirão que não estão em ótimas condições espirituais. Entretanto, descansando na obra feita e falhando no trabalho do coração, no poder interior e na vitalidade da religião, acabam caindo no fogo por causa da sua esperança ilusória e da persuasão confiante de que estão bem preparados e a caminho do Céu. Oh, que situação terrível quando a religião de um homem só serve para endurecer o seu coração e efetivamente iludir e enganar a sua própria alma!
         (4). O predomínio de motivos errados nos deveres santos. Esta era a ruína dos fariseus. Oh, quantas almas infelizes são destruídas por causa disso e caem no Inferno antes que descubram o seu erro! Fazem as suas "boas obras" e pensam que tudo está bem, mas não percebem que estão sendo impulsionadas continuamente apenas por motivos carnais. É verdade que até mesmo no caso dos verdadeiramente santificados, às vezes objetivos carnais parecem renascer; mas são sempre matéria do seu ódio e humilhação, e jamais chegam a dominá-los, nem a subjugá-los de novo. No entanto, quando a mola mestra que comumente leva o homem aos deveres religiosos é um objetivo carnal, tal como a satisfação da consciência, a obtenção da reputação de que é religioso, ser notado pelos homens, mostrar os seus próprios dons e talentos, evitar a censura de que é uma pessoa profana e não religiosa, ou coisa semelhante, isso revela um coração não regenerado. Ó cristãos, se quiserdes evitar o auto engano então deem atenção não apenas às vossas ações, mas também aos vossos motivos.
         (5). Confiança na sua justiça própria. Isso é um mal que destrói a alma. Quando os homens confiam na sua justiça própria, certamente rejeitam a de Cristo. Amados, vocês precisam ser vigilantes em tudo, pois não apenas os vossos pecados podem arruiná-los mas também os vossos deveres. Talvez vocês jamais tenham considerado isso, mas é assim mesmo; sem dúvida alguma, um homem tanto pode perecer por causa da sua justiça aparente e das suas supostas virtudes, como por causa dos pecados crassos, ou seja, quando ele confia em coisas como a sua justiça própria e as apresenta diante de Deus para satisfazer a Sua justiça, apaziguar a Sua ira, buscar o Seu favor e obter o Seu perdão.

Isso significa demitir Cristo do Seu ofício e produzir um salvador a partir de nossas obras e virtudes. Acautelem-se disso, cristãos professos; vocês são muito atuantes, mas isso pode estragar tudo. Quando tiverem feito o máximo e o melhor, fujam de vós mesmos para Cristo; reconheçam que as vossas justiças próprias são como trapos imundos (Filipenses 3:9; Isaías 64:6).
         6). Uma secreta inimizade contra o rigor da religião. Muitas pessoas moralmente corretas, cumpridoras dos seus deveres religiosos, têm uma amarga inimizade contra o rigor e o zelo religiosos, e odeiam a vida e o poder da religião. Não apreciam esta solicitude nem gostam que os homens sejam tão zelosos. Condenam os rigores da religião como se fossem singularidade, indiscrição, zelo exagerado, e consideram o pregador zeloso e o crente fervoroso nada mais do que extremistas. Tais homens não amam a santidade como santidade (porque então amariam a perfeição da santidade) e portanto são corruptos em seus corações, seja qual for o bom conceito que tenham sobre si mesmos.  (continua)

Nenhum comentário: